Em esforço para identificar como está a saúde, física e mental, da população do Rio Grande do Sul três anos após o início da pandemia de Covid-19, estudo coordenado pela Escola Superior de Educação Física (Esef) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a “Coorte Pampa”, desenvolverá de 1º junho a 31 de julho a sua quinta etapa de levantamento de dados. Desde o início da pandemia, em 2020, já foram registradas informações sobre a saúde física e mental de mais de dez mil pessoas.
Para contribuir com o estudo, residentes no Estado, maiores de 18 anos, poderão responder questões sobre a prática de exercícios, as suas condições físicas e psicológicas, a persistência de sintomas pós-infecção, a rotina de alimentação diária, o acesso aos serviços de saúde e a utilização de cigarros eletrônicos. O formulário eletrônico (o preenchimento demanda cerca de dez minutos) e as demais informações sobre a pesquisa estão disponíveis na página do projeto, no Instagram e Facebook (ambos @coortepampa2020).
Descobertas
A etapa anterior de consulta à população do Estado sobre os efeitos indiretos da pandemia, realizada no mesmo período de 2022, demonstrou, conforme um dos pesquisadores do estudo, Marcelo da Silva, que a saúde física e mental da população do Rio Grande do Sul ainda está distante do contexto anterior à situação de emergência à saúde pública. Cerca de 55% das pessoas que participaram da pesquisa não alcançaram os níveis semanais de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados sobre a inatividade física aparecem associados à piora dos quadro de ansiedade e depressão e risco do comprometimento da memória. Essa mesma parcela apresenta maior incidência para a síndrome “Covid longa”, sintomas persistentes à infecção pelo “novo coronavírus” (SARS-CoV-2). Os resultados também indicam que a vacinação completa mostrou-se protetiva à incidência de casos de “Covid longa”: “Vimos que pessoas vacinadas com três ou mais doses tiveram menor probabilidade de Covid longa comparadas com quem não se vacinou ou tomou até duas doses”, compartilha o pesquisador.
RS no mapa da Fome
Os números são considerados alarmantes: 25% das pessoas que participaram da coleta realizada em junho e julho de 2022 apresentaram algum nível de vulnerabilidade em relação à alimentação. O estudo, para chegar a essa avaliação, utilizou-se da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). O modelo define indicadores, no período de três meses, para a caracterização desse quadro, como a falta de dinheiro para a compra de comida, refeições não realizadas e alimentação não saudável por insuficiência de recursos.
Os resultados sobre insegurança alimentar, segundo o pesquisador, além de evidenciarem o contexto de desigualdade, apontam para a maior probabilidade de prevalência da síndrome “Covid longa”. A relação da “Covid longa” com o cenário de insegurança alimentar, pela sua relevância, será detalhada na nova etapa de coleta de dados, referente a junho e julho de 2023. Também será investigada a utilização de cigarro eletrônico para quadro de risco de prevalência de complicações persistentes de COVID-19.