
Piratini certamente se orgulha de ter uma das marcas de maior sucesso do Rio Grande do Sul quando nos referimos à tradição laneira, que se traduz em arte no estado através de coleções para o vestuário feminino e masculino a partir da criação de ovinos da Fazenda Santa Isabel. A propriedade, situada no 5º Distrito do município, se tornou referência na raça Ideal, ovino que oferta uma lã de extrema maciez direcionada ao artesanato de luxo por atingir um ótimo fator de conforto. Durante a programação de aniversário do município, a marca ainda lançou a coleção Quando éramos Espanha“.
No comando da grife Fio Farroupilha, que já teve suas peças expostas nos principais eventos do estado, está a empresária e artesã Andrea Madruga, que cria coleções inspiradas nos fatos que escreveram a história local e que surgem no seu ateliê em processos que evidenciam o talento detectado enquanto ainda era criança, quando percebeu que a lã ovina era o caminho para a excelência hoje alcançada.
“No princípio o ofício era também de responsabilidade de um grupo de artesãs, mas há alguns anos o mesmo se dissolveu e passei a trabalhar sozinha. Mesmo assim consegui produzir quatro vezes mais se comparado ao que era feito antes, pois consigo uma velocidade maior na feltragem e também mais poder de criação”, garante Andrea.
Mas para que tanta produção fosse possível, foi necessário ir em busca de capacitação e aperfeiçoamento e, na pandemia de Covid-19, ela decidiu aprender as técnicas ancestrais praticadas por artesãs ucranianas, o que certamente agregou qualidade ao Fio Farroupilha.
“De forma online, fiz inúmeros cursos de feltragem e oficinas com artesãs da região da Ucrânia. Lá, bem como na Rússia, devido ao frio intenso, eles usam muito o feltro e esse aprendizado contribuiu de forma significativa nas coleções que hoje eu crio, sempre com temas diferentes a cada ano”, recorda.
A criadora da marca piratinense diz que sua visão sobre artesanato se diferencia do que pensam muitas pessoas que veem suas criações como um passatempo, já que o Fio Farroupilha fez com ela se encontrasse profissionalmente.
“Vejo meu ofício de forma diferente, pois sobrevivo dele e para isso se faz necessário que eu dedique meus dias e ainda parte das minhas noites, a pesquisar e aprender para depois criar. Isso me tornou uma pessoa feliz, uma vez que consegui me realizar enquanto profissional, mantendo sempre a arte perto de mim”, encerra.