Clube Caixeiral já foi palco de fundação de outras instituições do município, e passa por reforma para manter nítida a história do local
Palco de grandes eventos e local de fundação de importantes instituições do município, o Clube Caixeiral enfrenta mais um desafio em seus quase 142 anos, devido à interrupção das atividades praticadas no local, em decorrência da pandemia. Clube social mais antigo fundado em Pelotas, o primeiro Caixeiral do Rio Grande do Sul e um dos cinco clubes sociais mais antigos em funcionamento no país, o espaço passou por uma reforma que restaurou a pintura e outras áreas do local e a expectativa é de atrair visitantes em um período pós-pandemia.
O presidente do Clube Caixeiral de Pelotas, Vitor Hugo Siqueira, aponta que a pandemia acentuou as dificuldades já enfrentadas pelo clube, como a diminuição no número de sócios, que chegou a ser de mais de 5 mil na década de 80, e é de pouco mais de 300 atualmente, acompanhando a mudança na busca por lazer e no perfil da população. “As famílias buscavam recreação nos clubes”, diz Siqueira, citando a existência de bailes de debutantes, boates, carnavais, jogos e outros eventos oferecidos aos sócios.
Além disso, a interrupção dos eventos e atividades realizadas no local representou uma diminuição nas receitas. Para enfrentar esse momento, Siqueira afirma que foi necessária uma reorganização financeira, com o intuito de diminuir ao máximo as despesas. Desse modo, foi possível manter os cinco funcionários do local e atravessar mais esse difícil momento. “Olha quanta coisa o clube passou: pela Gripe Espanhola, duas grandes guerras, crises financeiras que existiram no período, pois são 142 anos de história, e a segunda pandemia que o Caixeiral acompanha”, lembra o presidente.
A reorganização do caixa do clube já havia sido uma das ações realizadas durante o primeiro mandato como presidente do clube, iniciado em 2017, de acordo com Siqueira. No segundo, o foco passou para as reformas na sede do clube. “Seguindo sempre as mesmas características, por que é um prédio tombado pelo Iphan”, disse, lembrando que esse fator torna a obra mais difícil, mais demorada e mais cara, devido à necessidade de manutenção das características arquitetônicas.
Até o momento, foram efetuados o restauro e pintura da parte externa, e refeitas a parte elétrica e de tubulação, além de novos banheiros e cozinha. Também, houve a revitalização da secretaria e colocação de novos pisos e mobiliário. A etapa atual prevê a troca do telhado. “O telhado é um trabalho muito demorado porque tem que ser utilizada a mesma telha. E é uma telha muito antiga”, comenta. O material foi localizado em Rio Grande, e um lote foi comprado. Os trabalhos se estendem ao salão principal e à sala de honra, que estão recebendo melhorias.
Os procedimentos tiveram um custo total de R$ 500 mil, desde mão de obra até materiais utilizados, com recursos próprios do clube. “Nós nunca recebemos um incentivo de órgão algum, nunca recebemos verba de político algum, nunca recebemos verba de qualquer instituição que fosse, o clube trabalhou sempre exclusivamente com seu próprio dinheiro”, afirmou Siqueira, lembrando comentários de que as obras estavam recebendo algum tipo de auxílio financeiro de fontes externas.
Além de um resgate da história presente nas instalações do clube, fundado em 25 de dezembro de 1879, a reforma também servirá como um atrativo quando as atividades puderem ser retomadas, devolvendo aos visitantes um local que serviu como palco para a fundação de outras instituições do município, como o clube Brilhante, o Esporte Clube Pelotas, o Dunas Clube, a União Gaúcha Simões Lopes Neto, citadas por Siqueira.
“O Clube Caixeiral contribuiu e continua contribuindo com o crescimento da nossa Princesa do Sul devido a este apoio que ele sempre deu, que ele dá e continuará dando pelo desenvolvimento na cultura, na educação, no lazer, no esporte da nossa cidade”, finaliza o presidente.