Um novo projeto financiado pela prefeitura do Rio Grande possibilitará o monitoramento da qualidade do ar e as características meteorológicas da região, com informações contínuas sendo disponibilizadas a cada dez minutos. A operação e os relatórios semestrais serão administrados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que assinou convênio com o município durante o mês de dezembro.
O prefeito Fábio Branco relata que esse convênio terá duração de quatro anos, com uma importância fundamental para a cidade, “principalmente por toda a preocupação que temos com as mudanças climáticas. Queremos, em um futuro breve, neutralizar a emissão de carbono, entregando um município mais sustentável para as próximas gerações”, ressaltou.
O primeiro relatório será apresentado até o final deste mês, conforme relatou a professora do Instituto de Geociências da UFRGS e coordenadora do projeto, Rita Alves. “Além do monitoramento, também será realizado um estudo da bacia aérea do município, considerando todos os empreendimentos instalados na área industrial nos últimos cinco anos”, explicou.
O governo municipal, em conjunto com a Secretaria de Município do Meio Ambiente, decidiu fechar o convênio para ter uma ferramenta de tomada de decisão. “Até onde sabemos, é o primeiro projeto com essa natureza. Não existe um outro sistema de monitoramento e simulação voltado para a avaliação de instalação de novos empreendimentos que tenham efeito sobre a qualidade do ar”, relatou a coordenadora adjunta do programa, professora Tatiana Silva.
Com isso, o monitoramento também auxiliará no resgate do projeto da Usina Termelétrica de Rio Grande. “A UTE Rio Grande será o maior investimento privado da história do Estado e nos tornará autossuficientes em gás, permitindo também a expansão de uma série de outras atividades na indústria”, explicou o prefeito Fábio Branco.
Projeto inovador
A cidade de Rio Grande é lembrada pelas atividades portuárias e pelo seu parque industrial, mas também quer ser conhecida pelas ações de mitigação das emissões de gases poluentes. “O que construiremos aqui poderá servir de exemplo para outros municípios do país”, destacou a professora Tatiana Silva. O monitoramento da qualidade do ar entre os municípios do Brasil gira em torno de 1,7%, estando em sua maioria alocado na região Sudeste do país, segundo o Estado da Qualidade do Ar no Brasil, coordenado pelo instituto de pesquisas socioambientais World Resources Institute (WRI).
O secretário de Meio Ambiente do Rio Grande, Pedro Fruet, explicou que o convênio dará condições para a gestão tomar decisões baseadas em dados, além dos benefícios à saúde da população. “Esse investimento está sendo feito com recursos próprios da prefeitura, como uma solução assertiva tanto para mitigar os danos causados pelas emissões existentes do nosso complexo industrial e portuário, como também, sabendo a real capacidade de atração de novos negócios de forma sustentável”, avaliou.
Para a universidade, o projeto também é promissor, destaca Rita Alves, ao explicar que o programa viabiliza a formação de recursos humanos na área ambiental, visto que devem participar alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado. Além disso, o trabalho trará resultados importantes para as pesquisas desenvolvidas no laboratório de meteorologia e qualidade do ar da UFRGS.
O programa, que recebe o amparo administrativo da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs), prevê ainda a capacitação dos agentes fiscalizadores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Rio Grande. O objetivo é criar melhores condições de negociação junto aos órgãos licenciadores e, também, uma maior divulgação de informações a respeito dos dados que serão coletados.