Eu era coordenador da 26ª Região Tradicionalista do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e acompanhei o CTG Raízes do Sul em uma viagem a Avaré (SP), de 10 a 12 de julho de 1998, para passeios e apresentações artísticas no CTG Caetano Castignani.
Realmente foi uma viagem inesquecível em vários sentidos. Lá fizemos várias apresentações de danças tradicionais, muitos amigos, comemos muito churrasco (até no café da manhã acompanhava o churrasco). A viagem de ônibus já deixou várias lembranças, pois a gurizada do Raízes era sensacional, não paravam quieto nem para deixar os outros dormirem, era bolinha de papel para lá, era bolinha de papel pra cá (e eu tava sempre no meio), e mesmo lá no alojamento do CTG a farra era grande. Eu inventei de atirar bolinha de papel molhada nos guris dentro do banheiro e, quando eu estava no vaso sanitário, me atiraram, além de bolas de papel, até cestos de papel limpos que estavam perto das pias, e eu não podia reclamar hehehe e nem queriam saber se eu era o coordenador e sim um igual a eles, foi muito divertido.
Mas nessa viagem encontramos um senhor, que era de origem japonesa, que estava lá para divulgar um acontecimento. Era o Sr. Masataka Ota, pai do menino Ives Yoshiaki Ota, que tinha 8 anos de idade. Ele havia sido brutalmente assassinado por um funcionário que era segurança na “loja de R$ 1,99” da família.
Em função da brutalidade do crime o mesmo teve repercussão nacional e, em setembro de 1997 os pais de Ives Masataka e Keiko fundaram o Movimento da Paz e Justiça Ives Ota, o que justificava a presença de Masataka naquele dia no Rodeio de Avaré para divulgar e entregar panfletos sobre a criação do Movimento.
Nos chamou a atenção que o casal foi visitar os bandidos na prisão e os perdoaram, outro fato foi que, em visita a Chico Xavier o pai foi informado de que o Ives estava retornando, pois havia cumprido a missão e retornaria no corpo de sua irmã Izes (Keiko nem sabia que estava grávida e, aos 42 anos deu a luz a Izes). Realmente este encontro foi também inesquecível e muito ajudamos a divulgar o Movimento criado pelos Ota.
Terminado o evento retornamos para Pelotas, onde parávamos para fazer lanche era uma zoeira só com músicas e danças até no meio da rua. Muito me diverti naquela viagem que até às vezes volto a ver na gravação que fizemos, que está no YouTube, e resolvi contar para vocês.
Até hoje muitos me perguntam de onde vem esse nosso amor pelo Raízes e eu digo que começou naquela viagem inesquecível.
Aproveito para desejar um feliz Natal a todos amigos, com muita saúde, paz e reflexão sobre o que representa esta data tão importante.