Em reunião realizada com o coletivo de estudantes indígenas e quilombolas na noite desta quarta-feira (16), a gestão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) anunciou que vai atender à reivindicação de equiparação das bolsas ofertadas pela Universidade ao valor da Bolsa Permanência, gerida pelo MEC, para estudantes que ingressaram via processo seletivo especial para indígenas e quilombolas.
O reitor eleito e pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Paulo Roberto Ferreira Júnior, lembrou ao coletivo que a UFPel enfrenta uma crise financeira sem precedentes, acumulou uma dívida de R$ 5 milhões no último ano e tem todo o seu orçamento comprometido, motivo pelo qual será preciso fazer cortes em outras áreas para atender à demanda apresentada. Apesar disso, destacou que a reivindicação é justa e que a decisão de atendê-la tem relação com a visão que a gestão tem de universidade e com o que pretende para o futuro da UFPel.
A coordenadora de Diversidade e Inclusão, Airi Sacco, reforçou que os estudantes indígenas e quilombolas são uma prioridade da gestão e que esse não é apenas um discurso. Enfatizou, também, que oferecer condições de permanência a esse grupo não é benéfico apenas aos estudantes e suas comunidades, mas principalmente para a UFPel, que cresce e se transforma com a diversidade.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rosane Brandão, saudou a luta do coletivo, que há muito tempo se mobiliza pela garantia de seus direitos. Reforçou, também, a importância da iniciativa de diálogo com a gestão. A reunião desta quarta-feira de noite já estava agendada desde a semana anterior, mas a manifestação dos estudantes foi muito valorizada pela gestão, que enfatizou a importância do movimento para dar visibilidade a um tema tão relevante e que vem sendo sistematicamente negligenciado pelo Governo Federal.
A reitora Isabela Andrade, que no início da reunião lamentou não ter podido estar na Universidade para receber o grupo na quarta-feira de manhã, disse que todos e todas são bem-vindos no gabinete e que a reitoria está sempre aberta para conversar com os estudantes, que são a razão de existir da Universidade. A reitora agradeceu pela oportunidade de escutar o grupo e garantiu que ouvir às falas dos estudantes reforçou sua convicção de que, mesmo em um cenário de tantas incertezas para as universidades públicas, equiparar as bolsas para garantir a permanência de indígenas e quilombolas foi uma decisão de gestão extremamente acertada.