O Jornal Tradição Regional e o programa Zona Sul em Movimento começaram, no último dia 2, a sé­rie de entrevistas com os candida­tos à Prefeitura de Pelotas em 2024. Conforme as regras previamente estabelecidas com as coordenações de campanha, cada candidato po­derá falar sobre cinco temas: saú­de, educação, infraestrutura, orça­mento público e desenvolvimento econômico.

Segundo o sorteio realizado em reunião com os representantes das candidaturas, o quinto sorteado a ser entrevistado pelo jornalista Carlos Machado foi Marciano Pe­rondi (PL).

Confira a partir de agora os principais trechos da entrevista:

Advogado, empresário da constru­ção civil e proprietário de um colégio particular, Perondi disputa sua primeira eleição motivado pela ideia de moder­nizar e desenvolver a cidade que ado­tou como sua. Ele utiliza sua experiên­cia na iniciativa privada para apresentar propostas que considera inovadoras para resolver os problemas da cidade, impulsionar o desenvolvimento local, gerar mais empregos e ganhar a simpa­tia dos eleitores.

“Se não tem nada feito direito na cidade, como se chegou a esse déficit de quase R$ 300 milhões? É difícil entender o que o PSDB fez com o dinheiro público”

Saúde

Ao tratar do tema saúde, o candi­dato criticou as condições de atendi­mento na rede pública apontando a demora da população em ter acesso às consultas com especialistas e cirur­gias como um dos principais proble­mas. “Isso tem que mudar. A saúde em Pelotas hoje está um caos e a popu­lação sofre muito. E quando se precisa de uma consulta com um especialista ou uma cirurgia, tu entras para a fila da morte, porque demora tanto para ser atendido que as pessoas morrem antes de serem chamadas para o atendimen­to”, afirmou.

De acordo com Perondi, informa­ções da Prefeitura indicam haver 62 mil pessoas à espera de cirurgias ou exa­mes de alta complexidade no municí­pio. Apesar de considerar os números exagerados, o candidato diz ser possí­vel zerar essa fila e promete tomar me­didas para isso. “Eu quero zerar essa fila em parceria com os hospitais em um ano e meio”, garantiu.

O uso de uma plataforma on-line de acesso a consultas com médicos espe­cialistas que atendem via Sistema Úni­co de Saúde (SUS) é a alternativa apre­sentada pelo candidato para diminuir o tempo de espera por consultas do tipo.

Conforme Perondi, a redução do número de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) surge como outra opção para garantir a melhoria do atendimento, uma vez que assim seria possível redis­tribuir os médicos da rede de forma a atender todas as unidades.

Infraestrutura

O candidato começou a tratar do tema falando sobre a zona rural do município e disse ter percorrido todo o interior e percebido a precariedade de estradas e pontes que precisam de reformas ou substituição. “Nosso in­terior tem uma grande produção que precisa ser escoada e com estradas es­buracadas é muito mais difícil, sem falar que a falta de asfalto impede o desen­volvimento de empresas da zona rural. Por isso, precisamos trabalhar para pavi­mentar as principais vias. Isso vai possi­bilitar desenvolver o turismo e melhorar o acesso do transporte escolar e das co­munidades”, afirmou.

Ao falar sobre a infraestrutura urbana, Perondi fez duras críticas à atual admi­nistração pela falta de manutenção das ruas, especialmente nos bairros que não possuem vias pavimentadas. “O que está bom da infraestrutura em Pelotas? Tem que se fazer tudo. A cidade tem muito que melhorar”, pontuou.

O candidato defendeu, ainda, a cons­trução de diques no Laranjal para prote­ger o bairro de inundações e, também, pavimentar a estrada para a Colônia Z-3.

Educação

Ao tratar do tema, Perondi desta­cou o baixo desempenho do municí­pio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e defende o au­mento dos investimentos na educação o que, segundo o candidato, começa pela valorização dos professores atra­vés de um plano de carreira definido. “A educação é tudo para um município. Sem educação, o que será para as futu­ras gerações e estamos entre os piores colocados no ranking estadual. Por isso, minha meta é desenvolver a educação pública de Pelotas”, declarou.

Para solucionar os problemas de se­gurança e a disciplina nas escolas, pro­põe que a Guarda Municipal ou poli­ciais da reserva atuem dentro da rede como forma de evitar brigas e atos de indisciplina.

Perondi projeta, também, a amplia­ção da rede de turno integral com ati­vidades de esporte no turno inverso e a extensão do horário de funcionamen­to das escolas infantis para até o final do expediente comercial para benefi­ciar as mães que trabalham. “As escolas devem ter turno inverso com esporte, pois isso desenvolve o aluno, garante aprendizado e dá segurança”, defendeu.

Orçamento público

O candidato se disse preocupado com relação ao déficit de R$ 282 mi­lhões previstos para 2024 e lança dú­vidas sobre a origem do buraco nas contas da Prefeitura. “Se não tem nada feito direito na cidade, como se che­gou a esse déficit de quase R$ 300 mi­lhões? É difícil entender o que o PSDB fez com o dinheiro público”, declarou.

O alto número de servidores em cargos de confiança (CCs) foi critica­do por Perondi e apontado como res­ponsável por parte do inchaço da má­quina pública. O candidato a prefeito também criticou a falta de transparên­cia dos dados relativos ao orçamento do município.

Diante do desequilíbrio das con­tas públicas, Perondi disse contar com o apoio de deputados federais alinha­dos ao PL e ao município para obter re­cursos de emendas parlamentares para realizar investimentos no primeiro ano de governo. “É difícil governar uma ci­dade com orçamento pré-aprovado e uma dívida do porte da de Pelotas, mas pensamos em trabalhar com apoio dos deputados que trabalham pelo municí­pio e pretendo fazer projetos para ob­ter mais verbas tanto federais como de agências internacionais de fomen­to”, frisou.

Desenvolvimento econômico

Perondi diz que fomentar o desen­volvimento econômico foi o que o mo­tivou a concorrer a prefeito. “A meta que eu tenho é trazer o maior desen­volvimento econômico que essa cidade já teve”, afirmou.

O candidato criticou a burocracia, que na sua opinião, emperra o desen­volvimento. “As secretarias não se co­municam, não se consegue resolver tudo em um único lugar e isso barra o desenvolvimento. Há 40 anos, a cida­de não resolveu o Distrito Industrial, por exemplo”.

A adoção da autorregulação do licen­ciamento ambiental é apresentada como uma das principais alternativas de Peron­di para destravar a liberação de novos empreendimentos.

A retomada da industrialização do município com a atração de novas em­presas foi destacada pelo candidato, que defendeu, também, voltar a cidade em direção às águas investindo em infraes­trutura nas áreas costeiras como forma de incentivar o surgimento de empreen­dimentos turísticos.

“O melhor programa social é o empre­go e minha melhor bandeira é o desen­volvimento atraindo empresas sejam do setor metal mecânico, como ligadas ao agro, e já estamos negociando com em­presas que têm interesse de se instalar na cidade e isso atrairia grandes inves­timentos. Precisamos desenvolver nos­so Parque Industrial para dar empregos à população, pois temos muita gente de­sempregada na cidade”, pontuou.