Projetos de promoção, divulgação, orientação, incentivo à qualificação de empreendimentos e muito trabalho junto a prefeituras na implantação de políticas públicas de apoio ao Turismo. Esta, em resumo, é a carteira de serviços que o Sebrae oferece para o setor nos 33 municípios que compõem a área de cobertura da agência regional do órgão, localizada na rua Padre Anchieta, nº 1.916, centro de Pelotas.
Essas ações reverberam na região. A história mostra que desde que o Sebrae passou a disponibilizar essa expertise, mobilizando prefeituras, pessoas e pequenos empreendedores que já operavam na raça, coragem, tentativa e erro, projetos frutificaram na base de roteiros e ampliação de serviços destinados a fortalecer o turismo regional.
De acordo com a gestora de Projetos de Turismo da Agência, Jussara Argoud, só o turismo rural – um dos que mais se fortalece -, vai demandar atendimentos para cerca de 50 empreendedores: 17 em Morro Redondo, oito em Arroio do Padre, 14 em Sertão Santana e outros dez em Sentinela do Sul – fora Pelotas. Este ano, o Sebrae volta a atender o setor no município, que ajudou a formar, a partir de 2005, com a criação do roteiro Pelotas Colonial, no qual prestou serviços durante dez anos ininterruptos.
Na época, eram 15 empreendimentos. Hoje são 41. “Pelotas já cresceu e vai crescer”, aposta Jussara. “Daqueles 15 iniciais, uns cresceram, outros permaneceram como estavam, mas ninguém parou, continuam atendendo”, comemora.
Segundo a gestora, a tarefa de qualificar serviços deve conduzir os trabalhos no caso pelotense, dada a progressão geométrica de novos empreendimentos. Trabalhar questões como formação de preços, formatar produtos, prestar orientações em temas como segurança, especialmente em destinos com cachoeira – os mais procurados no verão – deverão constar na agenda. “Turismo rural não é simplesmente abrir a porteira da propriedade”, observa.
Trabalho de persistência
Se hoje o Sebrae é procurado, nem sempre foi assim. Responsável pelos projetos da área desde que passaram a ser oferecidos na agência, em 2003, Jussara lembra que à época a região não via o turismo como investimento. Foi preciso mobilizar os atores envolvidos, como prefeituras, entidades e os pequenos e poucos empreendedores que já existiam.
Processo difícil. Ela recorda que tomou muito chá de banco – especialmente em prefeituras.
Não raro, após horas de espera, não era recebida. Foi necessário, portanto, plantar a ideia de que o turismo merecia ser priorizado. Não era. “Não se tinha nem secretarias de Turismo, nem departamentos. Foi um trabalho de formiguinha, persistente, resiliente – só não desistimos porque gostamos do que fazemos”, afirma.
Para ela, o esforço valeu a pena. Hoje, segundo a gestora, o turismo está na pauta dos prefeitos. Há projetos da instituição para o setor em pelo menos 20 prefeituras, todos em andamento ou prontos para serem executados.
Um deles é no Morro Redondo, cujo roteiro, Morro de Amores, conta com a pegada do Sebrae, da prefeitura e dos próprios empreendedores. “No Morro Redondo está muito bem consolidado o entendimento de que a cooperação é que os faz crescer e que o turismo só funciona em conjunto. Um empreendedor não precisa oferecer tudo. Se um oferece hospedagem, outro oferece café. É o que acontece por exemplo no Refúgio Araçá; o café da manhã dos hóspedes é uma cesta produzida por uma produtora rural; o negócio dele é hospedagem, não fazer café. É uma cadeia produtiva que funciona. Esse entendimento que o Sebrae propõe talvez seja uma das nossas principais ações”, diz.
Nesta perspectiva o município só viu o turismo crescer. No início, em 2014, quando o trabalho teve início, eram “meia dúzia de empreendedores”. Hoje são 37.
“Nenhum roteiro ou produto se consolida se não for em conjunto, não se vende Morro Redondo ou um empreendimento do roteiro Morro de Amores, mas um conjunto de serviços. Restaurante, agroindústria, trilha, arroio – tem que ser cooperativo, foi uma grande sacada que a gente teve em Morro Redondo”, orgulha-se.
Arroio do Padre também merece menção. Há vontade política, lei municipal e um plano municipal de turismo, além de demanda latente dos empreendedores. “Vai crescer bastante, tem empreendimentos se qualificando, apoio do poder público e fácil acesso, é promissor”, afirma.
Desafio
Atrair público com poder aquisitivo maior. Este, para Jussara, é o próximo passo para tornar mais sólido o turismo rural na região. “Internamente, no âmbito regional, está muito bem”, reconhece. “Mas é preciso qualificar mais os empreendimentos por meio dos projetos que temos.”
Projetos, aliás, não faltam na Agência do Sebrae este ano. Investimentos previstos com apoio de parceiros somam R$ 1 milhão – com 40% em contrapartida (empreendedor, prefeituras e iniciativa privada). Várias ações de promoção estão prontas para sair do papel, com contratação de influenciadores para promover empreendedores, fantours e fanpress, além de participação em festivais e em festas de turismo.