
Por Júlia Timm Barcellos
Apesar do crescimento do número de pessoas contratadas sob regime empregatício CLT no município, o saldo líquido de empregos formais no comércio dos primeiros seis meses do ano teve queda em relação a esse mesmo período em 2022. Com saldo de 25 vagas em 2022, que leva em consideração admissões e desligamentos durante o período, o número esteve negativo em 114 no mesmo período deste ano.
Esse cenário de alta no número de demissões e baixa disponibilidade de vagas de emprego, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Pelotas (Sindilojas Pelotas), Renzo Antonioli, está ligado ao grande número de fechamento de estabelecimentos comerciais e empresas de prestação de serviço. Antonioli ainda afirma que o setor vem passando por dificuldades neste ano e que a situação é mais preocupante que a de 2022.
“Era para ter havido uma melhora em 2023, com praticamente a erradicação da COCID-19, mas não. Nós tivemos vários meses com resultados muito mais positivos no ano passado do que estamos vendo agora. Isso tem feito com que o número de fechamento de empresas e de postos de trabalho em 2023 seja maior que em 2022. (…) Nós temos, em certas áreas, mais de 30, 40 prédios para alugar, num raio de 50 a 100 metros. E, obviamente, que o fechamento dessas lojas causou a demissão dos funcionários”, relata o presidente do Sindilojas Pelotas.
Além da pandemia, outro fator que poderia estar influenciando nessa situação de instabilidade econômica dos setores terciários, de acordo com Antonioli, seria a polarização política à nível federal: “Essa inércia do governo federal em fazer as reformas, em falar claramente aquilo que vai acontecer com a economia, sempre traz preocupação para quem vai investir. Essas incertezas todas, a polarização da política, tudo isso assustou os consumidores e faz com que realmente haja uma retração no consumo, fazendo com que empresas e serviços fechem”, explica ele.
O presidente também comenta sobre a visão dos lojistas sobre as políticas estaduais ligadas ao setor: “Nós não estamos vendo uma recuperação econômica, não estamos vendo uma ação mais produtiva do governo no que diz respeito à economia, bem pelo contrário, é uma economia que está estagnada. Então, esse conjunto de fatores traz uma preocupação e inibe os investimentos”.
Quanto ao segundo semestre de 2023, Antonioli afirma não estar muito positivo sobre uma possível melhora. Ele justifica essa previsão devido ao ritmo estagnado dos setores até o momento, somado às incertezas políticas e econômicas, as quais classifica como questões fundamentais para o desenvolvimento econômico e, portanto, para a geração oportunidades de trabalho: “Esse conjunto de fatores está afetando o consumo e, por consequência, afetando o emprego, já que isso está ocorrendo no Estado e praticamente no Brasil como um todo”, conclui.