A pandemia deu intensidade e tensão ao ano de 2021. A vacina trouxe esperança e ativou o sentimento de superação. A população relata as dificuldades financeiras, mostra receio com a inflação e diz que é o momento de “arregaçar as mangas e trabalhar”.
Ufa, fazer pesquisa sobre o futuro do trabalho na atual conjuntura é uma experiência ímpar, em todos os sentidos. Tanto pela escuta ativa das “dores” atuais, quanto pela atenção e entendimento das preocupações futuras. E nesses aprendizados temos que entender que há equações complexas a serem resolvidas, tendo em vista que a reforma da previdência ampliou o tempo de trabalho e o avanço da tecnologia tem tirado vagas de emprego.
O IPO – Instituto Pesquisas de Opinião realizou um estudo sobre a influência da pandemia no “Futuro do Trabalho” e verificou que a mesma sensibilizou a população sobre a necessidade de qualificação ou requalificação profissional.
A pandemia impactou a realização do trabalho de mais da metade da população. A realidade do trabalho home office era possível para apenas 1/5 da sociedade gaúcha. Significa dizer que apenas 2 de cada 10 gaúchos conseguiram trabalhar de sua residência.
Na prática, toda essa nova realidade fez as pessoas repensarem, inclusive sobre os pontos positivos do trabalho remoto, 70,2% dos casos. Os que tiveram experiência satisfatória destacam que ganharam tempo, sem ter o deslocamento. Adquiriram a capacidade de compartilhar mais momentos e obrigações com a família e aprenderam a se organizar dentro do ambiente doméstico, se tornando mais produtivos.
Agora, o grande aprendizado trazido pela pandemia diz respeito à necessidade de qualificação, de compreender melhor a tecnologia e estar pronto para as inovações que estão chegando.
A pesquisa identificou que a necessidade de qualificação está presente em três grupos prioritários: a) nos jovens que querem e precisam entrar no mercado de trabalho, b) em parte dos profissionais que estão na ativa, mas não estão aprendendo a lidar com as novas tendências e c) nos desempregados que precisam de requalificação, se destacando as pessoas acima de 50 anos de idade.
Não dá para falar em indústria ou consumidor 4.0, com experiência unificada, em trabalho remoto com uso de inteligência virtual, em internet das coisas, em hiperautomação, entre outras tantas inovações que estão em curso, sem pensar no aprimoramento, treinamento e orientação da sociedade.
Durante a pandemia, mais da metade dos gaúchos pensou em se qualificar profissionalmente, fazer um curso ou um treinamento prático que lhe desse perspectivas, em especial, para entender ou dominar as atuais transformações digitais. A maioria não conseguiu se qualificar, mas reconhece que está havendo uma acentuada mudança tecnológica e se preocupa com o seu desenvolvimento pessoal.
Avaliam que algumas empresas estão auxiliando na evolução dos profissionais, mas indicam que a maioria das empresas não estão preparadas ou não possuem os investimentos necessários para tal empreitada. Sinalizam que as políticas públicas dos governos devem priorizar a educação técnica, cursos permanentes de capacitação e leis que favoreçam a transformação digital da sociedade como um todo.