As recentes inundações no Rio Grande do Sul têm sido um lembrete alarmante dos impactos horríveis das mudanças climáticas. O desmatamento e o efeito estufa estão entre os principais causadores, contudo os responsáveis maiores ainda somos nós. A forma como nos alimentamos desempenha um papel significativo na emissão de CO2 na atmosfera. Pequenas mudanças em nossos hábitos alimentares podem contribuir grandemente para a redução dessas emissões. A seguir, apresento algumas estratégias práticas que vão te ajudar a diminuir a pegada de carbono através da alimentação, do descarte e das compras de alimentos.
Uma das maneiras mais eficazes de reduzir a emissão de CO2 e de aumentar a expectativa de vida é adotar uma alimentação mais leve em carne em que a base seja em vegetais e legumes. Um estudo recente conduzido por pesquisadores americanos, publicado no Environmental Health Perspectives, avaliou os impactos das escolhas alimentares nas emissões de gases de efeito estufa. Os autores relataram que dietas ricas em vegetais e com baixo consumo de carne podem reduzir significativamente as emissões de CO2, contribuindo para a diminuição das mudanças climáticas. Calma, esta não é uma coluna para te induzir a ser vegetariano, eu também não sou. A ideia é que você opte por refeições que incluam uma quantidade grande de frutas, verduras, legumes, grãos e oleaginosas, isso pode reduzir drasticamente a pegada de carbono.
Comprar alimentos locais, de agricultores conhecidos e sazonais é outra estratégia importante. Se puder, compre aqueles orgânicos da “feirinha” do seu bairro. Alimentos que percorrem longas distâncias, são “machucados” e antes de chegar ao seu prato acumulam uma grande quantidade de CO2 durante o transporte. Além disso, alimentos sazonais não só são mais frescos e saborosos, mas também requerem menos recursos para serem produzidos, já que crescem em condições ideais, e são mais baratos.
O desperdício de alimentos é um problema grave, contribuindo significativamente para as emissões de CO2. Jogar comida fora é sempre algo a ser evitado veemente. Estima-se que cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo é desperdiçado. Para evitar isso, planeje suas refeições. Ao fazer listas de compras, você evita que os alimentos da sua casa percam a validade rapidamente.
Outra estratégia simples que ajuda a evitar o desperdício é armazenar os alimentos corretamente. Deixar os produtos próximo do vencimento ou os que são mais perecíveis na frente, vai te ajudar a consumi-los primeiro. Aproveitar sobras de refeições e congelar alimentos que não serão consumidos imediatamente também são atitudes eficazes para reduzir o desperdício.
Escolher alimentos orgânicos é uma excelente maneira de diminuir a pegada de carbono. A agricultura convencional frequentemente usa pesticidas e fertilizantes sintéticos que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa. Os alimentos orgânicos, por outro lado, são cultivados sem esses produtos químicos, o que pode resultar em uma menor pegada de carbono. Além disso, práticas agrícolas orgânicas muitas vezes promovem a saúde do solo, que pode sequestrar carbono da atmosfera.
Reduzir o consumo de produtos ultraprocessados é outra abordagem ótima para a tua saúde. Produtos ultraprocessados geralmente requerem mais energia para serem produzidos e embalados, contribuindo para maiores emissões de CO2. Eles também tendem a ser menos saudáveis. Dar preferência a alimentos minimamente processados ou caseiros não só é melhor para a saúde, mas também para o meio ambiente.
Utilizar embalagens sustentáveis ao fazer compras é uma prática essencial. Leve suas próprias sacolas reutilizáveis e prefira produtos com embalagens mínimas ou recicláveis. A produção e o descarte de embalagens plásticas são grandes contribuintes para a poluição e a emissão de CO2. Comprar a granel pode ser uma ótima alternativa para reduzir o uso de embalagens. Adotar uma dieta mais sustentável não só beneficia o planeta, mas também nossa saúde. Cada refeição é uma oportunidade de fazer a diferença. #JuntossomosFortes.
Ref.: *Bouvard, V., et al. (2022). https://doi.org/10.1289/EHP9995