
Com a morte súbita do pai, Lindolfo Neitzke, aos 51 anos, em 2013, o jovem produtor Murilo Neitzke, de 21 anos, precisou desde muito cedo, ajudar a mãe, Rita Emília Schwanke Neitzke, de 57, na pequena propriedade da família, dedicada à atividade leiteira e localizada na Colônia Osório, em Pelotas. Segundo ela, tudo começou há 38 anos, com apenas uma vaca. “Hoje ficou mais fácil para os filhos, pois não tiveram que começar do zero”, conta.
Fruto da sucessão rural, é com grande orgulho e espírito empreendedor que Murilo administra, ao lado da mãe e mais recentemente da esposa, Lavínia Schneider, de 21 anos, a propriedade de 12 hectares, seis deles próprios e seis arrendados, e a leitaria, com produção entregue desde 2007 à Cooperativa Coopar, de São Lourenço do Sul.

“Eu nunca gostei muito de estudar e sempre tive gosto pela agricultura”, diz Murilo ao justificar que a escolha aos 15 anos pela atividade rural foi muito bem pensada e da qual não se arrepende. Seguindo os ensinamentos dos pais, ele aponta que a partir de muito trabalho e uma boa gestão, é possível sobreviver da renda do leite. “Fazendo os investimentos nos lugares certos dá resultado”, afirma.
A propriedade possui um plantel de 28 animais, entre vacas, novilhas e terneiras, com predomínio da raça holandesa, algumas mestiças com a raça jersey. “São vacas de genética de qualidade inseminadas de um bom touro jersey”, explica. Atualmente, oito vacas estão em lactação e outras cinco para entrar, diz. A produção total no último mês chegou a seis mil litros, uma média de 25 litros por animal ao dia. “Uma das vacas, parida há pouco tempo, chegou a produzir 35 litros por dia”, salienta.
Segundo ele, a base para uma boa produção de leite está na alimentação dos animais, que basicamente se dá através das pastagens. O clima prejudicou a implantação das pastagens, o que gerou uma queda na produção, que até março deste ano girava entre oito e dez mil litros, ressalta. Nove hectares da propriedade são destinados para a lavoura, com quatro hectares no máximo voltados ao plantio de milho para silagem. Segundo o produtor, em um hectare foi possível colher 60 toneladas de silagem. Tudo isso, resultado de uma boa adubação, semente de qualidade e análise de solo, realizada pelos técnicos da Emater.
Mas o objetivo é ir reduzindo a silagem aos poucos, para em torno de dois hectares, e manter a alimentação do gado basicamente a pasto, diz. Os outros cinco hectares são destinados à pastagem perene e ao azevém melhorado, dois deles irrigados, semeados entre o final de agosto e início de setembro. “Este ano investi num azevém melhor, mais caro do que o comum, mas com maior qualidade de perfilhamento”, diz.

A água é outro recurso natural importante para a atividade leiteira, hoje disponível em abundância através de açude na propriedade. Mas nem sempre foi assim e o açude construído, em 2021, através de recursos do programa de açudagem, viabilizado através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) da prefeitura de Pelotas e projeto elaborado pela Emater. Neitzke foi o segundo entre os 20 beneficiados com os recursos do governo do Estado, com subsídio de 80%. O açude, que socorre o produtor em tempos de estiagem, tem uma capacidade para cinco milhões de litros e teve custo estimado em torno de R$ 22 mil.
O jovem casal destaca a importante contribuição da Emater, que presta toda a assistência técnica e veterinária de que a propriedade necessita. Em 2018, os dois realizaram o curso de Empreendedorismo e Desenvolvimento para a Juventude Rural, ministrado pela Emater, no seu Centro de Treinamento em Canguçu (Cetac).