Depois de oito anos fora de casa, duas importantes obras do acervo estão voltando para o Museu Histórico Farroupilha. São as pinturas “Alegoria, Sentido e Espírito da Revolução Farroupilha”, de autoria de Hélios Seelinger, e “Fuga de Anita Garibaldi a Cavalo”, de Darkir Parreiras, que se encontram desde 2011 para restauro no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), em Porto Alegre. De acordo com a diretora do Museu Histórico Farroupilha, Francieli Domingues, a expectativa é de que estas obras voltem ao museu de Piratini no dia 20 de setembro de 2020. “Outras quatro obras foram restauradas e já devolvidas, através de convênio com o Margs, entre elas, o retrato de Bento Gonçalves e suas condecorações, obra de 1879, do autor Guilherme Litran”, explica a diretora.
O restauro destas duas obras foi viabilizado através de parceria entre o governo do Estado e Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O acordo de cooperação técnica e científica foi assinado no dia 13 de junho, no estande da UFPel, durante a Fenadoce, em Pelotas. O processo de restauro inclui higienização, reforço de borda, enxertos, reentelamento, remoção de repinturas, reintegração cromática e aplicação de camada protetora. Neste período, as obras devem ser instaladas em local aberto, para que o público possa vê-las.
O prédio onde funciona o Museu Histórico Farroupilha tem 200 anos e em 2011 passou por reforma em sua estrutura. Antigo Quartel General Farroupilha, foi construído em 1819 e pertenceu ao capitão Manuel Gonçalves Meirelles, tio do revolucionário Bento Gonçalves. Está localizado na rua Coronel Manuel Pedroso, 77, esquina rua Bento Gonçalves e apresenta em seu acervo importantes documentos relacionados à Revolução Farroupilha. Destaque para alguns objetos pessoais pertencentes a Bento Gonçalves e Manuel Lucas de Oliveira, e para as pinturas que representam os heróis farroupilhas. Entre os autores, estão Guilherme Litran, Antônio Parreiras e Dakir Parreiras.
Possui 12 salas de exposição e mais de 400 peças em acervo. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1952, e pelo município, em 1956. Segundo Francieli, o cuidado da equipe, formada por ela e mais três estagiárias, uma servente de limpeza e dois vigilantes, é diário, tanto com a conservação do acervo quanto do prédio. “Temos que ter um cuidado muito grande ao andar pelo prédio, não arrastar móveis ou calçados, com a limpeza dos objetos, luz solar, umidade”. Segundo ela, é seguida uma série de regras, entre elas, não receber grupo grande, com mais de 20 pessoas.
Ficou sob a responsabilidade do museu, a Linha Farroupilha, criada em 2012 e que consiste em percurso de 880 metros definido por 87 sinalizadores colocados nas calçadas e que, auxiliados por 26 indicadores, assinalam os atrativos identificados por uma placa com um breve histórico dos prédios. A proposta é levar o turista a realizar um passeio pelo município para conhecer e admirar 25 prédios e lugares que testemunharam os acontecimentos da Revolução Farroupilha.
O museu também está integrado à Semana da Cultura e conforme Francieli, possui uma relação harmoniosa e de cooperação com as demais entidades e órgãos do município. “Nossa meta é reforçar a importância do museu para a confirmação da identidade do gaúcho e também do negro como figura farroupilha”, diz.
Além das suas exposições tradicionais com temas da cultura regional, objetos de guerras, entre outros, para a Semana da Cultura – que ocorre em paralelo com a semana de Piratini – serão apresentados recortes sobre a história do município, além de participação em grande parte da programação. “No dia 1º de julho representei meu povo tupi-guarani no Encontro de Etnias”, ressalta Francieli.
O museu recebe em média de 400 a 500 visitantes por mês, dos mais variados lugares do mundo. No dia 20 de setembro, a média de visitantes chega a 1,5 mil pessoas. Funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 11h30 e das 13h30 às 17h e nos sábados, domingos e feriados, das 14h30 às 17h. As visitas são monitoradas e gratuitas.