A produção do tabaco é uma das principais atividades econômicas existentes em Canguçu.
O município que é referência nacional na produção do fumo anualmente está entre os três primeiros colocados do ranking de maiores produtores do país. Mas apesar de todo esse protagonismo, a qualidade do produto em 2023 vem apresentando queda.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Canguçu, Delair Radke, vê essa diminuição da produtividade como consequência do período de estiagem enfrentado pelo produtor de fumo. “A qualidade do tabaco caiu bastante principalmente até a terceira apanha. Depois que começou a chover em algumas regiões, a produção respondeu positivamente. A planta, então, engrossou a folha”, conta.
Canguçu é um dos 488 municípios da Região Sul do Brasil que atua com a produção de fumo. O setor do tabaco conta com 128 mil famílias dedicadas à produção. Na safra 2021/2022, segundo dados do Sinditabaco, foram produzidas 560 mil toneladas do produto, sendo que, deste total, 247 mil toneladas foram produzidas por 68 mil famílias gaúchas.
A preocupação do sindicalista é a queda na qualidade do produto. “De modo geral, a qualidade deste ano é bem inferior. E o volume também! Existe uma estimativa de quebra no volume de 20% até 25%. A qualidade já deixou a desejar esse ano”, lamenta.
Visão dos produtores frente à estiagem
Mas essa realidade negativa não está presente para todos os produtores, conforme conta Lauro Mulling, canguçuense do Posto Branco, 1° distrito de Canguçu. Ele se mantém otimista com a sua safra. “Pelo ano que tivemos em função da estiagem e por causa dos temporais também, a safra vai ser boa, mas claro teremos uma queda na produção em função disso. A expectativa de resultados é sempre pensar no melhor possível, mas isso depende muito de como vai ser a compra por parte das fumageiras.”
Uma alternativa utilizada pelos produtores é a irrigação, para que as lavouras não sejam prejudicadas pelas condições climáticas. “Esse ano, nós agricultores, fomos bastante afetados em função da estiagem. Como nós não temos irrigação, tivemos um afeto considerado na nossa produção, isso irá impacta nos resultados que esperávamos. Acredito que todas as culturas foram atingidas de uma forma ou outra”, conta Mulling.
A ampliação no custo de produção é uma das preocupações diárias dos produtores, conforme enfatiza o canguçuense. “A gente vê a situação bem complicada, pois com o passar dos anos o custo de produção aumenta muito, e o valor do produto não tem a sua devida valorização. Além da função também do clima que impacta diretamente para nós agricultores. Isso leva muitas vezes a diminuição da quantidade plantada ou até mesmo parar com as plantações nas lavouras”, completa.