O olhar das mulheres sobre a eleição de 2024

Elis Radmann, cientista social e socióloga.

Imagine um conjunto de pessoas sentadas em torno de uma mesa repleta de comes e bebes conversando sobre a atual conjura da cidade, contando o que está bom e deve continuar, o que está ruim e deve mudar e, principalmente, aquilo que precisa ser feito e que nenhum prefeito o fez.

Agora, pense nesse debate sendo feitos por mulheres, de dife­rentes idades e bairros da cidade. Esse tipo de dinâmica realizada pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) se chama grupo focal, é uma técnica de pesquisa qualitativa que reúne um pequeno grupo de pessoas para discutir um tópico específico de forma aprofundada.

Neste tipo de estudo, as mulheres falam de política do seu jeito, sob seu prisma, que é diferente do modelo mental dos homens. Na maioria dos casos, elas são mais críticas quando o tema é relacionado a áreas como saúde, educação e segurança, por serem protetoras natas de suas famílias e conhecerem bem o funcionamento destes serviços públicos.

Acreditam que o próximo prefeito precisa ter a capacidade de cuidar do todo, mas sem perder a sutileza dos detalhes. Vão indicar que haja mais vagas nas creches, mas também vão alertar que o horário de funcionamento precisa estar em sintonia com o horário comercial das empresas.

Vão compartilhar da ideia de que saneamento básico é uma questão de saúde pública, mas antes lembrar que um prefeito não pode focar em saneamento e deixar as pessoas sofrendo com a falta de água.

As mulheres eleitoras sempre fazem um raciocínio mais com­pleto, olhando para a temática a partir de suas nuances. Precisam sentir confiança no candidato e, para isso, buscam informações ou percepções sobre a reputação deles. Gostam mais de pesquisar a vida dos candidatos nas redes sociais, analisar fotos e vídeos, fazer intepretações e mandar o que gostam, para o bem ou para o mal, para suas redes de relacionamento.

Também são as primeiras a levantar o coro da mudança, quando estão insatisfeitas. Em alguns cenários, aceitam a premissa de votar no candidato “menos ruim” ou até em um candidato carimbado com o “rouba, mas faz”.

Em média, um quarto das mulheres votam por critérios políticos. São aquelas que possuem uma relação com associações, ONGs, entidades representativas ou até partidos políticos. Neste grupo, é cada vez mais intensa a militância pela causa animal, que aglutina muitas mulheres, com cada uma tendo um papel. Tem a protetora que vai para a ação, tem as apoiadoras da protetora, tem as doadoras que viabilizam as ações e tem as que colocam a “boca no trombone”, indo para a internet relatar situações de maus tratos ou até mesmo perseguir candidatos acusados como omissos.

Não é à toa que os candidatos apresentam programas voltados para as mulheres e procuram trazer detalhes para tentar “encantar” este público que está cada vez mais arisco!

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