O final do primeiro semestre deste ano se destaca pelo término da restauração do Theatro Sete de Abril. Já o segundo semestre está reservado para a etapa de pequenos acabamentos, de acordo com o diretor Giorgio Ronna.
Alguns elementos que receberão atenção durante esse processo são: forração das paredes de camarote, finalização da iluminação interna do prédio, colocação das soquetes e finalização da rede elétrica. Além disso, no que se refere à etapa final, está destinada também a compra e instalação de mobiliários – poltronas da plateia e cadeiras de camarote.
Por fim, no final desse mesmo período, há planos relacionados à aquisição da caixa cênica, que abrange vestimentas cênicas, tecidos, sistemas de varas para iluminação e cenário. Com isso a expectativa é que o local seja inaugurado no início de 2023.
Mesmo em período de restauração, o Theatro Sete de Abril sediou atividades que valorizam a cultura, como a oficina realizada pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), intitulada O Circo e a Contemporaneidade, a gravação do show de Vitor Ramil, momento em que lançou seu disco – Avenida Angélica – e a gravação de um documentário produzido por alunos do curso de cinema da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). “Enquanto o Theatro não estiver finalizado para receber o público, a gente deixa ele ativo com esse tipo de atividade de valorização do espaço interno”, afirma o diretor.
Histórico e relevância cultural
Ronna afirma que o local foi mais que uma casa de espetáculos, pois desempenhou o papel de viabilizador de formação. Isso se deve ao fato de que, segundo ele, haviam “cursos e oficinas com nomes de relevância nacional: Augusto Boal, Fernanda Montenegro, Luiz Paulo Vasconcellos”. Essas ocasiões contribuíram para o estabelecimento de profissionais da área, assim como evidencia sua experiência. “Eu mesmo sou, digamos um filho do Theatro Sete de Abril, por que eu assisti a primeira edição do festival de teatro ali, em 1986, e decidi fazer teatro depois daquela experiência”, declara.
Nesse sentido, o espaço possui um histórico significativo, pois proporcionou aos seus usuários, no século XIX, absorver conhecimentos ímpares sobre as artes cênicas, visto que as companhias europeias vindas pela costa brasileira – Rio de Janeiro e São Paulo – com destino a Montevidéu e Buenos Aires faziam paradas em Pelotas com o objetivo de se apresentarem no Theatro.
Esse cenário propiciou um intercâmbio de ideias e práticas a nível estadual, nacional e internacional. “O festival de teatro ele recebia nas suas edições do final dos anos 80 e [início dos] anos 90 espetáculos do Uruguai, da Argentina, da Colômbia. Isso para a nossa geração foi muito importante, a gente ter contato com essas práticas”, enfatiza.
Atualmente, o espaço também se mantém como meio que propaga a prática teatral e reforça a formação. Duas edições de oficinas em parceria com o Sesc Dramaturgia ocorreram, durante a pandemia, com temas relacionados a escrita dramatúrgica e dramaturgia da iluminação.
O Theatro também conta com um núcleo de dramaturgia. Núcleos de atuação e performance, bem como de cenografia estão sendo planejados. “O Theatro terá esse papel de produção de conhecimento, de formação das novas gerações das artes cênicas, tanto no caráter técnico – de iluminação e cinegrafia -, quanto nos das artes cênicas propriamente ditas – de dança, circo e teatro”, afirma o diretor, que ainda externa a preocupação existente com a formação e o aperfeiçoamento profissional.
Em relação às atividades pretendidas, o Theatro estabelecerá uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação, focalizando o contato das crianças e jovens com o espaço cultural.
“A gente quer muito que a nova geração, que essas crianças e jovens, estejam presentes aqui no Theatro semanalmente, todos frequentando a programação artística do Theatro, tendo oportunidade de fazer cursos e conhecer como atuam, como se dirige e como se escreve teatro, como se trabalha com coreografia de dança contemporânea”, diz Ronna, que também salienta a intenção de que o Theatro Sete de Abril pertença a todas as regiões do município, estando aberto a todos os grupos de dança e teatro, primeiramente, das escolas municipais, de modo que até mesmo as famílias dos alunos possam entrar em contato com o espaço.
Por fim, o diretor afirma que o local trabalhará em prol do protagonismo das cenas locais. “O Theatro vai estar sempre de portas abertas para as diferentes cenas artísticas de Pelotas”, finaliza.