Desde o final de 2020, os brasileiros veem um aumento no preço da carne bovina, o que, a princípio, gerou uma troca por parte do consumidor por outras proteínas mais baratas, como a carne de frango, por exemplo. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, o aumento dos preços da carne bovina ocorreu, principalmente, a partir do mês de outubro de 2020, quando a oferta de bovinos para abate diminuiu em todo o País. “Naturalmente, os consumidores buscaram alternativas mais baratas em função de que a sua renda não evoluiu na mesma proporção”, ressalta.
Nestes períodos, aponta Lauxen, a tendência é de aumento no consumo de carne de frango e suína. “Estimamos que no momento em que o Brasil volte a registrar maior estabilidade e crescimento da economia, o consumo de carne bovina deverá voltar a crescer”, acredita.
Segundo ele, o aumento do preço da carne bovina se deve a um conjunto de fatores, entre eles, o aumento dos custos de produção no campo (insumos, milho), clima (seca), a diminuição da oferta de gado para abate, o que elevou os preços do boi e, também, o aumento da demanda externa, com preços acima do mercado interno. “Temos a expectativa de que, nos próximos três meses, poderemos ter uma queda nos preços do boi, devido ao período de safra no Rio Grande do Sul e consequente aumento de oferta”, diz.
Se esta queda ocorrer, os frigoríficos certamente diminuirão, proporcionalmente, os preços da carne praticado no atacado. Mas, de acordo com Lauxen, a redução dos preços ao consumidor final dependerá dos varejistas. No entanto, a previsão é de que os valores não retornarão aos patamares praticados antes de 2020, devido ao aumento dos custos de produção registrados no período. “Em relação ao futuro, o que deverá regular os preços é o ajuste na oferta de gado para abate”, projeta.
Com os preços altos, uma possibilidade que não pode ser descartada, conta o presidente, é o crescimento da venda e consumo de carne não certificada, fruto de abate clandestino. “Para isso, contamos com os órgãos públicos que são responsáveis pelo controle e fiscalização para inibir estas irregularidades”, afirma.
Ao mesmo tempo, ele ressalta a importância da conscientização dos consumidores para que exijam a procedência e qualidade na hora da compra, pois esta é uma questão de saúde pública.
Recentemente, o Rio Grande do Sul teve a aprovação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) do novo status sanitário de zona livre de aftosa sem vacinação. Conforme Lauxen, no caso da carne bovina o novo status sanitário poderá abrir novas frentes no mercado externo para o estado, o que ainda não aconteceu. “O principal mercado da carne produzida no Rio Grande do Sul ainda é o interno, que absorve cerca de 80% da produção”, afirma.
Em 2020, foi registrado um aumento nas exportações de carne bovina, especialmente para a China e Hong Kong, que, juntos, absorveram 60% dos volumes exportados. “A expectativa é de que a demanda internacional continue em alta devido ao aumento de consumo em regiões que estão em desenvolvimento”, finaliza.
Sobre o Sicadergs
O Sicadergs é uma entidade formada por 50 empresas, que representam cerca de 70% da produção de carne bovina no Rio Grande do Sul. O setor gera cerca de 15 mil empregos diretos, além de 50 mil indiretos. A atividade frigorífica tem relação com inúmeras outras, sendo fornecedora de insumos para os setores coureiro-calçadista, de gorduras animais, biodiesel, produtos de higiene e limpeza, cosméticos, indústria farmacêutica, produtos pet, rações, artesanato, entre outras, além de demandar atividades como transporte, equipamentos, materiais de uso e consumo, energia, combustíveis, embalagens, produtos químicos, e outros. Esta cadeia produtiva, que vai desde o campo até a mesa dos consumidores, tem uma importância vital para a economia do estado e do país.