A porta estava entreaberta, descortinando mistérios então, me esgueirei por ela, lentamente, redescobrindo os sons antigos guardados nos cofres da memória.
Todos os segredos estavam ali impregnados nos corredores, por trás dos sorrisos que esperavam a minha visita. Fundi-me com o que me rodeava e me incorporei ao entorno, pois o tempo escreve, em mim também, a sua passagem com letras irregulares, que contam histórias e assinalam lembranças.
E aconteceu o convite para usufruir as doçuras preparadas com esmero na temperança do sempre, que se fazia dádiva e presente.
No aconchego da reunião festiva se encontravam todos para a culminância do dia e, na paz das tarefas cumpridas, saborear os doces e iguarias de aromas inesquecíveis, elaborados com doses incalculáveis de sabedoria e carinho, daquelas que se acondicionam no armário da infância.
Com certeza, ouvi os risos correndo pelo imenso salão e os sussurros que o tempo não conseguiu silenciar. Vi as artesãs de sabores no afã de criar emoções em seus quitutes apetitosos. Partilhei dos olhares curiosos, percorrendo as prateleiras cheias de vidros encantados repletos de doces cristalizados. Apreciei cada delícia como quem descobre um tesouro.
Fadas fascinantes com o bater de asas multicoloridas deixavam suas marcas nos manjares, dançando num arco-íris sincronizado com suas mãos hábeis a pacientemente esperarem o ponto certo das guloseimas. Gestos perpetuados através das receitas que, delicada e propositalmente, compartilham com todos, as doceiras pelotenses, únicas e especiais.
Pelotas, em tardes e noites de outono, se enfeita com calçadas de ouro, paredes de esmeralda e ruas de cristal, descortinando a graça e a doçura, que vivem em suas artérias, como legado de uma época que pode se renovar a cada dia e sempre.
A porta continua aberta. Entrem e se preparem para deliciosas surpresas!
Doces? – Bem-Casado, Camafeu, Ninho, Pastel de Santa Clara, Papo de Anjo, Olho de Sogra, Quindim, Queijadinha, Brigadeiro, Pastel de Belém, Trouxinha; só para citar alguns.
Com certeza, os melhores do país! Aqui em Pelotas para o proveito e degustação de todos os forasteiros e de toda a comunidade.
Na SEMPRE DOCE PELOTAS!
Uma crônica com açúcar com afeto!