Uma família de Pinheiro Machado revelou ao Jornal Tradição que foi vítima do golpe do falso sequestro. O drama que durou aproximadamente 12 horas teve início por volta da meia noite do dia 3 de setembro e um prejuízo de R$ 20 mil.
A vítima, de 26 anos, preferiu manter-se em anonimato, assim como a mãe, que tem 55 anos, e que acreditou que a filha havia sido sequestrada ao receber um telefonema em que, além da voz do suposto sequestrador, também foi possível ouvir uma segunda voz, esta de mulher, implorando por ajuda e pedindo que a mãe atendesse a exigência do bandido, pois caso não o fizesse, ela seria morta.
“Ele (criminoso) exigiu que ela deixasse o telefone fora do gancho e passasse a falar pelo celular. O homem ficou com minha mãe na linha até às seis horas da manhã sem que ela pudesse interromper a chamada em nenhum momento, caso contrário, falava que atiraria na minha cabeça. As ameaças duraram toda a madrugada. Ela conta que ouviu ainda muitos xingamentos e palavrões”, relatou a entrevistada.
Segundo a filha, ao amanhecer, a mãe foi orientada a ir ao banco e fazer uma transferência, sendo exigido o valor de R$ 300 mil, o que seria impossível dada à situação financeira da família, sendo assim, aceitaram o montante possível a ser transferido.
Na narrativa, a filha disse que o bandido exigiu saber a cor das roupas que a mãe estava usando e, para ser ainda mais convincente de que ele estava com a filha em seu poder, garantiu que a vítima estava sendo observada naquele momento.
“Quando ela chegou ao banco eles a instruíram como fazer a transferência. Minha mãe enviou R$ 5 mil. Eles exigiram mais e então mandaram que ela fosse a uma lotérica para fazer outro depósito. Ela então disse que isso não poderia ser feito, pois em Pinheiro não há lotérica. O bandido mandou que ela fosse a uma lotérica em Pelotas. A mãe pegou mais dinheiro, fruto das economias da família que eram guardadas em casa, pegou um táxi para Candiota, pois é mais perto e fez mais depósitos, sendo que o total transferido chegou a R$ 20 mil”, assegurou a filha.
De acordo com a filha, os bandidos permaneceram na linha até que todo o dinheiro fosse sacado. E ainda, retornaram a ligação momentos depois indagando se a mulher já teria retornado para casa.
Conforme a responsável pelo relato, a experiência deixou a mãe traumatizada, e, desde então, o simples toque do telefone causa desespero na familiar.
“Se toca o telefone ela entra em pânico. Vou dar um exemplo: Se nós questionamos ela sobre detalhes do que aconteceu, por vezes ela fala como se tudo fosse real e responde que não pode falar senão eles vão me matar”, conclui a mulher que na noite do acontecido estava trabalhando.
Indagada se o fato foi registrado na Polícia Civil de Pinheiro Machado, ela respondeu que sua mãe até conversou de forma informal com um policial sobre o ocorrido, mas que este então requisitou os recibos das transações, o que permitiria saber ao menos a conta para onde o dinheiro foi remetido, mas que a família desistiu de registrar o Boletim de Ocorrência, pois após as transações o criminoso exigiu que a mãe rasgasse os comprovantes, o que foi obedecido por ela, versão que confirmada pela autoridade policial.