
Não é segredo que aqueles botões – aparentemente inúteis – nas mangas dos casacos sociais, geralmente quatro de cada lado, são herança de antigos uniformes napoleônicos.
Uniformes bonitos, bem cortados, mas que poucos dias depois ficavam emporcalhados pela soldadesca, que sem cerimônia limpava a boca e o nariz naquelas mangas azuis.
Para evitar que ficassem imundos, a solução foi arrematá-los com diversos botões, impedindo qualquer esfregada suave no rosto. Que usassem guardanapos!
Ficou bonito o arremate, virou moda e perdurou até hoje.
Nossa gauchíssima bombacha também tem origem na caserna.
Terminada a Guerra da Crimeia (1853 a 1856) o governo da França ficou com um encalhe de 100 mil calções largos que havia mandado costurar para vestir o exército turco, seu aliado. Um antenado diplomata francês, creditado na Argentina, ofereceu os “Pantalones Turcos” ao governo dos hermanos, que aceitaram o negócio mediante troca de mercadorias.
Para termos ideia do impacto do negócio, basta verificar que na época a população de Montevidéu era pouco maior que 30 mil pessoas. Buenos Aires, capital do governo que bancou o negócio, tinha 90 mil habitantes. Ou seja: vieram bombachas suficientes para os homens da Argentina, do Uruguai e pra gauchada brasileira da fronteira. 100 mil largas bombachas!
Naquele conjunto só havia duas opções de cores. Ou cinzenta (“gris ojos de perdiz”) ou branco perolado (“blanco sucio, o isabelino”). As cores do uniforme do exército otomano da época.
Dessa mesma guerra da Crimeia perduram ao menos outras duas contribuições: os Casacos Cardigans e as mangas Raglan.
Lord Cardigan usava um casaco e com ele combatia a cavalo. Usava um na famosa “Carga da Cavalaria Ligeira”. Alguns historiadores dizem que dele, só o que prestava era o casaco, hoje um clássico consagrado.
Já o Lord Raglan, conhecido por sua valentia, havia perdido um braço numa grande refrega na batalha de Waterloo.
Valente como poucos, resolveu seguir na ativa com um só braço, com o qual manejava a espada. Mandou seu alfaiate criar um casaco com uma manga cortada no sentido diagonal, de maneira que ele pudesse dobrar o tecido e prender junto ao corpo, impedindo que aquela manga vazia o atrapalhasse quando tivesse que – com o braço remanescente – brandir sua espada em batalha. Criou a manga – ótima para gabardines e casacões – que ganhou seu nome.
Voltando aos botões de Napoleão, outros são igualmente lembrados em algumas aulas de química e física.
Aqueles haviam sido confeccionados em estanho e, ao enfrentarem as terríveis temperaturas negativas do inverno russo, o metal entrou em “transição alotrópica”.
Resumindo: o frio constante produziu uma reação química que desmanchou botões e presilhas, que viraram pó, criando uma outra enorme dificuldade para milhares de soldados mal agasalhados e -de uma hora para outra – impedidos de abotoar calças e casacos.
Os exemplos são intermináveis. O Cardeal Richelieu nos legou – além do bordado que leva seu nome, as facas com a ponta arredondada. Não suportava convidados com o péssimo costume de limpar os dentes na mesa depois das refeições com a ponta dos talheres. Como não podia evitar os convidados, mandou limar suas facas e resolveu o problema.
Em Brasília estão adiantadas as tratativas para os atos solenes que lembrarão um ano do 8 de janeiro de 2023.
No Congresso, os Presidentes da Câmara e do Senado, mais o Presidente da República e o Presidente do Supremo Tribunal Federal – os três poderes, portanto, receberão autoridades para um ato cívico em defesa da democracia.
Todos os governadores estão sendo convidados.
Um feliz ano novo a todos. Até breve!