Apesar do início de retomada econômica, o setor de Alimentação Fora do Lar está em alerta com o momento atual e o saldo deixado pela pandemia. De acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 47% dos bares e restaurantes gaúchos têm faturamento menor comparado com o período anterior a pandemia. Os dados apontam que 3 em cada 10 estabelecimentos conseguiram superar a receita alcançada em 2019.
Aos poucos, o ramo da Gastronomia está começando uma melhora no desempenho. No entanto, o cenário atual é de preocupação para os estabelecimentos que tem 20% dos funcionários afastados por gripe ou Covid toda semana desde dezembro. Para Maria Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel no RS, os empresários do segmento estão com a esperança de que os negócios melhorem, mas atentos a esse novo momento e os seus desdobramentos.
“O setor está em recuperação, mas ainda com incertezas e inseguranças pelo momento da pandemia”, aponta Maria Fernanda, que conclui, “Temos esperança que não vai ter nenhuma restrição como em outros locais do Brasil. Não podemos ter mais um retrocesso como esse”.
Mesmo com 37% dos estabelecimentos ainda operando no vermelho, o setor de Alimentação Fora do Lar conseguiu iniciar uma retomada econômica em 2021. A presidente da Abrasel no RS projeta um grande ano em 2022 e destaca que a expectativa é que as empresas deixem de trabalhar no prejuízo e consigam equilibrar suas contas.
Outro fator que teve um destaque no ano passado para o ramo de Gastronomia foi a geração de emprego. A pesquisa da entidade aponta que 15% dos estabelecimentos contrataram em dezembro em relação a novembro. Para o primeiro semestre de 2022, 24% dos empresários têm a expectativa de empregar novos funcionários. Maria Fernanda Tartoni explica que a tendência é de uma estabilização no aumento de postos de trabalho devido à migração para o litoral. A tendência é de uma retomada a partir de março.
Refinanciamento de dívidas
Com o recente veto do Presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (Relp), o cenário é de grande preocupação para os bares e restaurantes. No Rio Grande do Sul, 7 em cada 10 empresários estavam na expectativa de adotar o programa de imediato e o restante aguardando para saber das condições. Mais da metade dos empresários estão com parcelas do Simples em atraso.
Na visão da presidente da Abrasel no RS é imprescindível ter um projeto que traga melhores condições para os empreendedores na questão do endividamento devido ao alto volume de contas que precisam ser pagas.
“É vital para o setor ter um programa de refinanciamento de dívidas. Além de muitas pessoas seguirem operando no prejuízo, ainda tem o endividamento. É preciso renegociar os valores, pois não temos como arcar com mais esse custo de juros e multa do momento de pandemia”, contextualiza Maria Fernanda Tartoni.
Confira os dados da pesquisa realizada pela Abrasel:
– 47% dos empresários têm faturamento menor do que antes da pandemia. 31% afirmam que o faturamento é menor.
– 37% dos estabelecimentos estão operando no prejuízo.
– 15% aumentaram o quadro em dezembro na comparação com novembro. Média nacional é de 27%.
– 24% têm a expectativa de novas contratações e 65% espera manter o quadro de funcionários.
– 76% dos empresários afirmam que conseguiram pagar integralmente o 13º salário dos funcionários
– 76% têm empréstimos bancários contratados. Destes, 15% estão com pelo menos uma parcela em atraso. Entre os devedores, 36% têm parcelas vencidas há mais de 90 dias.
– 69% queriam adotar o Relp de imediato.
– 55% dos entrevistados têm parcelas do Simples Nacional em atraso. Destes, 79% têm medo de sair do regime fiscal diferenciado.