Orquestra Jovem Sesc Brasil realiza quinta apresentação no Festival Internacional Sesc de música em Pelotas

A Orquestra Jovem Sesc Brasil fez sua principal apresentação na noite de quarta-feira (29), no Theatro Guarany, marcando o quinto encontro do grupo. (Foto: Paulo Rossi)

Até esta sexta-feira (31), Pelotas re­cebe a 13ª edição do tradicional Festi­val Internacional Sesc de Música. Alu­nos e professores de diversos estados e países deslocaram-se para a cidade para participar do evento.

Desde o começo do Festival, em 20 de janeiro, um grupo de 58 jovens musicistas de nove estados brasileiros, além do Rio Grande do Sul, se reuniu para ensaiar todas as tardes, no The­atro Sete de Abril. Após mais de uma semana de preparação, a Orquestra Jo­vem Sesc Brasil fez sua principal apre­sentação na noite de quarta-feira (29), no Theatro Guarany, marcando o quin­to encontro do grupo. Sob a regência do carioca Geovane Marquetti, o re­pertório trouxe música de concerto e popular.

Os integrantes da Orquestra Jovem têm entre 14 e 29 anos e tocam os mais variados instrumentos musicais de cordas, madeiras, metais e percus­são. Eles integram projetos de musica­lização de Orquestra Jovem das unida­des do Sesc em Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Pa­raíba, Paraná, Roraima, Sergipe e do Polo Socioambiental do Sesc Pantanal. Há também alunos da Orquestra Estu­dantil do Areal, da Orquestra Munici­pal de Pelotas e, pela primeira vez, da Orquestra Jovem do Sesc RS.

O maestro carioca Geovane Marquetti foi o regente da Orquestra, que trouxe no repertório música de concerto e popular. (Foto: Paulo Rossi)

Natural de Volta Redonda (RJ), Mar­quetti é completamente favorável a projetos sociais de incentivo à musica­lização e conta que é egresso de uma dessas iniciativas. Ficou 14 anos no Projeto Volta Redonda Cidade da Mú­sica, se formou e se tornou professor do mesmo projeto. Atualmente, mora em Porto Alegre e integra a Orques­tra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), a Orquestra Theatro São Pedro (POA) e Sphaera Mundi Orquestra.

“Eu vejo isso como uma oportuni­dade de profissionalizar e de regar um pouco esse sonho de ser músico, que não é tão fácil no Brasil ser músico de concerto. Muitos deles não tiveram a oportunidade de tocar em uma or­questra sinfônica, é a primeira vez. En­tão, aqui, a gente está para fazer esse intercâmbio desse sonho de poder re­gar um pouquinho essa semente para que eles possam realizar esse sonho de se tornar profissionais da música. E o festival proporciona com aulas, com concertos menores, com esse concerto de gala e eu acredito que é um divisor de água na vida deles, poder regar e dar um combustível a mais para o ano deles.”, comentou o regente.

As atividades possibilitaram inter­câmbio cultural e musical, além da capacitação de alunos, professores, instrutores e coordenadores dos pro­jetos do Sesc. Para além dos espaços tradicionais de apresentações cultu­rais, subgrupos de câmaras formados pelos jovens tiveram a oportunidade de levar arte a locais como hospitais, unidades de cuidados e paróquias, am­pliando o acesso à música para dife­rentes públicos.

Esse é o objetivo do projeto Orques­tra Jovem Sesc Brasil, criado em 2004, e que vem transformando a vida de mui­tos jovens por meio da música. Mais do que ensinar a tocar instrumentos, a iniciativa também estimula o encontro dos alunos como forma de desenvolvi­mento artístico e profissional.

Gêmeos maranhenses

Os instrumentistas Diego Amorim (trompete) e Diogo Amorim (oboé) viajaram mais de 4 mil km para se apresentar no evento. (Foto: Lylian Santos/JTR)

Dentre os integrantes da Orquestra Brasil, os irmãos gêmeos Diego e Diogo Amorim, de 29 anos, naturais do Ma­ranhão, participam pela segunda vez do festival; a primeira vinda a Pelotas foi em 2020 também para tocar na Or­questra Jovem. Ambos fazem parte do Projeto Sesc Musicar Maranhão desde 2016 e são graduados em Licenciatura em Música. “É uma grande oportunida­de estar aqui e poder colher um pou­co do conhecimento que esses grandes professores, referências internacionais, têm aqui para nos passar e aí a gente sair desfrutando afora desse conheci­mento”, disse Diego.

“O Sesc Musicar foi bem fundamen­tal por conta de ser um projeto que possibilita essa prática de orquestra e, também, acabou proporcionando par­ticipar do Festival tanto na edição de 2020 e estar esse ano também. Só que, no meu caso, com dois instrumentos diferentes. Na primeira edição eu vim como saxofonista e esse ano eu vim como oboé, tendo essa oportunidade de conhecer outras pessoas e, também, estar apreciando os conhecimentos dos professores, principalmente os de ou­tros países que trazem muitos ensina­mentos, que a gente vai levando para os nossos alunos um pouco de conhe­cimento da didática deles para a nossa e experimentando com os nossos alu­nos”, explicou Diogo.

