UCPel apresenta nova turma do Programa de Aprendizagem em seminário sobre inclusão no mercado de trabalho

Evento apresentou nova turma do Programa de Aprendizagem, que promove a qualificação dos participantes, buscando inseri-los no mercado de trabalho. (Foto: Bianca Bichet/JTR)

Na quarta-feira (22), foi realizado o seminário “Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho”, no Auditório Dom Antônio Zattera. O evento foi uma parceria da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).

Além da apresentação da nova turma de qualificação de aprendizes da UCPel, foram apresentados cases de sucesso de edições anteriores do projeto, assim como palestras do representante do MTE, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades de Rio Grande (COMDES).

A nova turma, formada por pessoas com deficiência, é composta por 20 aprendizes, mas o processo de seleção ainda está acontecendo. O grupo irá abranger a UCPel e a Santa Casa, mas as empresas interessadas na parceria deverão procurar a universidade para que, de acordo com a demanda, novas turmas sejam abertas. As aulas são realizadas nos espaços da universidade, e os interessados em se matricular devem procurar o núcleo do projeto, localizado na rua Gonçalves Chaves, 373.

No evento, foi destacada a formação de 350 aprendizes através do programa. Em 2023, 98 aprendizes estão em processo de formação, realizando suas práticas na própria universidade e também em empresas parceiras. De acordo com o pró-reitor acadêmico da UCPel, Ezequiel Insaurriaga Megiato, representando no ato o reitor José Carlos Pereira Bachettini Júnior, a universidade sempre estará de portas abertas para atividades que promovam a vida, inclusão e o desenvolvimento da região.

“A UCPel, cumprindo com o seu papel social, científico e pedagógico, atenta às necessidades da comunidade, criou o Programa de Aprendizagem. Essa plataforma é uma política pública regulamentada pelo governo federal que tem como finalidade capacitar, inserir e acompanhar adolescentes, jovens e pessoas com deficiência (PCD) no mercado de trabalho”, destaca.

A responsável pelo programa na UCPel, Simoni Peverada Triantafilu, participou da homenagem a quatro antigos aprendizes que estavam presentes. Apesar das dificuldades, eles concluíram o programa e estão com vínculos empregatícios.

Além do programa, o evento foi um momento de discussão e aprendizado sobre a Lei 8.213/91, a chamada Lei de Cotas. No artigo 93, obriga as empresas que possuem a partir de 100 empregados a preencherem o seu quadro de funcionários com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitadas, em percentuais fixados na própria lei. Já no artigo 429 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os estabelecimentos de qualquer natureza, que tenham pelo menos sete empregados, são obrigados a contratar aprendizes, de acordo com o percentual exigido por lei.

A auditora fiscal do Programa de Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, Ana Maria Machado da Costa, falou sobre a lei de cotas e as dificuldades enfrentadas.

“A lei já existe há 3 anos, portanto, não se pode dizer que é uma lei nova, mas uma coisa sim, ainda tem muitos caminhos a serem percorridos”, disse. Ela também ressaltou a importância das oportunidades no mercado de trabalho para as pessoas com deficiência. “Muitas vezes em um processo seletivo existem testes que exigem a visão, ou seja, pessoas cegas são automaticamente desclassificadas, e é assim que começamos a escutar que não existem pessoas com deficiência suficientes para preencher as vagas para PCDs no Brasil”, lamenta Ana Maria.

O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com deficiência e Altas Habilidades de Rio Grande, Rafael Carneiro, é psicólogo há 6 anos, possui duas especializações, uma em psicopedagogia institucional e clínica e a outra em direitos humanos e questão social, também é conselheiro no Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, além de assistente administrativo da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), no Hospital Universitário da Furg, onde desenvolve suas atividades na área de gestão de pessoas. Ele é deficiente físico, e salienta que apesar das formações e habilidades, elas são suprimidas pelo último parágrafo do seu currículo, que consta sua deficiência visual, mas se mostra positivo em relação ao futuro. “Fico na torcida para que tenhamos frutos deste seminário, frutos destas atividades que são tão importantes para as pessoas com deficiência que realmente querem estar nas empresas”, disse.

Em um papel diferente, o procurador do Trabalho, Lucas Santos Fernandes, além de ressaltar a importância da acessibilidade, também falou do compromisso que as empresas devem ter com essa inclusão e importante função social. Ele afirma que mais de 40 empresas de Pelotas e Rio Grande não cumprem as vagas de cotas.

“No lugar de multá-las imediatamente, tentamos compreender e dar mais uma chance, com seminários como este, afinal, é um processo evolutivo de todos, porém, os PCDs também precisam de chance”, disse. Apesar das justificativas que o ministério recebe, ele também conta que após a empresa se regularizar, é notória a satisfação com os novos empregados.

Da mesma forma, a auditora fiscal deposita confiança e esperança em eventos como este, para que cada vez mais as pessoas sejam inseridas no mercado de trabalho. “Espero que este evento seja além de uma troca, um impulso à contratação de pessoas com deficiência da região”, conclui Ana Maria.

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