
A maioria das demandas da comunidade morro-redondense passa pela Câmara dos Vereadores do município. Diante desta realidade o presidente do Legislativo de Morro Redondo enxerga a si e aos colegas como o caminho entre a população e o governo municipal. “Somos uma ponte, nós levamos as necessidades ao Executivo, quem executa é o prefeito e os secretários”, disse Maico Vega (União), eleito presidente da Câmara em 2022 por aclamação para o exercício legislativo 2023.
Vega, natural de Canguçu, mas em Morro Redondo desde a infância, quando acompanhou a mudança da família, foi eleito em 2020 com 134 votos – justamente a última das nove cadeiras da Câmara, atualmente preenchidas pelo seu partido, dono da maior bancada, com quatro vereadores, pelo PSDB, com duas, Progressistas, PT e PTB.
A vaga foi conquistada na segunda tentativa. A primeira foi em 2016, pelo PTB, quando recebeu 59 votos. “Já era esperado, não tinha carreira política”, conforma-se. Embora não eleito, integrou o serviço público municipal como cargo comissionado no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) durante um ano. Depois migrou para a Secretaria de Saúde. Ali, nos três anos que se seguiram, diz que aprendeu que não havia sábado, domingo, feriado, nem madrugada. Uma escola para a atividade parlamentar, segundo ele. “Era bem puxado, fazia de tudo”, lembra. Em 2019, a eleição para o Conselho Tutelar serviu de “esquenta” para a disputa no ano seguinte por uma vaga no Legislativo.
A performance na votação para o Conselho Tutelar faz com que Maico Vega deixe a modéstia de lado por um segundo: “Foi um estouro”. Nela foi lembrado por 519 eleitores – bem mais que os 134 recebidos na eleição municipal de 2020. “Houve uma concorrência muito grande dentro do partido”, justifica. “E ainda concorri diretamente com a secretária de Saúde [cargo então ocupado por Maria Augustina Ludtke, a Tininha (PTB), segunda mais votada para o Legislativo municipal naquele pleito, com 268 votos].
Trajetória política à parte, para Vega uma das principais pautas neste momento é dotar o Morro Redondo de condições para atender os turistas e a população que migra das cidades vizinhas nos fins de semana, especialmente a que adquiriu pequenas propriedades para fins de lazer e descanso na zona rural do município. Para isso, procura se dedicar integralmente ao exercício do cargo de vereador. Para ele, é como deve ser quando se assume um compromisso.
O presidente garante que o conjunto de vereadores que compõe a atual legislatura está atento a questões sensíveis, como o abastecimento de água e de luz. Diz que embora sucateada, era mais fácil ter acesso a CEEE quando a empresa era estatal, especialmente os servidores que atuavam no conserto da rede elétrica. “Com o pessoal de agora [Equatorial, de capital privado], de início, foi bem complicado. Mas atualmente vemos muitas melhorias, como as trocas de postes e a recuperação da rede São Pedro”, releva.
Água também está chegando, segundo ele. Conta que uma estrutura que servia um abatedouro desativado agora está em operação para abastecer o município. “Demandas antigas que estão se resolvendo”, assegura.
Neste processo, ressalta o papel da Câmara, mesmo com uma estrutura pequena, composta por duas servidoras administrativas, duas estagiárias, um assessor jurídico e uma estagiária da Defensoria Pública, além de um funcionário contratado para fazer a transmissão das sessões via rede social Facebook, que ocorrem todas as terças às 9h30. Os parlamentares não têm assessores. “Nosso trabalho é direto, o que quiser trabalhar 24 horas consegue, sempre tem serviço”, afirma.
Além das demandas regimentais da Casa, ele e outros três vereadores – Gilson Schwanz, (PP), Márcio Zanetti (União), e Thiarles Schneider (PT) – criaram o grupo Câmara em Ação, que já executou diversas atividades, como a limpeza do Horto Municipal, neste caso em parceria com produtores, a revitalização (pintura e limpeza) da parada de ônibus em frente à praça São Pedro, cujo design remete ao estilo enxaimel, típico da colonização alemã, e a pintura da quadra coberta da escola Alberto Cunha. “Nos atracamos num sábado e pintamos tudo”, orgulha-se. Na escola Maria Luiza o quarteto plantou uma horta, cujas mudas de árvores frutíferas foram disponibilizadas pela Embrapa numa articulação do vereador petista.
Administrativamente, na Câmara a ideia é enxugar o orçamento para no fim do ano devolver o excedente aos cofres públicos. Em 2022 a devolução foi de R$ 80 mil. Vega acredita que no fim do ano o valor deve girar em torno desse mesmo montante. Embora entusiasta da prática, ressalva que muitas vezes a Câmara deixa de fazer investimentos necessários na melhoria da qualidade do serviço parlamentar. “Nós também damos assistência”, justifica.
Além de disponibilizar estrutura e pessoal, é na sede do Legislativo morro-
redondense que diversas reuniões de grupos que atuam em prol dos interesses do município são realizadas, como do turismo e do desenvolvimento rural, o que gera custos de energia elétrica e limpeza. “Por isso é necessário investir na estrutura da Câmara, tem muita coisa pra fazer”, pontua.
Dentre melhorias necessárias aponta a necessidade de pintura interna e externa e atualização de equipamentos na área de informática. A parceria com a prefeitura é positiva. O poder Executivo disponibiliza pessoal para serviços contábeis e cede veículos caso os vereadores tenham necessidade de deslocamento. “Nossa relação com o Executivo é muito boa”, elogia. “Se decidíssemos comprar um carro precisaríamos de um motorista disponível 24 horas que não terá demanda todo o dia, fora despesas de combustível e manutenção, isso geraria um gasto extra”, argumenta.
Como vereador, só lamenta a baixa participação da comunidade. Em duas audiências públicas realizadas neste ano, uma com a Equatorial, e outra para debater a violência nas escolas, a partir do ataque à creche em Blumenau (SC) no início de abril, a participação ficou aquém. “A gente entende, a parte mais atingida é a colônia, é distante, tem seus afazeres. Mas a população precisa participar mais”, opina.