Na quinta-feira (21), o Centro Cultural de Eventos Valdino Krause recebeu a reunião com o tema “Uma Conversa sobre LINA”, sigla para Leite Instável Não Ácido. O evento teve participação da pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Maira Zanela, e foi promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e Turismo (SMDRT) e escritório municipal da Emater-RS/Ascar.
A reunião foi pensada devido ao problema estar constantemente sendo relatado pelos produtores de leite, o que acaba gerando prejuízo se o alimento não for carregado pelo freteiro.
Todos se manifestaram com relação à redução do número de produtores de leite no Rio Grande do Sul, como recentemente foi informado pelo Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite divulgado no dia 31 de agosto, na Casa da Emater/RS-Ascar, na Expointer. Ainda foi citada a preocupação para os interessados em continuar na atividade.
A pesquisadora da Embrapa Terras Baixas na área do leite e uma das maiores conhecedoras de LINA do Brasil, com diversos trabalhos e pesquisas inéditas no assunto publicados num primeiro momento discorreu sobre o que é a LINA,
Segundo ela, trata-se de um leite que apresenta uma instabilidade na sua composição, mas que não é um leite ácido, o que o tornaria impróprio ao consumo. Ela mostrou a problemática que envolve a questão, pois, embora o leite LINA possa ser aproveitado para o consumo e para o fabrico de alguns derivados, ele acaba não sendo carregado pelo freteiro porque a legislação assim determina, pelo fato de que o único teste disponível, que é o teste do álcool/alizarol, não diferencia entre o leite ácido e o LINA.
Dessa forma, o leite não carregado torna-se prejuízo, que pode ser bastante alto, visto que o LINA pode levar dois ou três dias para se manifestar, mas pode levar até um mês para desaparecer.
Maira também explicou as principais causas do LINA, considerando que é um distúrbio metabólico, ou seja, tem total relação com a vaca e as condições às quais ela está exposta.
A falta de volumoso é uma dessas causas. Um planejamento forrageiro é fundamental.
Outra questão apontada pela pesquisadora é o excesso de calor que, sentido pela vaca, pode determinar o aparecimento do LINA. Essa sensação pode surgir por falta de água ou de sombra, por exemplo.
“Portanto, esse é outro planejamento importante na implantação de pastagens, especialmente no verão e ainda mais nesse verão que, apesar de chuvoso, tem previsão de altas temperaturas. Plantar árvores não faz bem só para o planeta, faz bem às vacas de leite também. E, estando os animais em bem-estar, o produtor também ganha, pois sua produtividade será maior e sua produção de mais qualidade.
O tempo de lactação e fatores genéticos específicos de cada animal, também podem predispor ao LINA. Quanto mais tempo de lactação, mais predisposto ao LINA o leite será.
Ao final, foi feita uma demonstração de como o teste funciona com leites das vacas da Embrapa e leite trazidos pelos produtores.
A apresentação foi elogiada por produtores, como Cátia Lidiane Timm. ”Foi uma tarde de muito aprendizado e conhecimento. A gente sempre tem que estar buscando conhecimento para melhorar. Eu já perdi muito leite com LINA, preciso aprender para não perder mais”, disse.
Para a extensionista do escritório municipal da Emater-RS/Ascar, a reunião atingiu seu objetivo em levar conhecimento aos produtores para que eles consigam cada vez produzir melhor e com mais qualidade, “sempre melhorando sua renda, que é o nosso principal objetivo. Essa reunião também faz parte de um Protocolo de Intenções que foi assinado entre Embrapa e Prefeitura Municipal esse ano e que nos coloca, de certa forma, mais perto da Embrapa e formaliza essa relação para apoio dos pesquisadores aos produtores de Morro Redondo, mediados pela ação da Extensão Rural, pelo escritório municipal da Emater-RS/Ascar”, explica.
Para o ano que vem, ela adianta que estão sendo planejadas novas ações para qualificar a produção dos agricultores familiares do município.
Na abertura estiveram presentes o titular da SMDRT, Antônio Martins, o chefe do escritório Municipal da Emater-RS/Ascar, Evaldo Voss, o assistente técnico Regional do Escritório Regional da Emater de Pelotas, Cesar Demenech, e a própria Maira Zanela, representando a Embrapa.
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