O menino Pedro da Rocha, de 13 anos, recebeu alta do hospital na quinta-feira (20). No dia 11 de janeiro, ele foi surpreendido por um ataque de cães da raça Pitbull quando realizava um passeio de rotina com a amiga Larissa na Avenida Imperador Dom Pedro I, no Fragata, em Pelotas. Segundo a avó do menino, Gladis Borges, de 54 anos, o acidente aconteceu quando a dona de três pitbulls saiu de casa para colocar o lixo e deixou o portão aberto. Os cães, que inicialmente farejaram a menina, atacaram Rocha quando ele decidiu correr.
“Ele teve uma reação, se assustou e os cachorros foram pra cima dele” explicou Gladis.
O adolescente foi socorrido por um vizinho de 68 anos que, segundo os depoimentos prestados à Polícia, tentou conter os animais, mas também foi atacado. O homem só conseguiu controlar os cães com disparos de uma arma de fogo contra eles.
Os dois foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Rocha precisou de cirurgias mas, apesar do susto, voltou para casa. A avó explica que o menino ainda se recupera e já tem consultas marcadas, mas se diz contente por tê-lo em casa novamente. O menino foi recebido com festa pelos amigos e familiares, que fizeram até um cartaz em agradecimento à equipe do Hospital Universitário São Francisco de Paula, da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), onde ele passou os últimos dias.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Pelotas. De acordo com a delegada Lisiane Mattarredona, o prazo para conclusão é de até 30 dias e testemunhas ainda estão sendo ouvidas. A dona dos pitbulls deve responder por lesão corporal culposa e omissão na guarda do animal. “A lesão corporal culposa porque, nesse caso, o menino ficou com lesões. Se viesse ter ocorrido algo mais grave como morte, seria um homicídio culposo. E omissão na guarda da cautela do animal, que ainda estamos apurando, dentro do inquérito, se aconteceu ou não”, explica a delegada.
O adestrador Pedro Domingues trabalha com pitbulls há 13 anos e explica que a seleção genética da raça pitbull tem tendência para o combate. Por isso, o adestramento é essencial para evitar ataques. Segundo ele, ignorar a seleção e romantizar a raça é o primeiro passo para o acidente. “Não significa que todo Pitbull vai ser agressivo, assim como acreditar que todo Poodle vai ser bonzinho. Cães possuem agressividade no pacote de sobrevivência deles”, explica.
Em caso de ataques, Domingues indica que os donos mantenham seus cães com enforcador, ferramenta de adestramento para conter o animal em caso de brigas. Ainda de acordo com ele, buscar ajuda de um profissional ao perceber comportamentos agressivos resulta em um cachorro equilibrado, que sabe se comunicar. A partir dessa comunicação é possível indicar o instituto de ataque do animal. “Tu vai direcionar ele a agressão a coisas sem vida, como pneu, pedaço de pano, uma bolinha, alguma coisa que ele possa brincar e nessa brincadeira tu vai cobrar obediência dele, ou seja, vai criar um cão que não vai ver pessoas como uma possibilidade de interação com a boca”, explica. A reportagem não conseguiu contato com a dona dos animais.