Municípios da região reforçam segurança nas instituições de ensino

Prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) reuniu-se com membros da educação e forças de segurança para ajustar as ações de prevenção e combate. (Foto: Gustavo Vara/Prefeitura Municipal de Pelotas)

Com colaboração de Eunice Garcia, Nael Rosa e Rafael Viana

Após diversos casos de violência ocorridos em instituições de ensino, o país acabou mobilizando esforços em torno desta questão. E na região não é diferente.

A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) anunciou, na quarta-feira (11), um plano de contingência à violência nas escolas. A proposta foi elaborada pelo Observatório de Segurança Pública e discutida em reunião com representantes dos órgãos de segurança pública, integrantes da Câmara de Vereadores, Secretaria Municipal de Educação, 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ª CRE) e escolas privadas.

Dentre as primeiras recomendações feitas pelo Executivo pelotense está a necessidade de calma por parte da população. Foi solicitado que os cidadãos não compartilhem informações sobre possíveis ataques infundados, para que não seja ampliada ainda mais a sensação de terror no ambiente escolar. “O Poder Público quer dizer à comunidade que primeiro se precisa manter a calma, precisa sair esse momento de pânico, porque isso está sendo retroalimentado nas redes sociais por pessoas irresponsáveis, que eu estou chamando de terrorista de redes sociais, que usaram o fato trágico e aterrorizante que aconteceu em Blumenau e agora semeiam o caos nas redes. Então a primeira medida é serenar os ânimos para que as crianças não se sintam assustadas. Depois, estaremos juntos com as forças de segurança, dando a necessária sensação de segurança, pela qual os pais clamam e fortalecendo as nossas escolas para lidar com esse tipo de questão”, disse a prefeita.

Paula ainda reforçou que a maior parte das mensagens que têm sido compartilhadas nas redes são falsas. “Denunciem para os canais competentes, mas não disseminem fake news”, completou.

O prefeito de Piratini, Márcio Porto (MDB), criou por decreto o Comitê Municipal Intersetorial de Crise para Enfrentamento à Violência nas Escolas, do qual fazem parte órgãos de segurança, diretores de colégios, Conselho Tutelar, secretarias que compõem a administração e outros.

O órgão se reuniu na tarde de quarta-feira (12), para discutir medidas já adotadas e que buscam prevenir qualquer ocorrência nos educandários, como a criação de um grupo de WhatsApp onde os membros são diretores, Secretaria de Educação e também a Brigada Militar (BM).

“Esse grupo serve como botão de alerta conectado como o sistema de segurança da cidade e, diante de uma análise efetiva de alguma denúncia, possamos atacar imediatamente com o efetivo disponível, além é claro da disponibilidade dos telefones de emergência da BM”, destacou o secretário de Educação, Luís Fernando Torrescasana.

Ele disse que, diante da demanda, outras medidas poderão surgir a partir da análise do sistema de inteligência das autoridades, mas que no momento não há nenhuma ameaça concreta de que em Piratini possa vir a acontecer algum ato de violência nas escolas, portanto, com a segurança necessária, todas continuarão abertas.

Conforme o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), Paulo Renato Scherdien, é fundamental que a população não compartilhe nas redes sociais conteúdos que contenham informações relacionadas à violência, ameaças ou supostas agressões em escolas. Caso tenha contato com este tipo de mensagem, a Brigada Militar deve ser informada por meio do telefone 190 ou disque denúncia (53) 3227-7171. “A BM está atuando com intensificação do policiamento nas escolas, através de patrulhas para o policiamento ostensivo e com visitas às direções escolares”, completou Scherdien.

Gestores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se reuniram, na quinta-
feira (13), com o delegado da Polícia Federal (PF) Robson Robim. A assessoria da universidade divulgou que o encontro foi promovido para garantir que a instituição recebesse orientação técnica diante de possíveis ataques contra a instituição.
Robim, durante a reunião, reforçou que é preciso buscar o controle diante da situação de pânico generalizado. “O medo é um catalisador para que as pessoas se mobilizem”, afirmou.

Para ele, a probabilidade de que algo seja orquestrado contra a universidade não é alta, porém o desencontro de informações tem causado um aumento da sensação de insegurança. O delegado ainda reforçou que a PF tem monitorado grupos de desinformação e dados da dark web buscando identificar boatos sobre atentados.

