Piratini: Incertezas quanto ao transporte para as escolas ETEC e Carmosina preocupam famílias de estudantes

Cinara e Maria Jurema estão preocupadas pela incerteza em torno do retorno do transporte escolar para os filhos. (Foto: Nael Rosa/JTR)

Duas mães de alunos que estudam em escolas da rede estadual de ensino estive­ram na Câmara de Vereadores, oportunidade na qual usaram a palavra durante a sessão or­dinária realizada no dia 23 para comentar sobre o transporte.

Cinara da Silveira Garcia, de 49 anos, disse não saber, de fato, quando o veículo utiliza­do pelo filho Maicon Garcia, de 15 anos, que busca concluir o Ensino Médio na Escola Técni­ca Estadual de Canguçu, a ETEC, vai retornar.

“Ele é um dos internos, pas­sa a semana no alojamento for­necido pela escola. Desta forma, precisa ir para Canguçu na se­gunda e retornar na sexta-feira. Em uma das duas semanas que compuseram a primeira quinze­na de maio, a direção do ETEC permitiu que, não somente ele, mas os outros 26 estudantes que moram em Piratini, todos aloja­dos na estrutura disponibilizada pela ETEC, tivessem aula pela pla­taforma online”, detalha a mãe, que acrescenta: “Para que todos não ficassem com falta na últi­ma semana, nós, pais, dividimos os poucos mais de R$ 1 mil, va­lor para pagar um micro-ônibus para levá-los e, posteriormente, buscá-los em Canguçu”.

A moradora do bairro Cance­lão também reclama que os es­tudantes não estão conseguindo utilizar os ônibus da empresa Ex­presso Embaixador, que faz a li­nha entre as duas cidades, já que as viagens estão suspensas por tempo indeterminado devido ao péssimo estado de conservação da ERS-265.

João Emanuel, 16 anos, ne­cessita percorrer uma distância menor para assistir às aulas. O adolescente é aluno do 1º ano do Ensino Médio da Escola Car­mosina Vaz Guimarães, situada no 3º Distrito de Piratini. Mas o problema é o mesmo. “Já são 15 dias sem que ele possa frequen­tar o colégio. Meu filho passa mais tempo em casa do que es­tudando. Como vai ser? Quando voltará?”, indaga a mãe, Maria Ju­rema, de 46 anos.

A reportagem do JTR con­versou com a coordenadora da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Alice Maria Szezepanski, que, inicialmente, justificou a ausência do transpor­te para o educandário situado na zona rural. “Neste momento, o grande problema são as condi­ções das estradas. É impossível fazer qualquer trajeto, seja para onde for, quando estes são de chão batido. Também por este motivo, não estamos conseguin­do atrair terceirizados interessa­dos em ser contratados, já que todos se recusam a usar seus veí­culos para chegar ou sair da zona rural em decorrência da situação das vias, entre estes, dois lotes que incluem a Carmosina”, ex­plica Alice.

Quanto a situação dos alu­nos que estudam na ETEC, mas residem em Piratini, a gestora afirmou que o motivo para que o transporte esteja suspenso é os problemas causados pe­las chuvas em maio. “Mas ain­da neste sentido, além dos impedimentos que citei ante­riormente, nos encontramos, diante do que ocorre no RS, impossibilitados de dar anda­mento a processos para con­tratação de linhas, sendo uma destas para Piratini. Isso ocorre porque o nosso sistema se en­contra fora do ar, pois o prédio que abriga o Centro de Tecno­logia da Informação e Comuni­cação do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs) foi alaga­do”, relatou.

Cinara se diz surpresa com os argumentos da coordena­dora e afirma que o problema já perdura antes mesmo das enchentes. “Essa situação já dura dois anos e nada tem a ver com as chuvas e as estra­das. Um exemplo é o meu filho. O Maicon está na ETEC desde fevereiro e, até então, se des­locava pelo Embaixador e, para isso, eu tirava as passagens do meu bolso. Transporte para ele e os demais, o que é uma obri­gação do Estado, afirmo: desde que o município rompeu o con­trato, não é fornecido”.

O contrato ao qual Cinara faz referência, na verdade, se trata do convênio que a Prefei­tura, até então, mantinha com o Estado, o que não foi renova­do em 2022.

No entanto, Alice garante que todos os eventuais pro­blemas criados por conta do fim da parceria foram sana­dos. “Avançamos em todos os sentidos. Os problemas mais complexos em torno disso en­volveram alunos que estudam em contraturno em outras es­colas, mas já solucionamos to­dos eles. Muito embora admi­to que com relação à ETEC, as coisas são muito mais difíceis”, observa a titular da 5ª CRE, que conclui: “Pelo que sei através da minha assessoria, a situação envolvendo quem é de Pirati­ni é causada pela e em decor­rência das chuvas. Mas se eles (alunos) se encontram fora do roteiro, noutro município, só posso dar uma posição quando acessar o que reza na licitação. E isso, no momento, é impos­sível por não termos sistema. De resto, ao menos para mim, tudo está ou voltará a funcio­nar, inclusive o transporte es­colar, depois que esse cenário atípico deixar de existir”.

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