Antes da instalação da rede de distribuição de água em Pelotas, existiam várias cacimbas públicas que forneciam água à população. Por exemplo, na zona do Porto havia a Cacimba da Mata, perto do antigo Moinhos Rio-grandense. Na medida em que a rede foi sendo implantada, as cacimbas foram desaparecendo.
A Cacimba da Nação foi a única que permaneceu, graças à reação popular contra a demolição. Ela foi construída no tempo da implantação das primeiras charqueadas, provavelmente no início do século XIX, no largo de encontro da avenida Domingos José de Almeida com a avenida Barão de Corrientes e rua Capitão Nelson Pereira, na área mais antiga do bairro Areal. No antigo largo, a Cacimba dominava o logradouro, pois era o ponto de abastecimento essencial para a vida do povo da localidade. Era apenas um descampado, em chão batido, que facilitava o acesso de pipas roladas ou montadas em carros de tração animal.
A Cacimba é uma das poucas obras públicas remanescentes construídas pela mão de obra escrava. O nome deve ter origem na referência à nação africana de seus obreiros. Tratava-se de um poço revestido com tijolos, medindo aproximadamente 4,5 metros de profundidade e 1,75 metros de diâmetro interno, encimado com uma mureta de alvenaria rebocada com 35 centímetros, mais ou menos, de altura e 2,30 metros de diâmetro externo, era fechada por um tampo de madeira provido de uma janela de visita (mais tarde foi instalada uma bomba manual de aspiração).
Na memorável seca de 1943, o Arroio Pelotas salgou e as cacimbas particulares secaram também em todo areal; a Cacimba da Nação foi a única fonte de água potável que resistiu a estiagem. Provavelmente foi este o episódio que motivou o apreço da população mais antiga do areal dedicado à Cacimba, sentimento que foi transmitido pela tradição oral aos seus descendentes.
Após a instalação da rede de distribuição, o uso da Cacimba entrou em declínio, quando o administrador do bairro Areal, na época subdistrito de Dunas, demoliu a mureta de proteção e aterrou a Cacimba.
Este fato gerou uma onda de protestos populares na localidade, que obrigou a autoridade a reconstruir o muro. Na reconstrução, a mureta ganhou mais altura, ficando uns 70 centímetros do chão, porém a Cacimba permaneceu aterrada e transformada em floreira. Ao seu lado foi instalada uma bica ligada na rede. Mas a Cacimba da Nação continua lá no seu lugar imponente para mostrar a sua importância e a sua história.
Gostaram? Então é só dar uma chegada lá e tirar foto na Cacimba da Nação.