JTR Eleições 2024: “Pelotas precisa passar por uma reconstrução”, afirma Marroni

Ex-prefeito Marroni (PT) foi o mais votado no primeiro turno com 68,4 mil votos e agora busca reforçar alianças para garantir a eleição. (Foto: Adilson Cruz/JTR)

O Jornal Tradição Regional e o programa Zona Sul em Movimento começaram nesta semana a série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Pelotas em 2024. Conforme as regras previamente estabelecidas com as coordenações de campanha, cada candidato poderá falar sobre cinco temas: saúde, educação, infraestrutura, orçamento público e desenvolvimento econômico.

Conforme sorteio realizado em reunião com os representantes das candidaturas, o primeiro a ser entrevistado pelo jornalista Carlos Machado foi Fernando Marroni (PT), da coligação Nova Frente Popular.

Confira a partir de agora os principais trechos da entrevista

Prefeito de Pelotas entre 2001 e 2005, além de deputado federal em três legislaturas e deputado estadual em uma, Marroni aproveitou a entrevista para destacar conquistas e iniciativas de sucesso de sua administração na prefeitura como, por exemplo, a implementação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), do Pronto Socorro Municipal, a construção de escolas e Unidades Básicas de Saúde, além de ações de gestão para atacar o déficit orçamentário e organizar a máquina pública.

O ex-prefeito fez, ainda, uma análise da situação atual do município, apresentou suas propostas e conclusões. “Pelotas precisa de uma reconstrução e essa reconstrução tem que ser feita com o povo. Essa é a nossa missão nessa eleição”, declarou.

Orçamento público

As finanças públicas foram, por sorteio, o primeiro tema sobre o qual Marroni discorreu. O candidato apontou o déficit orçamentário de R$ 282 milhões previsto pela Prefeitura para 2024 como prova do desequilíbrio das contas públicas e, a partir disso, criticou a atual gestão.

“As contas da Prefeitura estão muito desequilibradas. Este déficit dentro de um orçamento que gira em torno de R$ 2 bilhões é bastante expressivo. E pior, nos últimos quatro anos, saímos de um déficit de R$ 70 milhões para um déficit de quase R$ 300 milhões e o orçamento só cresceu de R$ 1,6 bilhões para perto de R$ 2 bilhões. Então, há uma desproporção que são inexplicáveis porque, do ponto de vista dos serviços que a prefeitura está deixando de entregar para a população, não se pode entender o que está acontecendo com as finanças, exceto pelo que se vê: uma máquina pública com 27 secretarias e quase 500 CCs e por um gasto muito mal feito do orçamento público”, disse.

Conforme Marroni, a cidade apresenta uma baixa qualidade de serviços em várias áreas e está com o orçamento comprometido e incapaz de atingir as metas e custear os serviços básicos para a população precisa. A alternativa apresentada para melhorar a situação, conforme o candidato, é buscar mais recursos para fazer os investimentos necessários. “A cidade só se viabiliza economicamente se nós aproximarmos a Prefeitura do governo federal e apresentarmos todos os projetos possíveis para captar recursos a fundo perdido para que se possa aliviar o caixa da Prefeitura e equilibrar as finanças e prestar um serviço adequado à população”, pontuou.

Saúde

Ao falar sobre a saúde pública, Marroni refez a linha do tempo da municipalização do setor, assinada em novembro de 2000 e iniciada, na prática, durante seu governo a partir de janeiro de 2001 e relembrou o trabalho feito para efetivar a gestão plena. “Colocamos o SUS de pé na nossa cidade, fizemos as contratualizações com os hospitais, as clínicas, os laboratórios, reformamos todos os postos de saúde, construímos dois postos de saúde novos, fizemos o Pronto Socorro, o Hemocentro, trouxemos o Samu e ainda tínhamos o Melhor em Casa, que era um programa que as equipes de saúde atendiam os pacientes em casa”, afirmou.

O caso das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também foi destacado pelo candidato, que criticou os últimos governos municipais por terem implantado apenas uma unidade e terem levado adiante a instalação das outras duas unidades previstas para a cidade e disse que, caso seja eleito, pretende implantar as UPAs do Fragata e Zona Norte.