O contato com a música vem de muito antes. Diego contou que os es­tudos de prática e teoria da música ini­ciaram em 2007 e, em 2010, os irmãos começaram a participar de uma banda escolar. A oportunidade do Sesc Musi­car chegou ao finalizar o curso em ou­tra banda de música. “O Sesc Musical acabou aparecendo como uma opor­tunidade de levar mais ensinamen­tos ao pessoal que quer uma prática de orquestra, prática de banda e isso possibilita muito o nosso aprendizado”, ressaltou. Ao falar de inspiração, Diogo citou a força das bandas de música no Maranhão, de desfiles de bandas mili­tares e marciais. “A gente já participava e assistia essas bandas, e com o tem­po que a gente foi querendo ter esse contato mais perto com instrumentos”.

Segundo Diego, os projetos Sesc vão além da música, eles podem mudar vi­das. “Com certeza fez uma grande dife­rença para nós, porque apesar da pes­soa entrar no projeto e não seguir a carreira de músico, com certeza, os en­sinamentos de disciplina, respeito, so­lidariedade com o colega, tudo isso vai influenciar, seja na profissão que ele se­guir adiante. Então, essa parte mais so­cial mesmo, que o Sesc trabalha, tam­bém influencia nessa parte musical. Tá bem relacionado e nos direciona para um bom começo”.

Orquestra Jovem Sesc RS
Outra novidade é que, pela primeira vez, o Rio Grande do Sul conta com sua própria Orquestra Jovem Sesc, formada por alunos da região. O projeto, inicia­do em Pelotas neste mês de janeiro, já permite que os participantes selecio­nados integrem as classes do Festival.

Com 40 alunos, 20 para a classe de violino, 10 para a classe de viola, seis para a classe de violoncelo e quatro para a classe de contrabaixo, a orques­tra tem o objetivo de estimular o desen­volvimento artístico individual do alu­no, com um trabalho de socialização e vivência musical em conjunto, ofere­cendo, por meio das aulas, ensaios e apresentações musicais, atividades que contribuem para a formação da cida­dania dos integrantes. O projeto é di­recionado para jovens de 15 a 19 anos.

O maestro da orquestra Jovem Sesc RS, Thiago Perdigão, está desde o início da orquestra e é o segundo projeto de grande porte que participa como regen­te titular. Perdigão contou que a inicia­tiva recebeu mais de 100 inscrições e foram ouvidos mais de 70 alunos nas audições. “Em relação à primeira sema­na do projeto, foi bem interessante, a gente fez, inclusive, uma abertura para os alunos, onde os professores tocaram e vieram autoridades da cidade, sejam vinculadas à Prefeitura, sejam relativas ao Sesc, Senac e Fecomércio. Já na pri­meira semana funcionou bem, estrutu­ramos horários de estudos, das aulas teóricas e práticas com os professores.

O regente se mostrou animado com o projeto. “Para mim é muito incrível poder contribuir, na verdade, com a cultura de Pelotas, a expansão cultural nesse sentido, da música de concerto, da música de orquestra. E, na verdade, é um sonho meu e de muitas pesso­as na cidade, já que nunca houve uma orquestra permanente. Então, está sendo incrível poder participar disso como regente e poder contribuir tan­to com o Sesc quanto com o projeto e com comunidade em geral, já que vai ser um processo que ele vai acabar es­timulando também a música em geral. A ideia também é que a gente não fi­que apenas na cidade, mas circule pelo Estado com o projeto, talvez até fora do Estado”.

“Além do âmbito cultural do projeto e musical propriamente estético, com certeza vai ser uma evolução para eles no sentido humano e social, já que eles, em primeiro lugar, estão convivendo com jovens diferentes no próprio Fes­tival, com pessoas de outros Estados e tudo isso faz parte desse crescimen­to social e humano. Também pelo fato da própria música, que tem uma fun­ção também humanizadora; ela não é apenas estética, mas também tem esse lado de que o músico, através da mú­sica, consegue se comunicar com ou­tras pessoas. Então, isso aí, com certeza, muda a vida de muitos jovens, inclusi­ve, às vezes, até dá um sentido a mais para aqueles que querem seguir carrei­ra”, explicou Perdigão.

Encerramento
Coroando o Festival, o espetáculo de encerramento, que acontecerá a partir das 20h30 desta sexta, no Largo do Mercado Público, promete uma noite de pura emoção e grandiosidade. Será formado pela orquestra dos alunos do Festival, que se unem ao Coral da Sociedade Pelotense Música pela Música em uma apresentação que celebra a beleza e diversidade da música de concerto. O programa traz obras de compositores imortais como Borodin, Verdi, Tchaikovsky, Ravel e o brasileiro Ernani Aguiar, em um repertório que transita entre o drama, a elegância e a exuberância. Cada peça será uma experiência única, refletindo a culminância do aprendizado e da dedicação dos músicos. O regente será o maestro caxienese Evandro Matté. Antes, às 13h, haverá Recital de Alunos no Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); às 15h, Grupo de Canto e, às 17h, Classe de Choro – ambas as apresentações no Conservatório de Música da UFPel.

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