O Jornal Tradição Regional e o pro­grama Zona Sul em Movimento co­meçaram, no último dia 2, a série de entrevistas com os candidatos à Pre­feitura de Pelotas em 2024. Conforme as regras previamente estabelecidas com as coordenações de campanha, cada candidato poderá falar sobre cin­co temas: saúde, educação, infraestru­tura, orçamento público e desenvolvi­mento econômico.

De acordo com o sorteio realizado em reunião com os representantes das candidaturas, o sexto sorteado a ser entrevistado pelo jornalista Carlos Machado foi Reginaldo Bacci (PDT).

Confira a partir de agora os principais trechos da entrevista:

Economista, advogado, servidor da Receita Federal aposentado, Bacci dis­puta sua segunda eleição municipal. Em 2012, concorreu como vice-prefei­to pelo PCdoB.

Ele usa seu conhecimento técnico sobre economia e políticas sociais e a experiência de ter crescido na perife­ria da cidade para defender suas pro­postas de recuperação da economia e da infraestrutura do município e ga­nhar a simpatia dos eleitores.

“As pessoas precisam perceber que têm uma perspectiva muito melhor e resgatar essa cidade gerando um pensamento positivo de uma cidade resiliente e responsiva”

Saúde

Com relação ao tema, Bacci defen­de uma reestruturação das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com mais investimentos na infraestrutura dos postos, contratação de médicos e cus­teio. A extensão dos horários de aten­dimento seja nas UBSs ou nas Ubais, também é outra proposta defendida.

A adoção de uma plataforma digi­tal, já usada no Distrito Federal para acompanhamento do prontuário dos pacientes, agendamento de consultas, procedimentos e cirurgias é apontada pelo candidato como sua principal pro­posta para a saúde. “Vai estar na mão de cada usuário e integrar toda a rede de saúde e fará com que a despesa em saúde caia até 30% em razão dos con­troles que ela permite”, afirmou.

Educação

Ao falar sobre educação, o candi­dato a prefeito lembrou que o tema é uma das principais bandeiras do PDT fundado por Leonel Brizola. Apontou que o foco nos alunos é o ponto cen­tral da plataforma do partido. A par­tir disso, defendeu alimentação ade­quada nas escolas como forma de dar condições de um melhor desenvolvi­mento de crianças e adolescentes.

“O grande programa que iremos implantar é o maior programa de segurança alimentar para proteger nossas crianças. Temos que garan­tir que as crianças tenham alimenta­ção de qualidade para se desenvolver”, salientou.

O déficit de mais de mil vagas na educação infantil foi criticado pelo candidato, que apresentou como pro­posta para resolver o problema, a cur­to prazo, a reforma e requalificação das escolas existentes para aumen­tar a capacidade de atendimento de cada unidade.

A valorização dos professores e ser­vidores com o pagamento do piso na­cional e construção de planos de car­reira é, conforme Bacci, essencial para qualificar a educação municipal. “Os servidores e professores da educação precisam ser respeitados”.

O candidato descartou, no entan­to, a ampliação da escola de turno integral. “Iremos dialogar permanen­temente com a sociedade e as comuni­dades mostrando como estamos gas­tando os recursos públicos e discutir a construção coletiva para solucionar os problemas da cidade e essa questão do turno integral será tratada com a categoria dos professores e servidores e com a comunidade e iremos cons­truir isso progressivamente”, garantiu.

Infraestrutura

A infraestrutura da zona rural foi o primeiro ponto abordado por Bacci ao tratar do tema. O candidato ressaltou que o município possui 386 pontes e 1.200 quilômetros de estradas e isso se mostra como um desafio. Defen­deu o uso de tecnologia para recupe­rar as estradas e disse apostar em ino­vações para melhorar a infraestrutura da cidade.

A implantação de monitoramento eletrônico para a zona rural foi desta­cada como forma de melhorar a segu­rança nas colônias.

Com relação à área urbana, fez du­ras críticas à situação dos bairros e vi­las. “A minha proposta é levar a Prefei­tura para as vilas e bairros, levar todos os secretários para a vila e realmente fazer as coisas acontecerem. E é o mí­nimo que podemos fazer”, afirmou.

Bacci disse, ainda, que pretende construir um sistema de diques para proteger as regiões costeiras sensíveis a inundações e enchentes. A partir dis­so, defendeu a retirada de parte da população da Colônia Z3 das áreas de risco para outros locais mais seguros. A elevação do calçadão do Laranjal foi outra ideia apresentada para melhorar a proteção contra enchentes.

Orçamento público

Ao abordar o tema, o candidato disse ter se debruçado sobre o or­çamento municipal antes do perío­do eleitoral para entender os deta­lhes das finanças públicas e classifica o déficit de R$ 282 milhões somado às dívidas de R$ 400 milhões de em­préstimos a serem pagos e os R$ 410 milhões em de precatórios como alar­mante. “Pelotas tem hoje R$ 1,3 bilhão em dívidas, o que é praticamente todo o orçamento municipal e isso é preo­cupante. Serão precisos cinco prefei­tos para pagar essas dívidas e a cida­de está como está. Não faz sentido um endividamento deste porte e nós não podemos nem caminhar nas vi­las”, afirmou.

O candidato criticou a origem de al­guns financiamentos como, por exem­plo, os feitos para troca do sistema de iluminação pública, pois, conforme Bacci, o valor poderia ter sido pago com a taxa de iluminação pública.

Para reequilibrar as contas da Pre­feitura, o candidato defende o aumen­to das receitas com a qualificação das formas de arrecadação de taxas e im­postos municipais. A redução de des­pesas é outro caminho apontado. “Te­mos hoje 500 cargos de confiança. O PDT quer trabalhar com 50 ou 60. Isso vai representar uma economia. Que­remos, ainda, reduzir o número de se­cretarias para, desta forma, economi­zar e reduzir despesas para o ano que vem”, destacou.

O candidato criticou, também, a contratação de consultoria pela Prefei­tura e defendeu firmar parcerias com as universidades e instituições de ensi­no e pesquisa do município para subs­tituir essas empresas.

Desenvolvimento econômico

Bacci argumentou que o aumento das receitas do município passa pela ampliação das atividades econômicas e que para isso é preciso atrair novas empresas, manter aquelas que estão estabelecidas e estimular o empre­endedorismo. “A gente faz isso atra­vés de uma política pública de atração, manutenção e incentivo ao empreen­dedorismo e, hoje, Pelotas não tem isso, como não tem um Distrito Indus­trial público, o que é essencial para atrair novas empresas”, sublinhou.

O candidato destacou que, atual­mente, existem muitas dificuldades para quem deseja empreender em Pelotas e defendeu o investimento em cinco segmentos específicos como forma de dinamizar a economia local e gerar empregos: agroindústrias, cons­trução civil, hub de saúde, economia criativa e inovação e tecnologia.

A construção de um local adequa­do para grandes eventos capaz de atender atividades diversas foi outra proposta apresentada. “Queremos um espaço multicultural que atenda o Carnaval, o pessoal dos carros rebai­xados e todas as tribos e que ao longo do ano seja usado com uma atividade pública”, argumentou.

Outro ponto destacado por Bacci foi a atração de empresas de tecnolo­gia a partir da mão de obra formada pelas universidades e o IFSul. “Quere­mos estabelecer um projeto de cidade, alavancar o desenvolvimento da cida­de e tirá-la deste atoleiro onde está. As pessoas precisam perceber que têm uma perspectiva muito melhor e res­gatar essa cidade gerando um pensa­mento positivo de uma cidade resilien­te e responsiva”, declarou.