“Onde foram parar minhas lembranças?”

Manoel Jesus, educador. (Foto: Divulgação)

Já evoluímos bastante no conhecimento das atividades do cérebro. No entanto, como em qualquer tratamento do ser humano, doenças ou deficiências desta área do corpo precisam de um diagnóstico individual. Embora a cultura popular induza a que as pessoas acreditem nos “achis­mos”, automedicar-se ou seguir receitas dos “doutores Google e YouTube” pode ser um perigo que retarda um tratamento adequado, com sequelas que poderiam ter sido evitadas, afetando, em diversos níveis, todas as formas de convívio.

O aumento na expectativa de vida traz a possibilidade de se viver mais. No entanto, ainda não se consegue estender à maior parte da popu­lação a qualidade de vida que todos merecem. Inclusive no que se refere à preservação das memórias. Esquecimentos – ou seus males correlatos – são daqueles que as pessoas e a própria família preferem não comentar. Com idosos ficando cada vez mais reclusos em seus lares, muitas vezes prejudicando o seu convívio social. Um preconceito que restringe a sua própria liberdade.

Os lapsos de memória sãos os mais comuns e podem acontecer em qualquer etapa da vida, mas se intensificam quando se avança em idade. Variam de esquecimentos breves e inocentes, como perder algum obje­to ou olvidar o nome de alguém próximo, até casos mais preocupantes, que sinalizam problemas de saúde. Ansiedade, depressão, alterações no sono, infecções ou doenças neurológicas estão entre os motivos de preocupação quando começam a aparecer os primeiros sinais e, depois, ao se tornar uma constante.

Entre as doenças neurológicas, hoje, se fala bastante no Alzheimer – uma das formas mais comum de demência. Ainda não se conhece as suas causas, mas se acredita que sejam geneticamente determinadas. O certo é que a doença se instala quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. E a própria demência, que não é uma doença específica, mas um grupo de sintomas caracterizado pela disfunção de, pelo menos, duas atividades do cérebro: a memória e o discernimento.

Conhecido disse não saber “onde foram parar minhas lembranças”. Elas não afloram, mas estão guardadas na mente que se esforça pelo contato com a realidade, tendo como referência rostos, momentos felizes e o carinho da família e amigos. Treinar a mente e o coração em qualquer etapa da vida, é o começo para definir melhor o fim de cada um de nós. Quem sabe, fazer “chantagem” e perguntar: “Mãe, já te disse, hoje, que te amo?” A senhora responde: “Não lembro”. Comprimi-la contra o peito e dizer muitas vezes para quem começa a trilhar a senda do esquecimento: “Eu te amo, eu te amo e eu sempre vou te amar…”.

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