União da classe política para destravar projetos de desenvolvimento. Esta é a bandeira que o presidente da Câmara de Vereadores do Capão do Leão levanta. Aos 46 anos, 40 deles no município, André Porto (PTB) foi o quarto mais votado para o Legislativo leonense em 2020, recebendo 381 votos em sua primeira tentativa para o cargo.
Esta, no entanto, não foi sua única vitória desde então. Dois anos mais tarde emplacou eleição à presidência da Câmara, na qual derrotou o também petebista David Martins. Foi um embate acirrado, típico da política local. O atual presidente da Casa venceu por apenas um voto de diferença, 6 a 5. “Ficou um clima chato dentro do partido”, reconhece. “Mas surgem oportunidades na vida que não se podem deixar pra trás, o que é da gente Deus coloca”, justifica.
Eleição vencida, página virada. Pelo menos para ele. Tão logo a vitória na disputa interna, Porto diz que voltou a trabalhar pela “boa política”. Para isso, insiste no discurso da unidade entre Câmara e prefeitura. “Não se pode defender o que está errado, minha bandeira é o município. Esta deve ser a bandeira da classe política, aliás, foi o que me fez entrar para a política, temos que estar acima de partidos senão se corre o risco de deixar passar investimentos por brigas políticas – quem perde é o povo”, pontua.
Motorista e empresário do setor de transporte escolar, Porto diz que foi eleito principalmente pelos eleitores do bairro Parque Fragata, sua principal base eleitoral, e da zona rural, onde tornou-se conhecido pela atividade profissional – para a qual pretende retornar “se o povo entender que não sirvo mais para vereador”. Tal condição depende das eleições municipais do ano que vem. O atual presidente da Câmara adianta que vai buscar a reeleição, apesar do desgaste que a atividade provoca. “A direção cansa o corpo, mas a política cansa a mente, por causa das politicagens”, critica.
Afilhado político do ex-vereador Dionísio Silva, com quem trabalhou como assessor e deu seus primeiros passos no ambiente político-eleitoral do município (“foi um pai pra mim, aprendi muita coisa com ele”, emenda), o parlamentar afirma que ainda tem o que oferecer à comunidade leonense, especialmente do Parque Fragata.
O bairro é uma das aglomerações urbanas que mais cresce no Capão do Leão, com população estimada em quatro mil habitantes. No fim do ano legislativo, que costuma ser marcado pela devolução para o Executivo dos recursos repassados para o funcionamento da Câmara, pretende negociar com o prefeito Vilmar Schmitt (Progressistas) um aporte de recursos para obras de calçamento na localidade. “É justo”, defende o petebista. “Calçar uma travessa, 300 metros que sejam. Vou fazer um vídeo com ele [prefeito] para me garantir isso aí”, projeta.
Porto garante que seu relacionamento com o chefe do Poder Executivo do município é bom. Já com o restante da Câmara, ele avalia que a relação do governo não é a mesma. Tanto que não vê, no momento, uma maioria consolidada do Executivo. “Está balançada, já esteve mais unida, cabe ao prefeito tentar alinhar isso aí, tem secretários e diretores que atendem mais vereadores de oposição do que da própria base”, critica.
Uma situação que se cristaliza na dificuldade de formar maioria em projetos de interesse da administração, como o que previa aumento de 21 novos cargos comissionados. A vitória da prefeitura se deu por diferença mínima. “Havia necessidade, o município cresceu, a estrutura da prefeitura não dava conta”, responde.
Gestão
Com 11 parlamentares divididos em seis bancadas (MDB, PSD, PT, PP, PDT e PTB, além de um vereador sem partido), a Câmara deve receber ainda este ano investimentos que o presidente da Casa garante que cabem no orçamento do Legislativo. O projeto para novo mobiliário na sala da presidência já foi aprovado, bem como para o plenário – cuja execução ficará para o próximo ano.
Também será criada, sob sua gestão, a galeria dos ex-vice-presidentes, oportunidade em que vai homenagear o padrinho político. “Vice-presidente também é importante”, argumenta.
Outra ação que destaca em seus primeiros meses na liderança do Legislativo foi a retomada da assessoria de comunicação. “É necessário, a Câmara precisa divulgar a ação dos vereadores”, opina. Uma dessas frentes é a reativação da página na rede social Facebook (https://www.facebook.com/camaracapao), canal onde a população mais participa. A iniciativa visa aproximar os eleitores da política municipal. “A Câmara é um elo entre o povo e a prefeitura. Tem secretários que nem conhecem alguns bairros. Cada vereador traz da sua maneira a comunidade aqui para dentro, representa a população”, afirma.
Foi com esse espírito que a Casa promoveu audiência pública com representantes da atual CEEE Grupo Equatorial, distribuidora adquirida por meio de leilão pela Equatorial Energia em 2021. A mudança para a iniciativa privada, segundo ele, trouxe problemas no abastecimento do serviço em Capão do Leão. “Depois disso já nos deram mais atenção”, afirma Porto.
Ele também se fez presente em Piratini na reunião dos presidentes das Câmaras de Vereadores dos municípios que compõem a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) com executivos da empresa. Segundo o vereador leonense, desde então houve melhoras na prestação do serviço. “No nosso município já deu uma amenizada, já podaram árvores e não temos mais tanta falta de luz, como no último verão”, conta.
Mensagem
“Precisamos andar juntos. Quanto mais caminharmos juntos mais o povo vai se beneficiar. Tem muita coisa para ajustar, mas acredito ainda na união. Se fôssemos mais unidos a cidade estaria bem mais avançada”, aconselha o parlamentar.
O presidente da Casa destaca também que o Capão do Leão é rico em atrativos. Cita a pedreira, cujo parque, batizado Parque da Pedreira do Sapem, foi lançado na última semana de abril na programação de aniversário; o Cerro das Almas, onde está localizada a Pedra do Dedo (“é uma região muito linda”, destaca), lembra que dispõe de mananciais como o canal São Gonçalo, instituições como Embrapa e Universidade Federal, é próximo de Pelotas, do porto do Rio Grande e das BRs 293 e 116. O que falta, então, para decolar? “União. União e desenvolvimento do turismo, esse é o caminho”, finaliza.
