Pelotas: Safra de uvas deve ser uma das melhores dos últimos anos

O casal Nerviton Carniato, de 27 anos, e Aline Kurz, de 25, com o filho Bernardo, de dois anos e meio. Os dois se se dedicam há quatro anos a produção de uva. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

A julgar pelo comportamento do clima, que se mostrou escasso em chuvas na maior parte do mês de janeiro, mas com chuvas regulares em dezembro, o produtor Nerviton Carniato, de 27 anos, está satisfeito com as perspectivas de produção de uvas em seu parreiral, que pode ultrapassar as 16 toneladas nesta safra. Carniato é um dos 14 produtores de uvas de mesa de Pelotas e, neste sábado (1º), receberá pela primeira vez em sua propriedade o evento de Abertura da Colheita da fruta, em sua 15ª edição. “Este ano, a fruta está um pouco mais miúda do que o ano passado, mas com número maior de cachos”, afirmou o produtor.

Segundo o chefe do escritório da Emater Pelotas, engenheiro agrônomo Rodrigo Prestes, os pomares comerciais da fruta ocupam 34 hectares no município, 20,5 hectares para suco e vinho e 13,5 hectares para mesa. A expectativa é de que a produção chegue a 810 toneladas de uvas nesta safra. O número de produtores para a indústria é de 37 e 14 para mesa. “Tivemos condições climáticas desfavoráveis, como o excesso de chuvas, em períodos críticos ao desenvolvimento da cultura, como a floração e frutificação”, disse o agrônomo.

No entanto, Prestes afirmou que a precipitação que ocorreu até dezembro, de forma regular, ajudou no desenvolvimento dos pomares. “De um lado, tivemos condições que favoreceram doenças fúngicas, como antracnose e míldio, e de outro, a umidade ajudou no tamanho dos cachos e produtividade do pomar”, salientou. A expectativa para este ano é de uma boa safra, mas que exigiu do produtor um cuidado maior com os tratos culturais, o que acarretou em custos de produção mais elevados. Além disso, as temperaturas mais baixas, com menor variabilidade térmica, dias quentes e noites frias, antecipou a colheita da uva. “Alguns produtores iniciaram a colheita já na primeira quinzena de janeiro”, garantiu o engenheiro agrônomo.

Ao lado da esposa, Aline Kurz, de 25 anos, Carniato se dedica há quatro anos, na Colônia Santa Helena, Rincão da Cruz, 8º Distrito, à área de pouco mais de meio hectare da fruta de mesa, onde prevalece a variedade Niágara Rosa, com mil pés, segundo ele, a preferida do consumidor. Completam o parreiral as variedades Bordô para suco, com 100 pés, e Niágara Branca, mais 100 pés. O casal conta que começou o cultivo há quatro anos com um investimento em torno de R$ 40 mil. “Hoje não se faz a implantação do parreiral por menos de R$ 100 mil”, ressaltou Carniato. Conscientes de que a cultura representa um investimento a longo prazo, os cuidados com o pomar são intensivos, uma herança que irão deixar para o pequeno Bernardo, de dois anos e meio, filho do casal.

Atualmente, com o parreiral no auge da produção, Carniato e Aline lembram que, no primeiro ano, conseguiram produzir de três a quatro quilos de frutas por pé. As primeiras desta safra começaram a ser colhidas em meados de janeiro, mas ainda em pequena escala, a fim de atender a demanda do mercado. Segundo o produtor, a colheita se intensifica a partir de fevereiro e se estende até, pelo menos, o início de março. “Para a uva, daqui para a frente, se continuar seco, é melhor do que dois a três dias chuvosos, a fim de manter a sanidade, mesmo que isso implique em aumento nos custos de produção com aumento da irrigação”, salientou Carniato.

A fruta colhida na propriedade é toda entregue à Central de Hortifrutigranjeiros (Ceasa) em Pelotas. O preço pago pelo quilo inicialmente chegou a R$ 5 e, depois, caiu para R$ 4 ao produtor, chegando ao consumidor em torno de R$ 6 o quilo. “No início do mês de janeiro, se enfrenta a concorrência com a fruta vinda da Serra Gaúcha”, disse o produtor.

Durante a comemoração da abertura, além da parte festiva, com copa, cachorro-quente, churrasquinho e troca da corte, com a escolha das novas Rainha e Princesas da Abertura, haverá um momento técnico, no parreiral, em que o produtor e especialistas devem apresentar aspectos da cultura e da propriedade aos convidados.

O evento da 15ª Abertura da Colheita da Uva está marcado para as 14h. No dia 2, haverá comercialização da fruta, junto ao trapiche na praia do Laranjal, das 9h às 18h, e no dia 3, ocorre a Abertura da Feira das Uvas de Pelotas, no Largo do Mercado Público, a partir das 10h. Às 11h, será realizada a cerimônia de Abertura Oficial da Feira. Os organizadores são a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Pelotas (SDR), Emater/RS-Ascar, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Embrapa, Sindicato dos Trabalhadores e Agricultores Familiares de Pelotas e produtores de uva.

A colheita da fruta se intensifica a partir de fevereiro e se estende até, pelo menos, o início de março. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

Enviar comentário

Envie um comentário!
Digite o seu nome