As enchentes já estavam no radar dos eleitores

Elis Radmann, cientista social e socióloga.

As pesquisas de opinião realizadas pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) ao longo do primeiro trimestre de 2024 já sinalizavam que o tema dos alagamentos e enchentes estaria na pauta eleitoral. Seria uma exigência dos eleitores e obrigaria os candidatos a olharem com atenção para o tema e inclui-lo no plano de governo. Tratei deste tema tanto em artigos como em entrevistas e palestras.

O que ninguém imaginava é que sofreríamos a pior enchente de todos os tempos, com chuvas intensas atingindo de forma avassaladora várias centenas de cidades, destruindo a história de muitas famílias e levando muitas vidas.

Este “novo normal” do clima mais severo, segundo os cientistas, é resultado de uma combinação de fatores climáticos, agravada pelas mudanças do clima, alertando inclusive para a influência do aqueci­mento global (com o aumento da temperatura dos oceanos e da Terra).

Antes desta tragédia, os entrevistados de diversos municípios do RS, inclusive de cidades que foram duramente atingidas, demons­travam falta de paciência, dizendo que “não queriam mais ouvir que os alagamentos são normais ou que sempre foi assim” e apontavam pontos de atenção:

1) Falta de uma política de prevenção, com investimentos na requa­lificação de sistemas de contenção a enchentes, alteamento de pontes (relatavam que não fazia sentido construir uma nova ponte com a altura da anterior), mostravam o diâmetro dos canos e indicavam que deveria haver a ampliação das tubulações, a ser calculada em relação à atual vazão da água dos centros urbanos;

2) Implementação da inovação nos sistemas de drenagem, utilizando novas tecnologias para escoamento, bombeamento e estrutura para equipes de apoio;

3) Ações de retiradas de moradores de áreas de risco, criando novos espaços urbanos para essas famílias, com política pública de habitação;

4) A necessidade que as prefeituras e o governo do Estado tratem do tema da gestão de alagamentos (de forma cotidiana) e de enchentes (resultantes de mudanças climáticas abruptas) como uma prioridade, com subsecretarias ou equipes qualificadas atuando com exclusividade no tema, em conexão com a Defesa Civil.

Com total certeza, os alagamentos farão parte das eleições de 2024 e 2026, inclusive muitos deputados terão que explicar o porquê não trouxeram emendas parlamentares para atender a esta demanda, buscando minimizar os impactos das chuvas e proteger a população.

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