Escola Senac assina a gastronomia da Performance & Culinária dos Orixás

Primeira edição do evento foi realizada em 2022. (Foto: Arquivo/Francine Dias)

O curso de Gastronomia da Escola Senac Pelotas será responsável pelos pratos a serem servidos a partir das 20h do dia 22 deste mês (quarta-feira) na segunda edição da Performance & Culinária dos Orixás – idealizada pelo coreógrafo Daniel Amaro que será realizada na área interna do Mercado Central. Além das iguarias com referência a cinco orixás de religiões de matriz africana, o evento contará com música ao vivo a cargo do duo Dani e Dena e performances de dança com bailarinos da Companhia de Dança Afro Daniel Amaro.

Ingressos estão à venda pelo telefone/WhatsApp (53) 98136-0627 ou pela plataforma Sympla (https://www.sympla.com.br/evento/2-performance-culinaria-dos-orixas/2234910) a R$ 90 (em até 12 vezes). A realização é da Companhia e da Escola Senac Pelotas, com apoio da prefeitura via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Sebrae, Sesc, programa Em Pauta e Zé Neto Eventos.

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Professor de Gastronomia da Escola Senac e novamente o chef desta edição da 2ª Performance & Culinária dos Orixás, Edu Fonseca diz que vai contar com pelo menos 50 alunos a partir de segunda-feira (20) até o dia do evento, desde o pré-preparo à execução dos pratos. O menu completo envolve uma entrada, dois pratos principais e duas sobremesas – cada uma em referência a um orixá. A entrada será croquete de carne de panela, acompanhado de molho de pimenta e palmito. Homenagem a Bará, reconhecido por abrir caminhos e orixá regente de 2024. “A gente já começa pedindo as bênçãos dele, para que abra nossos caminhos e garanta uma boa jornada na vida de todo mundo”, afirma o chef. Segundo ele, a pimenta traz a luz e o fogo que Bará representa, enquanto o palmito foi a escolha para abrandar o calor e garantir bonanças.

Na sequência, a alusão é ao orixá Odé, caçador que na tradição da religião afro-brasileira representa Oxóssi quando jovem. É o primeiro prato principal da noite, que terá frango a passarinho (caça) acompanhado de pimenta mole (prosperidade) e rúcula e agrião (a mata onde o orixá vive); o segundo prato principal da noite homenageia Xangô, orixá da justiça e da misericórdia. “Para falar de Xangô vamos propor um prato bem emblemático, que é um amalá (pirão) de farinha de mandioca acompanhado de camarões empanados e quiabo”, informa o professor de Gastronomia.

O coréografo Daniel Amaro, o professor de Gastronomia da Escola Senac Pelotas, Edu Fonseca e ´Raquel Marasca, responsável pela equipe da sobremesa da 2ª Performance & Culinária dos Orixás, evento que será realizado dia 22 deste mês na área interna do Mercado Central. (Foto: Roberto Ribeiro/JTR)

A primeira sobremesa é ligada a Xapanã, Deus da doença e da cura e senhor da humildade. “Quem não é humilde não tem Xapanã no seu caminho”, adverte ele. Será servido então uma verrine de frutas vermelhas, uma das cores do orixá, além de um pralinet de amendoim acompanhado de um crocante de pipoca doce. O ritual gastronômico que ainda reúne música e dança termina com mãe Oyá “para evocar os bons ventos que ela pode nos trazer”, emenda o chef. Orixá feminino ligado à força da mulher, em nome de Oyá será servida a segunda sobremesa da noite, um carpaccio de manga, maçã e morangos, com musse de queijo e crocante de coco.

Além de professor de Gastronomia, Edu Fonseca é próximo das religiões de matriz africana, com vivência em terreiros, o que lhe valeu inclusive dissertação de mestrado em Educação pela UFPel em que trabalhou a culinária no âmbito da religião afro-brasileira. “Os pratos são construídos a partir do meu conhecimento, das buscas que eu faço, sempre consulto minha mãe de santo sobre os pratos que vou fazer para não agredir nem expor a religião, todos os pratos terão elementos, cores, sabores e texturas que vão representar a orixalidade deles, mas nenhum terá saído do quarto de santo, é uma criação artística dotada de muita fé e de muita pesquisa”, explica. E vai além: “Não vai ter a liturgia, não serão preparados dentro de uma casa de santo, num chão abençoado, mas numa cozinha institucional, uma alegoria.”

O coreógrafo Daniel Amaro concorda. “Não é um ato religioso, mas uma referência, é uma proposta artística, assim como na dança, teremos bailarinos negros apresentando cinco cenas de danças referentes a um orixá, é um evento artístico que une música, gastronomia e dança”, disse.

Segundo ele, esta segunda edição do evento está sendo trabalhada há pelo menos sete meses junto ao Senac, com pelo menos 50 pessoas envolvidas. Dentre esses, o elenco de bailarinos da trupe de dança afro, composta por Mayson Gonçalves, Ludmila Coutinho, Vivian Lemos, Erick Dias e Débora Mendes, além dos ogans Cléber Vieira, Wesley Veira e Alisson Soares. Coreografia e direção artística assinadas por Daniel Amaro. Na parte musical, Dani e Dena (voz, violão e ganzá) serão acompanhadas por Beto Alfaiate (surdo) e Emanuel Brizolara (pandeiro).

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