Cuidados com a Covid reduzem também a ocorrência de resfriados comuns nesta época

Sílvia Macedo atua na linha de frente no atendimento a pacientes com Covid-19 (Foto: Divulgação)

O período outono/inverno tem, naturalmente, a maior ocorrência das denominadas síndromes gripais e a recomendação para quem possui doença respiratória crônica, tais como rinites, sinusites, alergias, enfisemas e outras, é de manter um tratamento durante todo o ano, sempre com orientação médica, para evitar que estas condições venham se agravar nesta fase, com a ocorrência de uma crise e infecção associada. A recomendação é da médica pneumologista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) – unidade filiada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) -, Sílvia Macedo, que atua na linha de frente ao atendimento a pacientes com Covid-19 e é também professora de Pneumologia da Faculdade de Medicina da instituição.

Ela observa que as medidas tomadas para evitar a contaminação pelo coronavírus, especialmente o distanciamento social e, principalmente, por evitar a exposição de várias pessoas em ambientes fechados se refletiram, ainda, na diminuição da frequência dos resfriados comuns, o que ela tem notado em seu consultório e relatado por outros colegas de profissão.

“A ausência das crianças na escola, onde estão expostas a muitas infecções virais, modificou este perfil epidemiológico e provocou a redução na frequência também dos resfriados comuns”, diz a médica. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que as crianças saudáveis podem ter de oito a dez resfriados no ano.

Uma das formas de prevenir as infecções virais e buscar a imunização é a vacina da gripe. “É importante ser feita por pessoas com mais de 60 anos, ou que apresentem condições crônicas de saúde, e aqueles que podem carregar o vírus como professores e profissionais de saúde”, comenta.

Segundo ela, depois que se intensificou a vacinação contra a gripe, diminuiu a mortalidade por doenças respiratórias no Rio Grande do Sul e no Brasil. “A gripe por si só pode ter quadro grave, mas é frequente que o vírus sirva como porta de entrada para infecções bacterianas com a ocorrência de pneumonias”, destaca a profissional.

Contra a Covid-19, por não existir ainda uma vacina, a recomendação da médica é manter o estado imunológico alto e todas estas atitudes que estão sendo tomadas agora, como distanciamento social, uso de máscara, álcool gel, lavagem frequente das mãos, manter ambientes bem ventilados e, evitar contato com outras pessoas caso apresente sintomas respiratórios. “A Covid-19 é um vírus que se transmite através de gotículas produzidas a partir de espirro, tosse, fala, movimentos respiratórios. Esta secreção pode alcançar outras pessoas ou, ainda, pelo toque em superfícies contaminadas com o vírus e após contato com olhos, nariz e boca e, isso vale para outros vírus respiratórios”, afirma Sílvia. Para melhorar a imunidade, a recomendação é uma dieta balanceada, com o consumo de alimentos que possuam proteínas, além de frutas, verduras e fontes de vitamina C e outros antioxidantes.

A expectativa da médica é de que até o ano que vem já se tenha alguma vacina. “Existem muitas pesquisas acontecendo e muitas com resultados significativos”, ressalta.
A profissional explica que existem sete tipos diferentes de coronavírus que podem causar doença entre os homens. A grande maioria causa quadros de resfriados comuns, porém o Sars-CoV-2 – que causa a Covid-19 – sofreu mutações, tornando-se mais agressivo e com maior poder de contágio de outros coronavírus descritos em humanos.

Quanto aos medicamentos, ela explica que, no caso do Influenza, a grande vantagem do Tamiflu, usado na epidemia de 2009, foi encurtar o tempo de duração dos sintomas. Para a Covid-19, há pesquisas com algumas medicações, mas o principal procedimento tem sido oferecer o melhor tratamento com suporte respiratório até que o sistema imunológico reaja contra o vírus. “A estimativa é de que 15% a 20% dos pacientes vão precisar deste tipo de suporte e 80% serão assintomáticos ou terão quadros leves, lembrando sintomas de resfriado”, finaliza a médica.

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