
Daniela Alves e Stéfane Costa
Nesta semana, o Rio Grande do Sul se deparou com um dos seus maiores desastres naturais. Com 41 mortes confirmadas até esta sexta-feira (8), um decreto estabeleceu situação de calamidade pública. A situação se agravou a partir da madrugada de segunda-feira (4), quando fortes ventos, tempestades e queda de granizo se intensificaram, principalmente na Metade Norte.
Entre os municípios mais afetados, Muçum já registrou 15 mortes. As demais vítimas foram contabilizadas em Roca Sales, onde 10 pessoas perderam a vida, Cruzeiro do Sul, com quatro, três em Lajeado, dois em Estrela e duas em Ibiraiaras. Mato Castelhano, Passo Fundo, Encantado, Santa Tereza e Imigrantes registraram uma morte cada.
Mais de 900 servidores e 10 aeronaves estão atuando com atendimentos, buscas e resgates nas áreas atingidas.
Após o sobrevoo na quarta-feira (6), a comitiva composta pelo governador Eduardo Leite (PSDB), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, visitou abrigos que estão recebendo desalojados, reuniu-se com prefeitos e lideranças da região e, por fim, concedeu coletiva de imprensa em Lajeado. Leite definiu o cenário de destruição no Vale do Taquari como “devastador”.
“Vimos comunidades totalmente submersas. É desolador, há muita destruição. Tive de segurar o choro em alguns momentos. E sabemos que mais mortes podem ser constatadas. Essa situação dói e nos toca. Mas devemos nos manter firmes para dar todo o suporte à população”, disse o governador.
Leite pediu atenção redobrada para os próximos dias, devido à possibilidade de desdobramentos do evento climático. “Há previsão de chuvas fortes, infelizmente. Precisamos ser resilientes e seguirmos atentos, sempre a postos para dar o socorro necessário. Estamos ao lado da população e vamos superar tudo isso juntos”, enfatizou. Ele afirmou ainda que trata-se da “maior tragédia natural que se tem registro no Rio Grande do Sul em perda de vidas”.
Situação na região também preocupa
Em Pelotas, ao longo de todo o dia de ontem (7), equipes atuaram integralmente no sentido de atender as demandas da população. Durante a noite, em reunião entre a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), representantes da Defesa Civil e das forças de segurança que atuam no Município, foi feito balanço do impacto das chuvas na cidade, em que, de acordo com o divulgado pela Secretaria de Assistência Social (SAS), 12 famílias estão desalojadas e uma desabrigada. A previsão era de que na madrugada desta sexta-feira (8) chovesse mais 50 mm.
Em Capão do Leão e Pinheiro Machado, a Defesa Civil dos municípios trabalhou ao longo da quinta-feira (7) no monitoramento dos mananciais hídricos e, enquanto em Pinheiro Machado foi reportado que algumas pontes ficaram submersas pelas águas e um habitante ficou desalojado, em Capão do Leão, por conta do nível das mesmas, cerca de seis famílias foram retiradas de suas residências, sendo encaminhadas para um abrigo da prefeitura.
No início da madrugada, em Cerrito, a Defesa Civil municipal realizava monitoramento da elevação do rio Piratini, que faz margem à cidade e encontrava-se com aumento de aproximadamente meio metro a cada hora. Pela manhã de hoje, foi iniciada retirada de pessoas por conta do nível do rio.
Já em Pedro Osório, na tarde de ontem, na rodovia que liga o município e a BR 116, foi relatada lâmina d’água que dificultou o trânsito de veículos, a Polícia Rodoviária Estadual foi acionada e a Defesa Civil municipal, manteve-se no monitoramento dos mananciais hídricos. Em atualizações na manhã de hoje (8), o município pede apoio com caminhões para retirar famílias e móveis por conta da elevação do nível do rio Piratini. Atualmente o abrigo municipal, recebe quatro famílias desabrigadas. Foi mobilizado, ainda, pedido de ajuda aos caminhões do exército, que se deslocam ao local. A Defesa Civil Estadual também está em deslocamento para o município.
Por sua vez, a Defesa Civil de Herval está monitorando a situação no município, tendo em vista que estradas e pontes encontram-se interditadas e sem a passagem de veículos, como a entrada do Passo dos Vimes, XV de Outubro, Marco Geral, Mingote, Passo do Veado, Bamburral, Passo d’Areia, Jaguarão Chico e ERS 608 que liga Herval a Pedras Altas. Há famílias sendo atendidas pelas equipes da Secretaria de Obras e de Assistência Social, todavia, não são informados desabrigados.
Em Canguçu, a Defesa Civil monitora as consequências das chuvas intensas, e por isso, as aulas da região rural foram suspensas, sinalizando-se também, algumas estradas e pontes interditadas por conta das águas.
Já Rio Grande marca seu primeiro desabrigada já aos cuidados da Defesa Civil municipal, possivelmente, aumentando o número de resgates e atendimentos ao longo do dia.
Mobilização
Além da mobilização governamental, órgãos e entidades de todo o estado estão unindo esforços junto à população gaúcha para auxiliar as vítimas do desastre. Márcio Facin, coordenador regional da Defesa Civil, citou o compromisso da instituição em levar ajuda para os locais afetados “Nós estamos fazendo essa campanha tendo o apoio de inúmeras instituições aqui de Pelotas e da região Sul e esperamos que a gente possa contribuir com aquelas pessoas que tanto sofrem lá no momento”, comentou.
A campanha ao qual se refere Facin busca incentivar a doação de itens como alimentos não perecíveis, materiais de higiene, roupas de cama e agasalhos para as famílias atingidas.
Conforme ele, em Pelotas é possível levar donativos para o Quartel Central da Brigada Militar, na avenida Bento Gonçalves, 3207, ou para o Corpo de Bombeiros na rua Gomes Carneiro 1880, ambos com funcionamento 24 horas. Além das corporações, o prédio do Paço Municipal na Praça Coronel Pedro Osório e o Mercado Central receberão os itens doados. Diversas empresas também estão se mobilizando para arrecadar donativos, como a Osirnet que integra os pontos de coleta divulgados pela Prefeitura de Pelotas, com possibilidade de entrega a partir desta sexta-feira (8) das 9h às 18h e no sábado (9) das 9h às 13h30, tanto na unidade da rua Andrade Neves, 2088, como na avenida Juscelino Kubitschek.