Avó das crianças torturadas pela babá em Pinheiro Machado relata drama vivido pelos netos

Menino, de 8 anos, que teve a perna fraturada pela babá foi operado e está em recuperação (Foto: Nael Rosa/JTR)

Na segunda-feira (27), reportagem entrevistou a avó das quatro crianças que até o dia 18 de julho estavam sob a responsabilidade de uma babá, em Pinheiro Machado, e que foi presa após os funcionários do Pronto Atendimento do hospital acionarem a Brigada Militar devido a um ferimento grave apresentado por um garoto, de 8 anos.

A avó, que reside no bairro Princesa Isabel, em Piratini, recebeu o direito de guarda autorizado pela Justiça dos quatro menores.

Sua filha, de 35 anos, relatou à Polícia Civil pagar R$ 800 para que a acusada cuidasse também dos demais filhos: uma menina de 10 anos e outros dois meninos, de 12 e 14 anos, ficando até um mês sem visitar as crianças. Ela será indiciada pela polícia.

Perplexa com o corrido, a avó conta que tinha conhecimento de que os netos eram cuidados pela babá, pois falava com frequência com eles pelo celular, mas que em nenhum momento relataram o que ocorria na casa.

“Acredito que eles eram ameaçados por ela para não falar das surras, da fome e da sede que passavam. Eles me contaram que ficavam até seis dias sem comer ou beber água”, disse, afirmando que todos estão traumatizados após os abusos cometidos pela mulher, como sexual e violência física. “Mas, agora, estão bem cuidados por mim e não pretendo entregá-los”, assegura.

A avó também diz que irá recorrer à população para aumentar a pequena casa, com objetivo de ofertar mais conforto aos netos. A ajuda já iniciou após a repercussão do caso em todo o estado.

“Recebemos muita ajuda. Temos quase tudo, coisas que foram doadas por pessoas de Pinheiro Machado, Candiota e também de Piratini – roupas, calçados e alimentos. Agora resta organizar uma campanha para que consigamos oferecer mais conforto para eles”, disse a mulher, que acrescentou querer justiça para quem praticou os maus tratos e para a filha, a quem também responsabiliza pelos fatos.

Ao final a avó explica que não poderá contar com a ajuda do pai das crianças, pois ele saiu da prisão em julho deste ano, após cumprir pena por furto praticado em Piratini no ano de 2019. “Ele não vai ajudar em nada, porque devido ao crime que cometeu, não conseguirá trabalho aqui. Assim, retornou para São Leopoldo [cidade de origem]. Seremos eu e o avô deles a partir de agora”, finaliza.

1 comentário

  1. Eu não tenho palavras para descrever como essa notícia me fez mal. Chorei mais de uma vez pensando nessas crianças . Eles precisam de ajuda material com certeza. Mas que Deus dê força para essas crianças se livrarem desse trauma. E que o governo da cidade faça sua parte, oferecendo ajuda psicológica para eles, principalmente porque o conselho tutelar já havia sido informado de suspeitas vindas dessa situação. Triste, mas o fato é que agora são 4 crianças precisando de apoio e duas delas viveram o que ninguém deveria viver. Nem consigo imaginar como eram as noites desses pequenos, sem alguém pra apoiar, abraçar.O mal que foi feito precisa ser minimizado.

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