O programa Zona Sul em Movimento deu sequência às entrevistas com os prefeitos e vice-prefeitos eleitos nos municípios da região para saber quais são seus planos para os próximos quatro anos. Nesta semana, o jornalista Carlos Machado conversou com o prefeito eleito de Pelotas, Fernando Marroni (PT), e a vice Daniela Brizolara (PSOL).
Confira os principais trechos da entrevista:
Passada a eleição e iniciado o processo de transição de governo, Marroni e Daniela estão mergulhados em uma agenda intensa marcada por reuniões para conhecer a situação atual da administração, construir relações com instituições e tecer a complexa teia de relações políticas responsável por dar sustentação ao governo na Câmara de Vereadores. O desafio de cumprir a responsabilidade assumida de reconstruir a maior cidade do sul do Estado, no entanto, não intimida a dupla que, ao longo da campanha eleitoral, construiu uma parceria sólida baseada no respeito e na confiança mútua.
“A agenda é intensa, mas o sentimento é de gratidão. Porém, a cada dia que vou na rua e alguém me abraça, o sentimento de responsabilidade aumenta, porque realmente percebo que foi o voto da esperança que recebemos”, disse a vice-prefeita eleita.
Com o bom humor característico, Marroni brinca que o momento pós-eleição e préposse é o mais tranquilo para um político, pois ainda não há pressão sobre as entregas que precisam ser feitas. Isso, todavia, não faz com que desvie o olhar do futuro próximo e não reconheça o desafio que terá ao assumir a Prefeitura pela segunda vez. “Apesar da transição com transparência possibilitada pela prefeita Paula, temos muito que avançar e precisamos imprimir um novo ritmo na Prefeitura para vencer os desafios e cumprir com os compromissos que propomos na campanha”, afirmou.
Entre os temas prioritários a serem enfrentados no início da nova gestão, Marroni aponta a zeladoria da cidade, o transporte coletivo e a reforma administrativa. E é no primeiro ponto que o novo ritmo da administração Marroni-Dani deve ser sentido desde as primeiras semanas com a volta dos mutirões de limpeza nos bairros.
Com relação à reforma administrativa, o prefeito eleito admite ainda não ter um mapa completo da situação, mas adianta duas medidas certas: a criação da Secretaria da Mulher e a revisão das assessorias com status de secretaria. Sobre seu próprio secretariado, Marroni garante que os nomes devem ser escolhidos a partir da definição do tamanho do governo. “Estamos primeiro tratando da estrutura, temos uma composição que nos levou à vitória no primeiro turno e temos os partidos do segundo turno. Queremos reproduzir uma base do governo semelhante à base do governo federal, mas isso depende de conversas com todos os partidos. Até a primeira quinzena de dezembro devemos apresentar o secretariado”, declarou.
Independente da composição do governo, Marroni adianta que a gestão seguirá um modelo centralizado no Paço Municipal. “Não vamos repetir o erro de cada secretaria ser uma mini-prefeitura, muitas vezes de porteira fechada para determinado partido. Todas as secretarias terão diversidade e um grupo gestor que irá responder ao grupo gestor da prefeitura”, garante.
Finanças não assustam
Tão discutido durante a campanha, o déficit das contas públicas não assusta o futuro prefeito. A projeção de R$ 130 milhões para 2024, segundo Marroni, é pouco perto do orçamento de R$ 2 bilhões e não afeta a capacidade de o município tomar empréstimos para a realização de novos investimentos.
Na tentativa de ter mais mobilidade no caixa no primeiro ano de governo, Marroni e Dani elegeram o vereador Jurandir Silva (PSOL) para fazer a interlocução com os demais vereadores com relação a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Da mesma forma, já foram iniciadas as conversas com os governos federal e estadual para que Pelotas possa ser beneficiada por programas com recursos a fundo perdido já nos primeiros meses de 2025.
Cultura, turismo e empregos
O turismo baseado na indústria criativa, no patrimônio cultural e arquitetônico e nos atrativos naturais é apontado como um dos principais vetores do desenvolvimento econômico pensado para Pelotas a partir do ano que vem. Dentro deste contexto, está a retomada do apoio da Prefeitura ao Carnaval.
“Hoje, temos mais de 50 mil pessoas participando no Carnaval descentralizado nos bairros e precisamos olhar para isso, como precisamos trabalhar a retomada do Carnaval, que é muito importante para a cultura e o turismo”, diz Marroni. “Pelotas é um celeiro cultural, mas é importante descentralizar nossa cultura e tenho comigo a importância do pelotense reconhecer sua arte que, muitas vezes, ultrapassa a nossa cidade e está em outras áreas”, completa Dani.
A adoção de políticas de fortalecimento das cadeias produtivas locais, como o setor da alimentação e do Arranjo Produtivo Local (APL) da Saúde, que agora deve contar com investimentos federais e ações de incentivo aos 23 mil microempreendedores individuais (MEIs) estabelecidos na cidade, são outros caminhos apontados pelo futuro prefeito para dinamizar a economia e gerar mais empregos.