Impacto da crise climática sobre os empregos rurais é tema de reunião entre presidente da Fetar-RS e oficiais da OIT

Oficiais da OIT estão no Rio Grande do Sul estudando os danos das enchentes para orientar a ajuda econômica e social de instituições internacionais. (Foto: Divulgação)

O presidente da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais do Rio Grande do Sul (Fetar-RS), João Cezar Larrosa se reuniu nesta quinta-feira (20) com o oficial nacional da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, José Ribeiro, com a conselheira-técnica chefe do Nexo Humanitário-Desenvolvimento-Paz da OIT, Nieves Thomet e com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), Gabriel Bezerra para tratar sobre o impacto da crise climática no Rio Grande do Sul sobre os empregos rurais.

Desde o início da semana os oficiais da OIT estão no estado reunindo-se com representantes de entidades sindicais, entidades patronais, Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e governo estadual com o objetivo de realizar um estudo sobre os danos causados pelas enchentes nos setores produtivos. O relatório das visitas servirá de base para a tomada de decisão dos gestores do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) das Nações Unidas com relação às ações de ajuda para a recuperação econômica e social do Rio Grande do Sul.

“É extremamente importante para a OIT inserir, neste estudo, o impacto sobre o emprego e também no trabalho decente, pois não é somente a oferta de emprego que pode ser perdida no curto ou longo prazo, mas também condições de trabalho decente, o que inclui o crescimento do trabalho informal, do trabalho infantil, trabalho análogo à escravidão, discriminação das mulheres e outras minorias e comunidade marginalizadas”, explica Nieves.

A oficial lembra, ainda, que outro objetivo das reuniões é reforçar que o Brasil é signatário da Recomendação n° 205 da OIT, sobre o papel do trabalho decente e do emprego para o desenvolvimento da paz e da resiliência e que convênios como este não perdem a validade mesmo em situações de crise.

Avaliação e preocupações

A análise do presidente da Fetar-RS é de que o maior impacto da crise está sobre as populações urbanas, uma vez que as maiores perdas no agronegócio estão na cultura da soja, que ocupa um número reduzido de trabalhadores assalariados. “Os representantes do setor patronal apresentam números de uma super safra no RS, o que nos dá a garantia de não haver perdas de postos de trabalho, mesmo que os salários pagos, atualmente no agronegócio, não sejam atrativos aos trabalhadores”, afirma Larrosa.

A demora do governo estadual em apresentar alternativas para o problema habitacional gerado pelas enchentes como o deslocamento de bairros inteiros de algumas cidades, foi uma das grandes preocupações das entidades, conforme Bezerra. “Os trabalhadores assalariados rurais residem, em sua maioria, nas periferias das cidades, em áreas atingidas e até agora não sabem onde e como irão morar”, pondera.

Outro ponto que, de acordo com Larrosa e Bezerra, merece atenção é a falta de ações efetivas do governo estadual para o aproveitamento de trabalhadores safristas de outras regiões do estado nas cadeias produtivas da Serra. “A falta de um sistema organizado de cadastramento e encaminhamento de mão de obra de regiões menos desenvolvidas, como o Sul e a Fronteira Oeste para as safras da Serra seria uma alternativa de geração de renda para trabalhadores afetados pela crise climática e, também, de combater a informalidade e o risco de situações trabalho análogo à escravidão”, observa Larrosa.

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