
Não é só uma exposição. O alcance das Guirlandas de Natal, que em 2023 chegou na sua 14ª edição, vai mais além. Com a comercialização das 128 unidades produzidas este ano por mais de 100 autores, entre arquitetos, decoradores, designers e artistas visuais, o Banco Madre Tereza de Calcutá assegura por todo o primeiro semestre de 2024 a doação mensal de quase 14 mil quilos de alimentos entre 1,5 mil famílias, contemplando em torno de oito mil pessoas.
O valor arrecadado com a venda dos enfeites natalinos, que totalizaram mais de R$ 103 mil – a maior soma desde o início do projeto, em 2009 -, também será direcionado a outro braço do Madre Tereza, que nasceu em julho de 2003 como Banco de Alimentos por sugestão do então pároco da Catedral São Francisco de Paula, Mário Prebianca (à época para contemplar apenas 50 famílias): o Banco de Leite.
A soma em dinheiro viabiliza durante os primeiros seis meses de 2024 a doação de suplementos a pelo menos 30 crianças diagnosticadas voluntariamente pelo pediatra Simon Halpern com intolerância à lactose. Foi o profissional de Medicina quem sugeriu há 16 anos para a coordenadora e fundadora do Banco de Alimentos Madre Tereza de Calcutá, Maria Eulalie Fernandes, a criação do Banco de Leite. “Nenhuma criança veio a óbito por falta desse suplemento desde que o Banco de Leite foi criado”, orgulha-se a vice-coordenadora, Sandra Espinosa.
Adriana Fernandes é idealizadora e coordenadora, juntamente com Fabiana Moglia, do projeto Guirlandas de Natal, e não tem dúvidas de que mais uma vez a missão foi cumprida. Desde a primeira edição, o projeto tem como objetivo contribuir com o trabalho assistencial do Banco Madre Tereza de Calcutá. O montante alcançado com a venda das guirlandas irriga diretamente as contas do Banco, contribuindo para a manutenção dos serviços a que se propõe desde a fundação, em julho de 2003.
Serviços, aliás, que só se expandem. Desde então o Banco de Alimentos incluiu no seu portfólio de atividades, além do Banco de Leite, atividades voltadas para doação de medicamentos, material escolar, formação profissional (Banco de Empregos) e Banco de Roupas, no qual parte das peças doadas é colocada à venda no brechó localizado na sede do entidade, (rua Major Cícero, 201 – esquina Anchieta, centro de Pelotas). Outra parte, passível de ser aproveitada, é encaminhada às comunidades assistidas pelo Banco.
Para o ano que vem, conforme Sandra, outros dois projetos devem sair do papel: a abertura de um bazar para venda de móveis, a fim de gerar nova fonte de receita à entidade, e um Banco de Saúde, sugerido por um médico na abertura da exposição das Guirlandas de Natal de 2022. Desde então o projeto tem sido articulado para se tornar realidade a partir de 2024.
Bem-aventurados
O Natal no Banco de Alimentos Madre Tereza de Calcutá começou já em agosto, mês em que foram realizadas as primeiras reuniões para realização da 14ª edição das Guirlandas de Natal. Culminou dia 30 de novembro, na Noite das Bem-Aventuranças, como é batizada a abertura da exposição. Adriana conta que o nome foi inspirado no Evangelho de Mateus, capítulo 5: “Bem-Aventurados os que promovem a paz, que serão chamados filhos de Deus.” Ela justifica: “Todos os envolvidos, que fizeram e compraram as guirlandas, são bem-aventurados porque ajudam a promover a paz de muitas famílias atendidas pelo Banco Madre Tereza”.
Neste ano, pela primeira vez, a exposição, montada e composta por Lauer Santos, José Luiz de Pellegrin e Eduardo Horta, foi realizada no hall do teatro do Sicredi, na agência da avenida Dom Joaquim, zona Norte de Pelotas, mantendo a tradição de sempre ocorrer em um espaço diferente – a primeira, em 2009, foi nas dependências do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (Malg).
Também nesta edição foi exibido um vídeo institucional de aproximadamente 30 minutos de duração com depoimentos de representantes de cada um dos bancos que compõem o Madre Tereza de Calcutá e também da coordenadora.
“Interessante constar que as guirlandas já ultrapassaram os limites de Pelotas, tem autores e compradores de municípios da região e de outras cidades do estado e até de fora”, acrescenta Adriana. “Já estamos além da ponte do Retiro”, brinca.