Aposentados, mas não mortos

Na semana em que, enfim, o Congresso Nacional parece encaminhar a reforma da Previdência Social, este é o tema que precisa ser discutido tanto por aqueles que já se aposentaram quanto, especialmente, aqueles que ainda pretendem se aposentar. Infelizmente, muitos, gradativamente, estão perdendo a esperança de que, um dia, consigam o que é um direito e não o que alguns chamam de “benefício”.

Aposentado e atento às artimanhas dos políticos, tenho uma sugestão simples: não mexa em nada do que já é direito ou ainda vai ser para aqueles que se enquadram em vencimentos até o teto da previdência. A partir dali, sejam eliminados todos os benefícios – e eu disse todos – até que qualquer cidadão tenha direito pela previdência a valores similares e, se desejar algo a mais, procure a previdência privada.

Está comprovado: o problema não está nos salários de quem se aposentou pela iniciativa privada, mas pelo setor público onde, em todos os poderes, foram adquiridos benefícios (privilégios) que desfiguram o sentido de uma previdência igualitária. Castas do Executivo, Legislativo e Judiciário o fizeram ao longo dos anos com a legalização de absurdos que podem estar na lei, mas são injustos e imorais.

É certo que a população está vivendo mais e, portanto, precisa ser discutido o tempo de serviço e a idade para aposentadoria. Mas é preciso levar em conta as categorias mais sofridas, especialmente do homem do campo, da educação e da segurança… sem dar privilégios, mas condições adequadas para que, cumprida a missão, vejam sentido em viver – sem sustos e percalços – o tempo que ainda lhes resta.

É preciso estar atento para este afunilamento que faz com que se chegue a uma etapa tão sensível da vida sem a certeza, por exemplo, se vai se conseguir acesso à saúde, locomoção, serviços básicos… e quem tem plano de saúde – que em muitos casos é apenas um SUS melhorado – vive na agonia de reajustes feitos por empresas ou associações que exorbitam e inviabilizam a sua continuidade.

Fui olhar em meus arquivos e encontrei uma série de textos intitulados de “Aposentados, mas não mortos” sempre que os governos quiseram entregar para os trabalhadores e aposentados a conta da sua incompetência administrativa. Repito: mais do que nunca é um tempo em que o aposentado pode ser bem informado e mobilizado fazendo por si e por aqueles que vivem a desesperança com o seu futuro.

Homens e mulheres nos quais votamos – e irão voltar a pedir seu voto – decidem os destinos da Previdência. É possível até que, algum dia, precisemos cortar na carne. Não é agora. Mas, quem sabe, comecemos cortando as gorduras que tornarão mais saudáveis os políticos e servidores públicos que, em alguns casos, “engordaram” de tal forma que estão precisando de uma lipoaspiração moral, administrativa e física…

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