Produtor busca mercados para a goiaba, vista como alternativa de renda na entressafra do pêssego

Fruticultor Mauro Scheunemann já chegou a produzir 60 toneladas da fruta em sua propriedade, na Colônia Maciel, em Pelotas, mas hoje não chega a dez toneladas. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

Enquanto os pessegueiros passam pelo período de dormência e tratos culturais, ocorridos nos meses do outono, entre abril e junho, uma outra fruta, a goiaba, expressa todo o seu potencial produtivo. Indicada como alternativa de renda à propriedade, neste período, a goiaba é cultivada em 20 propriedades de Pelotas, numa área total de 15 hectares.

Mas estes números já foram maiores. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Municipal, Rodrigo Bubols, o incentivo se deve ao alto teor de vitamina C da fruta, superior até mesmo à laranja e por isso, o seu consumo é incentivado, especialmente neste período de inverno, quando ocorre a maioria dos casos de síndromes gripais.

“Sempre houve a questão de se ter uma cultura para diversificação com a nossa principal frutífera, que é o pêssego”, ressalta o agrônomo. Na entressafra, o produtor teria um tempo maior para se dedicar à produção e comercialização da goiaba, diz. No entanto, o entrave está justamente na comercialização.

“O potencial de produção é excelente aqui na região, com produtividades acima de 40 a 50 toneladas por hectare”, ressalta. Segundo o agrônomo, pelo potencial produtivo da região e pelo perfil do produtor de ser acostumado à produção de frutas, há um potencial grande de aumento de área. No entanto, a falta de comercialização leva os produtores a deixarem de investir na cultura e a reduzirem áreas, aponta.

Engenheiro agrônomo aponta que incentivo à produção se deve ao alto teor de vitamina C da fruta, superior até mesmo à laranja. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

Foi o que aconteceu na propriedade do fruticultor Mauro Scheunemann, na Colônia Maciel, em Pelotas, onde chegou a produzir 60 toneladas da fruta e hoje não chega a dez toneladas. Num pomar remanescente, implantado em 2007 com a variedade Paluma, o potencial de produção é evidenciado pela grande quantidade de frutos, colhidos entre os meses de maio a julho.

“Esta variedade tem como característica a menor quantidade de sementes e bastante polpa, com rendimento muito grande para a indústria, com aproveitamento entre 80% e 90% de polpa”, diz. Por isso, é muito indicada para a produção de doces e sucos, salienta o produtor.

Outro diferencial é a alta produtividade, que pode chegar a 100 quilos por planta, geralmente alcançado em anos de chuvas normais, diz. No entanto, ele lamenta a falta de interesse pela fruta tanto pela indústria, quanto pelo mercado in natura, em que há pouca aceitação. Ele relata ainda as dificuldades de logística, por se tratar de uma fruta sensível, com ciclo de maturação bastante curto.

Nesse sentido, cabe ao produtor ir atrás desses mercados e, segundo Scheunemann, entre as alternativas de venda, tem conseguido comercializar junto ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que depende de projeto prévio, e também a uma indústria de sucos. “Temos que trabalhar com um produto que tenha algum mercado e estamos sempre buscando estes mercados”, conta.

Na venda in natura, apesar de não ser significativa, o produtor obtém em torno de R$ 2 a R$ 2,50 pelo quilo da fruta. O grande apelo para incentivar o consumo e com isso, melhorar as vendas são as propriedades nutricionais da fruta, aposta o produtor.

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