
O Jornal Tradição Regional promoveu em parceria com a Fly Câmera Pelotas e Paradoxo o Som Profissional, na noite de segunda-feira (23), no auditório da Cooperativa Sicredi Interestados, seu primeiro debate eleitoral com a participação dos seis candidatos à Prefeitura de Pelotas. O evento representou uma escalada no tom da campanha eleitoral com embates e trocas de farpas entre os concorrentes.
Mediado pelo jornalista Carlos Machado, o debate teve duração de 3h30 e foi formado por cinco blocos, sendo quatro para realização de perguntas entre os candidatos. Logo na primeira parte, Fernando Estima (PSDB) e Marciano Perondi (PL) deram início àquele que seria o principal embate da noite. Ainda em sua apresentação, o candidato tucano trouxe para o debate o acidente de trânsito no qual Perondi envolveu-se no dia 25 de junho. Na ocasião, o candidato do PL atropelou Jair de Oliveira Camargo, de 63 anos, que morreu dias depois no hospital.
“Perondi diz que vai cuidar das pessoas, mas não tem prática de socorrer as pessoas, visto que atropelou e não prestou socorro a um ciclista”, disse Estima.
O ataque motivou o primeiro pedido de resposta do debate, que foi negado. O assunto voltou à pauta minutos depois quando Estima fez uma pergunta direta sobre o caso a Perondi. A resposta foi dura. “Tua pergunta é baixa e leviana, mas tu não deves saber ler, porque nem tem o segundo grau completo, talvez não tenhas ido bem na escola e tenhas dificuldade de interpretar texto. Mas leia a ocorrência policial, que vais ver o que está escrito”, respondeu, prometendo disponibilizar a cópia do boletim de ocorrência em suas redes sociais e ressaltando ter prestado socorro à vítima e garantido apoio à família.
À margem da troca de farpas Fernando Marroni (PT), Irajá Rodrigues (MDB), João Bourscheid (PCO) e Reginaldo Bacci (PDT) deram seguimento ao debate apostando na apresentação de propostas e, sempre que uma brecha surgia, direcionando críticas à atual administração comandada pelo PSDB.
“Basta uma chuva intensa para as ruas da cidade se transformarem em rios. O lixo está por toda a cidade. Acho que a superfície da lua está melhor do que muitas ruas de Pelotas”, disparou Bacci ao responder para Marroni uma pergunta sobre zeladoria da cidade.
Temas como desenvolvimento sustentável baseado em projetos de geração de hidrogênio verde, energia eólica e turismo foram defendidos por Irajá, que propôs a criação de um parque temático e sambódromo público para sediar o Carnaval e outros eventos, além de servir para receber projetos educacionais e culturais. “Estas iniciativas vão dinamizar o turismo e possibilitar desenvolver a cidade”, disse.
Sem entrar no mérito das discussões ligadas à cidade, o candidato do PCO aproveitou suas intervenções para dar visibilidade aos posicionamentos do partido, especialmente as críticas ao projeto neoliberal, as privatizações e ao sistema financeiro.
Mais trocas de farpas
A saúde pública foi o tema que mais apareceu ao longo da noite e, também, o mais usado pelos candidatos para atacar os adversários, como quando Perondi apontou a gestão do PSDB como responsável pela existência de uma fila com mais de 60 mil pessoas à espera de exames ou cirurgias, que chamou de “fila da morte”, e cobrou de Estima uma posição sobre o assunto.
Na resposta, Estima apontou a construção do Hospital de Pronto Socorro (HPS), em parceria com o governo estadual, como solução para zerar a fila e aproveitou para alfinetar o adversário por viver há pouco tempo na cidade. “O senhor aterrissou há pouco tempo em Pelotas, mas é impossível que não reconheça que o HPS irá representar”, rebateu.
O candidato tucano, que durante todo o debate procurou dirigir golpes aos adversários, logo em seguida partiu para cima de Marroni apontando-o como o mais rejeitado dos candidatos. A justificativa foi o fato de que, após ser prefeito entre 2001-2004, o petista disputou e perdeu outras três eleições.
Marroni não fugiu da resposta. “Não venho ao debate para atacar, venho apresentar propostas. E não vou desistir da cidade ou do povo. Perder e ganhar faz parte da democracia. A população tem memória, sabe como tratamos bem essa cidade”, afirmou.
Em uma noite de chuva forte, o tema da zeladoria e da infraestrutura da cidade também foi lembrado várias vezes e quando veio à tona sobravam críticas às gestões tucanas. O déficit das contas públicas (CCs), estimado em R$ 282 milhões para 2024, o número de servidores em cargos de confiança e a falta de ações específicas para atrair empresas para a cidade foram outros pontos usados pelos candidatos de oposição para desgastar o governo e seu candidato.
A consolidação de um novo sistema de proteção às enchentes especialmente nas áreas costeiras, a elaboração de um plano diretor para evitar a ocupação de zonas de risco, a realização de mutirões de recuperação dos bairros, o enxugamento da máquina pública com redução de secretarias e CCs e a criação de programas de atração de novos investimentos para gerar emprego e renda foram algumas das propostas comuns nos discursos de Marroni, Irajá, Bacci e Perondi.
Promessas
No último bloco, os candidatos tiveram três minutos para considerações finais, apresentar a síntese de suas propostas e pedir o voto.
Estima convocou os eleitores a examinarem os planos de governo de cada candidato antes de decidirem o voto e se colocou como o candidato que vai propor o futuro de Pelotas.
Perondi disse que não governará com conchavos políticos, mas sim para o povo e pretende trazer um desenvolvimento nunca visto para a cidade.
Bourscheid ressaltou que seu governo não será para todos, mas somente para o povo pobre e trabalhador.
Irajá convidou os pelotenses a acompanharem-no em um sonho de desenvolvimento baseado no hidrogênio verde.
Bacci disse ser possível transformar a cidade investindo em projetos de inovação e abandonando velhas fórmulas de administração.
Marroni afirmou que vai promover uma reconstrução da cidade baseada em um projeto de governo de desenvolvimento econômico e mudanças feitas com o povo e pelo povo.