Marroni defendeu, ainda, mais investimentos nas unidades básicas como forma de garantir um atendimento mais qualificado na ponta dos serviços de saúde, a realização de mutirões de especialidades para zerar as filas de espera e inserir Pelotas no programa Mais Especialidades, do governo federal, que garante recursos para contratação de médicos especialistas.

“Uma cidade como Pelotas que tem os hospitais que temos, os laboratórios de primeiro mundo, duas faculdades de Medicina, três de Enfermagem, os vários cursos de técnicos de Enfermagem, não conseguir vencer a questão do SUS, ninguém vai vencer e estamos dispostos a mostrar que isso é possível”, declarou.

Educação

O candidato da Nova Frente Popular atribui a queda da qualidade do ensino na rede pública e o baixo desempenho da cidade no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) a problemas na gestão que não tem investido na infraestrutura das escolas e não valoriza os professores. “Não se admite que se tenha hoje mais de mil crianças que procuraram creches e não conseguiram vagas, mas sabemos porque isso acontece: em 2014 foram destinadas 16 creches para Pelotas, mas fizeram apenas quatro”, apontou.

Ao falar sobre as propostas para a área, Marroni destacou como metas garantir vagas para todas as crianças de zero a seis anos, implantar um programa de escola de turno integral e reestruturar as instituições de ensino para que sejam capazes de atender às necessidades dos jovens da atualidade.

“Os jovens precisam desenvolver suas habilidades, seus sonhos e se identificar com arte e esporte e todas essas facetas a escola de turno integral tem que fornecer aos alunos para que tenhamos a formação de um cidadão”, afirmou.

A resolução do impasse no pagamento do piso nacional e na implantação do plano de carreira do Magistério também foram compromissos assumidos.

Infraestrutura

Conforme Marroni, a infraestrutura é, ao lado da saúde, o maior desafio a ser enfrentado. Melhorar a proteção da cidade às cheias e eventos climáticos deve ser o primeiro ponto a ser trabalhado.

A recuperação de ruas e a ampliação do saneamento são outras frentes consideradas prioritárias pelo candidato. “No projeto do Banco Mundial estava previsto que todos os bairros teriam o caminho dos ônibus pavimentado, e o que foi feito? Fizeram a Osório e a Deodoro. A prioridade não era ali, era no bairro. E, agora, precisamos buscar isso
de novo”, garantiu.

A realização de três grandes obras também é apontada como essencial pelo candidato: a duplicação da avenida João Goulart entre o trevo da Fenadoce e a praça 20 de Setembro, a construção de uma nova estrada para o Laranjal com traçado que chegue até a Z3 longe da faixa de praia e a construção de um viaduto na avenida Fernando Osório no cruzamento com a avenida Salgado Filho.

A ideia de Marroni, caso seja eleito, é buscar financiamento federal para executar as obras.

Desenvolvimento econômico

O desenvolvimento econômico de Pelotas passa, de acordo com o petista, diretamente pelo turismo. A organização do setor e da indústria criativa para explorar adequadamente o potencial histórico, arquitetônico, natural e de eventos é destacada como uma das prioridades de seu governo.

“O turismo é o setor mais dinâmico da economia do mundo. Temos um patrimônio invejável que qualquer cidade gostaria de ter e isso inclui não só os prédios, mas toda a cultura que temos. A cidade precisa se apropriar dessa potencialidade para desenvolver um setor que não está desenvolvido e atinge outros setores como o comércio e os serviços”, declarou.

Marroni defendeu ainda maior apoio ao setor industrial do município através da busca de novos mercados para a produção local.

Preparar a cidade para aproveitar as novas oportunidades que devem surgir com a exploração do petróleo na Bacia Pelotas e a retomada do Polo Naval de Rio Grande é outro compromisso assumido pelo candidato. “O gestor público tem que ser protagonista e buscar essas oportunidades para desenvolver a cidade”, argumentou.

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