A reitoria do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) de Pelotas também se pronunciou sobre a situação. O instituto divulgou uma série de orientações de prevenção e tratamento de situações de risco na instituição. Dentre as principais medidas está a recomendação de informar, de forma imediata, a direção-geral do campus em caso de possíveis situações que representem risco aos integrantes da comunidade escolar.

Casos na região

Reunião em Capão do Leão, com membros do Executivo e Legislativo, determinou a suspensão das aulas entre quarta-feira (12) e esta sexta-feira (14). (Foto: Divulgação)

O clima de alerta e, por vezes, pânico, também se espalhou entre os demais municípios da região Sul. Em Pinheiro Machado, o Colégio Estadual General Hipólito Ribeiro precisou divulgar uma nota informando se tratar de uma informação falsa o boato de que uma pessoa armada teria invadido a escola. Segundo a gestão, não foi registrada a entrada de nenhuma pessoa que não fizesse parte da comunidade escolar. “A divulgação do comentário é falsa e mentirosa, com o intuito de causar pânico nas famílias e alunos. A escola possui câmeras e em nenhuma delas foi identificado alguém circulando na escola que não seja da comunidade escolar. Temos todas as câmeras à disposição da comunidade para comprovar que esta invasão não ocorreu”, informou a direção do Colégio.

Como protocolo de segurança, a instituição determinou que as portas da escola permaneçam fechadas, sendo abertas apenas por membros da direção. Um efetivo especial da Brigada Militar foi destacado para garantir a segurança nas instituições de ensino do município.

A Secretaria Municipal de Arroio Grande comunicou, também por meio de nota, que permanece atenta à situação. Conforme a pasta, foi encaminhada uma orientação para as direções das escolas recomendando que as entradas dos prédios dos educandários sejam mantidas fechadas, contando também com a presença de um inspetor. A ação tem ainda com apoio da Brigada no policiamento preventivo e do Ministério Público para identificação de notícias falsas.

Em Piratini, um boato sobre uma invasão na Escola Municipal de Educação Infantil Meu Lar também precisou ser esclarecido pelo município na segunda-feira (10). De acordo com uma publicação feita por um usuário do Facebook, um homem com problemas mentais havia planejado invadir a instituição. Na ocasião, o titular da Educação, afirmou que todas as providências cabíveis foram tomadas em relação ao ocorrido. “Nós recebemos a informação sobre a possibilidade de invasão da escola. O que fizemos foi acionar a Polícia Civil onde registramos um boletim de ocorrência e requisitamos também que a Brigada Militar realize um patrulhamento ostensivo em todas as escolas da área urbana. Até o momento não temos nenhuma intercorrência, mas estamos em estado de atenção para tomar providências mais rigorosas caso necessário”, disse.

No município de Rio Grande, uma reunião promovida pelo Executivo determinou a antecipação do início do programa Guarda Escolar, iniciativa na qual uma divisão da Guarda Municipal realiza o monitoramento nas instituições de educação com foco nos horários de entrada e saída dos alunos. Os guardas que já estão realizando o serviço possuem qualificação para a Patrulha Escolar.

A prefeitura também anunciou um contato específico para recebimento de denúncias sobre a segurança nas escolas. Através do telefone (53) 3233-7297, que também é WhatsApp, é possível contatar a Guarda Municipal. A orientação passada pela força de segurança é de que todas as informações sobre a segurança escolar sejam encaminhadas pelo contato em questão.

A Defesa Civil de Rio Grande também iniciou um programa de treinamento para que as equipes escolares saibam agir em situação de risco.

Na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), os protocolos de segurança estão sendo revisados para garantir a segurança da comunidade acadêmica. “A FURG está revisando os protocolos para atualização e maior controle, além de contar com equipe qualificada de vigilantes, vigias e porteiros, visando realizar o efetivo controle e resguardar a segurança da comunidade universitária”, escreveu a reitoria.

Já no município de Capão do Leão, as aulas chegaram a ser suspensas até esta sexta-feira (14), após uma reunião entre membros do Executivo e Legislativo, na terça-feira (11). Por meio da Assessoria de Imprensa, a Prefeitura divulgou que novas informações devem ser divulgadas hoje.

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