A escolha de dirigir o caminhão dos bombeiros e salvar vidas todos os dias

Ser bombeiro, salvar vidas e lidar com o perigo diariamente no trabalho é algo que faz parte do imaginário de muitas crianças. Para o pelotense Francisco Carlos Silva, o sonho de infância não foi diferente. Ele é soldado do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul e, atualmente, é responsável por ser o motorista do caminhão da corporação. “A vontade de ser motorista do Corpo de Bombeiros se deu, acredito, que através do meu pai, que foi motorista por muitos anos, de táxi e de caminhão. Então, acho que isso me levou a gostar de dirigir caminhão, de estar ali na frente da direção”, conta Silva. O soldado relata também que manter a viatura em condições para os atendimentos sempre lhe despertou o interesse.

Para ser motorista do caminhão, é preciso que já esteja atuando no Corpo de Bombeiros e possua habilitação categoria B. A partir disso, será possível realizar o Curso de Operador de Viatura (COV) e também adicionar categorias na carteira de habilitação. No começo da carreira, Silva serviu em Rio Grande, onde tinha menos ocorrências para que pudesse ir se adaptando à rotina. “Eu lembro que dentro de três horas de serviço, em um dia atípico, a gente acabou pegando dois incêndios e foi bastante desafiador, foi uma adrenalina muito alta. Mas foi um início muito importante para mim porque foram dois incêndios pequenos, mas foi o deslocamento, a preparação, a chegada no local e ligar a bomba”, relembra Silva.

A rotina de motorista envolve também os cuidados com a viatura. O soldado explica que, ao chegar para o turno, é preciso conversar sobre as condições do caminhão com o colega que está de saída. Além disso, é necessário verificar o combustível, água, luzes, pneus, fluídos, óleo e também os equipamentos. Ele conta que para manter tudo em ordem, carrega um livro de anotações dentro da viatura para registrar esses detalhes, além da quilometragem, horários de entrada e saída, entre outras informações. “O grande desafio do motorista é deixar a guarnição o mais breve possível e em segurança, principalmente em atendimento de socorro. Quando a gente tá indo para um local onde a pessoa que está nos esperando está na angústia, está enferma, está precisando de ajuda, nós precisamos estar em segurança”, relata Silva sobre a reponsabilidade de zelar pela equipe e pelo veículo, que é pesado e com muitos equipamentos.

O bombeiro ainda traz uma reflexão sobre a necessidade de conscientização da população sobre abrir espaço na pista para viaturas de socorro. É fundamental que os veículos deixem espaço na faixa da esquerda, que é a mais rápida. “É preciso ter mais cuidado ainda com o caminhão dos bombeiros, porque é um caminhão extremamente pesado, com muito muito peso e, então, não para fácil. Quando a gente vem embalado, ele tem dificuldades em parar, e toda vez que a gente para, acaba perdendo a velocidade”, explica o soldado. Nesta situação, Silva afirma que os bombeiros precisam chegar ao destino o quanto antes e acaba sendo prejudicados.

Toda profissão tem desafios e também momentos que compensam todo o esforço e dedicação. “[A adrenalina] já começa a partir do momento que tocou o ferro e chegou à ocorrência para nós e para o condutor da viatura ela já começa ali, não começa no local. Acho que isso é uma das coisas boas da profissão”, ressalta o bombeiro.

Para finalizar, Silva fala sobre ter alcançado seus objetivos e ver nas crianças o encantamento com a profissão que escolheu. “Ser motorista na minha vida é muito importante porque eu acredito que meu pai, como eu falei no início ali, tenha ficado muito orgulhoso quando eu direcionei para esse lado dentro da instituição. E foi muito importante para mim isso, e também porque às vezes minha filha vem aqui, ela tem quatro anos, e as crianças quando vêm ao quartel (também de escolas) ou passam aqui na frente, entram no quartel, elas querem ver o caminhão”, conta o soldado sobre a emoção de ver o brilho nos olhos das crianças ao mostrar a viatura do corpo de bombeiros.