A busca por alternativas para a produção de alimentos limpos que respeitem o consumidor e o meio ambiente é o objetivo do grupo do Organismo de Controle Social para produção orgânica (OCS) “Orgânico é vida”, de Turuçu, registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desde 2019. Porém, a caminhada do grupo, que hoje conta com oito famílias, é muito anterior a esse registro, explica a extensionista rural da Emater local, engenheira agrônoma Janaína Silva da Rosa.
Segundo ela, em 2016 já havia tratativas para a formação de um coletivo de produtores orgânicos, sendo solicitado por algumas famílias e incentivado pelos técnicos da Emater/RS-Ascar para, através do controle social, buscar a adequação à legislação e registro no Mapa para venda de produtos orgânicos direto ao consumidor.
“O processo para a obtenção do certificado de produção orgânica serviu como motivação às famílias na produção de alimentos saudáveis e em harmonia com o meio ambiente”, ressalta.
A agrônoma conta que as reuniões do OCS são periódicas, em forma de rodízio, para que todas as propriedades dos integrantes sejam visitadas. “Nessas reuniões, os técnicos da Emater de Turuçu e os agricultores tratam das normativas de produção orgânica e das responsabilidades de se criar e manter um OCS, combinando com práticas e trocas de experiências”, diz. Além dessa troca de aprendizado interna, exemplos também foram trazidos a partir de visitas realizadas para conhecer OCS’s e propriedades orgânicas em Rio Grande e São José do Norte, conta a extensionista, o que teve o apoio da Prefeitura Municipal e dos escritórios locais da Emater.
Ela explica que dentro da proposta de trabalho do grupo, um dos temas de destaque são as plantas bioativas, que foi o ponto de partida para a criação da Lei Municipal de Fitoterápicos e Plantas Medicinais, parceria entre Prefeitura Municipal de Turuçu, Câmara de Vereadores, IFSul/Cavg-RS e Emater/RS-Ascar e o projeto de extensão com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-grandense (IFSul) para assessoria e doação de matrizes de plantas medicinais orgânicas, com garantia de origem e identificação de espécie. “Almeja-se um dia produzir plantas medicinais, temperos e condimentos para comercialização na Cooperativa Municipal, no SUS e nos mercados institucionais”, ressalta.
Mesmo a pandemia não foi capaz de desarticular o grupo, que se manteve com encontros online e atividades à distância, conta a agrônoma. Já em 2022, com a possibilidade de retomada das atividades presenciais, o grupo tem se concentrado na busca de conhecimentos e práticas para manejo da produção orgânica. “No momento, de posse do certificado para produção e comercialização orgânica, o OCS Orgânico é Vida está buscando cada vez mais conhecimento, aprendizado e aplicação prática na produção orgânica”, destaca Janaína.
Durante este ano, sob orientação e o apoio técnico da Emater, o grupo tem focado suas práticas nas oficinas de demonstração de método, destacando-se as oficinas de produção de biofertilizantes enriquecidos e de caldas fitoterápicas para controle e repelência de insetos e doenças.
Na sequência serão realizadas oficinas de propagação de plantas e de poda de frutíferas. Além disso, o espaço é utilizado para troca de sementes e insumos utilizados nas propriedades. “Para muitos, a produção orgânica é algo muito recente na propriedade, outros já possuem mais prática, mas todos têm muita cautela e compromisso com o que está na legislação”, diz a extensionista, ressaltando, a união e motivação do grupo para a busca destas alternativas de produção.