Por Álvaro Guimarães
Foi vestido com o agasalho verde e amarelo da empresa Turf que André Luis Corrêa, de 52 anos, se reuniu com ex-colegas de firma na frente do Foro de Pelotas na tarde desta quarta-feira (31). Durante duas horas, aproximadamente 50 ex-funcionários da empresa mantiveram uma vigília para cobrar da Justiça a realização do leilão dos bens da massa falida da companhia, que durante décadas foi responsável pelas linhas do bairro Fragata e fechou as portas sem pagar as indenizações trabalhistas dos 262 empregados.
Após 28 anos na empresa, Corrêa descobriu que não tinha mais emprego ao chegar para trabalhar no dia 31 de julho de 2016 e encontrar os portões do prédio na avenida Duque de Caxias fechados. Desde então, a vida nunca mais foi a mesma. “Faz oito anos que estamos esperando receber nossas indenizações. De lá para cá, 10 dos nossos colegas já morreram e as famílias também não receberam nenhum centavo. Não entendemos porque tanta demora! Enquanto isso, o prédio está se deteriorando e perdendo valor”, disse o ex-chefe da oficina da Turf.
Enquanto segurava uma das pontas da faixa na qual lia-se “8 anos sem receber – Mais de 200 funcionários esperando”, o ex-motorista Mário Reichow, de 70 anos, lembra que em 2016, a maior parte dos trabalhadores não imaginava que a empresa estava prestes a falir. “Ninguém avisou nada, não falaram nada, simplesmente chegamos para trabalhar e tivemos que dar volta e até hoje estamos nesta situação”, contou.
No protesto, acompanhado por dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Pelotas e Região (STTRP), do Sindicato da Construção Civil e da Confederação dos Sindicatos Brasileiros (CSB), os ex-funcionários da Turf usaram a ironia para extravasar sua indignação e com um bolo de aniversário e uma vela de oito anos cantaram “Feliz Aniversário” para o processo.
Após a manifestação diante do Foro, o grupo seguiu para a antiga sede da empresa onde estenderam a faixa de protesto.
Sindicato acompanha a situação
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Claudiomiro do Amaral, explica que a entidade tem feito um acompanhamento constante da situação do processo da Turf tanto junto à administradora da massa falida quanto na 2ª Vara Cível, onde tramita a ação. “Acompanhamos com muita preocupação a situação destes trabalhadores, pois no final de 2016, esse processo estava pronto e o leilão já poderia ser realizado, mas isso não aconteceu até hoje. Nosso temor é de que, daqui a pouco, o prédio não exista mais e fique mais difícil ainda para estes trabalhadores receberem seus direitos”, declarou.
O assessor jurídico do Sindicato, Carlos Stark, explicou que a manutenção do prédio representa uma despesa mensal fixa de R$ 17 mil para a massa falida da empresa, o que em oito anos ultrapassou a casa de R$ 1,6 milhão. “Em agosto de 2023, peticionamos ao juiz do processo pela realização do leilão, mesmo sem estar concluído o quadro de credores, como forma de estancar essa sangria e possibilitar o pagamento dos trabalhadores e que esse valor fosse depositado em conta remunerada, que ao invés de ter despesas mensais teria créditos através dos juros. Só que esse pedido ainda não foi apreciado até a presente data”, disse.
Contraponto da Justiça
Através da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foi solicitado um contraponto do juiz Rodrigo Granato, da 2ª Vara Cível de Pelotas, sobre o caso. Até o fechamento desta matéria, a resposta ainda não havia sido recebida pelo JTR.
Confira mais imagens da manifestação:
Créditos: Álvaro Guimarães/JTR
Que a justiça seja feita e esses trabalhadores recebam oq que lhes é de direito o quanto antes. Deveria ter danos morais nesse processo ..imagina a sensação de chegar para trabalhar e não existir mais empresa, sem nenhum tipo de aviso. Traumatizante.
Lamentável essa situação, os trabalhadores que colaboraram com o desenvolvimento da empresa sendo desprezados e afetados, trabalhadores de bem que merecem receber o que lhe é de direto.
Esperamos que isto seja resolvido o mais breve possível!!
8 anos não são 8 meses, tampouco 8 dias!!
Que a justiça seja feita.
Eles merecem os direitos deles!! Justiça, 8 anos sem receber um real.
E inacretitavel….o quanto caminha lenta…justica brasileira..!!!!
Meu pai e meus tios trabalhavam lá me lembro até hoje
Triste situação desses trabalhadores a maioria eu conheço
Hoje sou aposentado pelo transporte coletivo,mas a Turf foi meu primeiro emprego de carteira assinada em 78, fico triste ao passar e ver a atual situação do prédio e saber dos problemas enfrentados pelos colegas.
A justiça não é cega, ela é paga pra não ver.