Aapecan: o amor e a solidariedade são voluntários

(Da esq. para a dir.): Fabiano, Maria Aparecida, Isabel Cristina e Marcos Vinícius (Foto: Valéria Cunha)

As Nações Unidas definem voluntário como o jovem ou o adulto que, devido o interesse pessoal e ao espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos. A Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) já o define como indispensável, alguém sem o qual, talvez, a entidade não existiria. “Os voluntários são a peça fundamental para o desenvolvimento do nosso trabalho”, assegura Fabiano Gerbaudo, que há 14 anos coordena a Aapecan Metade Sul, com sedes em Pelotas, Bagé, Rio Grande e Camaquã e abrangência em mais de 35 municípios.

Hoje, as quatro unidades contam com o trabalho de 19 voluntários, que atuam com a equipe em todas as atividades da entidade. “Nós contamos com eles o ano inteiro, faça chuva ou faça sol, pois trazem uma energia diferente para dentro da nossa instituição e é impressionante o carinho que eles têm com os nossos usuários”, diz o coordenador.
No dia 5 de dezembro, a entidade realizou a sua tradicional festa de Natal, com a participação dos usuários e suas famílias e, é claro, que os voluntários estavam presentes. De 21 de dezembro a 6 de janeiro, a Aapecan faz o seu único recesso do ano. “Depois vira direto, de segunda a sexta-feira, nas 24 horas”, garante Gerbaudo.

“Ir para a Aapecan é como ir à missa aos domingos, é sagrado”, diz Maria Aparecida Padovam de Lima, de 65 anos, mais conhecida como Cida Lima, e que há 11 realiza trabalho voluntário com as usuárias da entidade, por meio de oficinas de feltro e crochê.
Natural de Registro, interior de São Paulo, ela se mudou com a família há 29 anos para Pelotas. A Aapecan entrou na sua vida através de uma vizinha que realizava tratamento contra o câncer, e a partir disso nunca mais saiu. “Eu amo esta casa e as pessoas que fazem parte dela”, afirma a voluntária, que sai de casa às 7h30 e só retorna às 17h. “Eu começo o dia fazendo orações com elas, às 8h30, tomamos café e iniciamos a oficina às 9h”, conta.

Além das oficinas, Cida se envolve com o brechó, orações e com as comemorações, e segundo ela, está sempre arrumando motivo para comemorar a vida. “As pessoas acham que ser voluntário é trabalhar de graça, mas você é que ganha, ganha muito mais do que doa”, afirma. Com a filha criada e o marido aposentado, trabalhando como ronda, Cida preenche os seus dias e horas ensinando o que sabe. “Ensino o que sei tal e qual e se for preciso, converso sério e chamo a atenção”, ressalta.

Há quatro anos, às quartas-feiras, das 13h às 17h, são dedicadas pelo Marcos Vinícius Oliveira Minuzzo, de 61 anos, ao trabalho voluntário na Aapecan. Sua tarefa: buscar doações onde quer que elas estejam e o veículo utilizado é o seu próprio carro.
Militar da reserva, após 32 anos de Brigada Militar, o voluntariado é uma forma de retribuir ao universo tudo aquilo que conseguiu em sua vida. Ele chegou à Aapecan através dos Parceiros Voluntários e se divide, ainda, entre outras instituições, como LBV, Liga Espírita, Projeto Semear, Parceiros Voluntários, Albergue Noturno, entre outros. Na Aapecan, se considera “pau para toda obra” e é presença constante nas ações das campanhas como Outubro Rosa, Novembro Azul, além de ser querido por todos.

A assistente social Isabel Cristina Bitencourt Mota, de 68 anos, conhecida como Bebel na Aapecan, em março do ano que vem, completa 8 anos de voluntariado na casa, trabalho que a levou a buscar a formação e hoje se orgulha de ter concluído o curso de Serviço Social, em 2016. “Hoje sou assistente social voluntária com formação e mesmo sem receber salário, tenho a melhor remuneração que já tive em minha vida”, afirma Isabel, que trabalha diretamente com as famílias, ouve suas aflições e as suas necessidades.

“Eu sou a Isabel beijoqueira e abraceira”, diz, mas não pensem que ela passa a mão sobre a cabeça de quem quer que seja. “Meu papel é buscar os direitos e oferecer cidadania e dignidade para estas pessoas e isto tudo é feito com muito amor”, assegura. Isabel trabalha junto a outras duas assistentes sociais, que de acordo com ela, “falam a mesma língua”. “Quem conhece a Aapecan não está mais sozinho”.

Aapecan Pelotas

Em Pelotas, a Aapecan possui 3,4 mil pessoas cadastradas para receber algum tipo de benefício ou atendimento. São atendidas em média 500 famílias por mês, o que chega entre encaminhamentos para consultas, distribuição de suplemento alimentar e participação em oficinas a mais de mil atendimentos mensais.

Após a recepção na casa, o usuário passa por uma entrevista com a assistente social que vai visitá-lo em casa, se necessário. A ajuda vai desde a compra de medicamentos, exames, fraldas, dietas alimentares, entre outros. São oferecidas também oficinas das mais variadas, desde artesanato até cabelo e unha. Os usuários também participam de passeios, viagens e palestras.

Além de Pelotas, a Aapecan atende pessoas de 15 municípios do entorno e a estes é oferecido acomodações na casa de apoio, de segunda a sexta-feira, onde recebem quatro refeições diárias e transporte – ida e volta – para os centros oncológicos. A casa possui 22 leitos, com capacidade para 11 usuários mais acompanhante, que pode ser um cuidador ou familiar. Tudo totalmente gratuito.

A instituição não conta com qualquer parceria público-privada e recebe todo tipo de doações. Das despesas, 90% são pagas por meio das arrecadações no telemarketing. A Associação possui uma equipe técnica, mais voluntários. Informações podem ser obtidas
pelo telefone (53) 3026-2965.

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