Cultura da cebola no Rio Grande do Sul enfrenta desafios com novo Zoneamento Agrícola

Cultivada majoritariamente pela agricultura familiar, a cebola vem sendo produzida há mais de 200 anos nessa região, envolvendo cerca de 1.500 famílias em 2.400 hectares na atual safra. (Foto: Cesar Demenech, da Emater/RS-Ascar)

A cultura da cebola no Rio Grande do Sul desempenha um papel significativo nas esferas social e econômica dos municípios da península e margens da Lagoa dos Patos, incluindo Rio Grande, São José do Norte, Tavares e Mostardas. Cultivada majoritariamente pela agricultura familiar, a cebola vem sendo produzida há mais de 200 anos nessa região, envolvendo cerca de 1.500 famílias em 2.400 hectares na atual safra.

O Subcomitê da Cebola, entidade que reúne diferentes elos da cadeia produtiva da cebola, atua desde 1998 na discussão de questões relevantes para o desenvolvimento das famílias produtoras na região. Na semana passada (15), o Subcomitê realizou uma reunião com representantes da Emater/RS-Ascar, Embrapa, secretarias municipais de Agricultura e agricultores para discutir o impacto do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) na península. O Zarc, instituído pela Portaria SPA/MAPA nº 04 de 07 de fevereiro de 2024, entrou em vigor em 1º de março de 2024, atendendo a uma demanda do setor.

Durante a reunião, os extensionistas dos quatro municípios produtores de cebola destacaram que as características ambientais da península, aliadas à experiência dos agricultores, acesso ao crédito e a novas tecnologias, têm resultado em produtividades crescentes e alta qualidade. No entanto, explicaram que a portaria criou dificuldades no acesso ao crédito, devido às peculiaridades do ambiente, como solo, relevo, lençol freático e clima, além da prática de cultivo, que envolve semeadura em canteiros e posterior transplante, e impôs restrições ao período de plantio e às variedades.

Em resposta às preocupações levantadas, foi elaborado um documento assinado pelo presidente do Subcomitê da Cebola, Rui Lemos, e pelo coordenador da Câmara Setorial da Cebola, Fábio Martins. O documento foi entregue ao MAPA, solicitando a suspensão da portaria até a realização de um novo estudo, que considere as características especiais da região, onde a produção de cebola em escala comercial é realizada há mais de dois séculos.

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